quinta-feira, 9 de julho de 2009

Uma oportunidade perdida

Apesar de aguns pontos bastantes positivos (a importância de alguns dos depoimentos recolhidos, o grau de preparação que alguns deputados denotando um trabalho aturado e a postura ireeprensível da sua Presidente), a comissão de inquérito ao BPN deixa um sabor amargo de oportunidade perdida pelo facto de se ter focalizado excessivamente no comportamento do supervisor e demasiado dirigido a duas pessoas Dias Loureiro e Vitor Constâncio. E quanto a mim foi pena porque ao centrar excessivamente o "debate" na discussão das acções (ou omissões) destas duas personalidades, acabou por se perder uma excelente oportunidade para avaliar o sistema de supervisão, de nodo a partindo da análise do caso em presença e sobretudo extrair conclusões relativamente às fragilidades do sistema e sobretudo retirar daí ilações quanto às alterações (seja de ordem legislativa, seja nos recursos empregues, seja, ainda, na atitude das entidades de supervisão) que seria desejável que fossem introduzidas de forma a prevenir futuros casos idênticos.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sobre modos de "fazer" política e a concessão Douro Litoral

Uma das coisas que sempre tive dificuldade em compreender nos debates parlamentares foi o hábito de acenar com "papeís" imputando declarações que os seus "adversários" terão proferido. Admito que constitua uma técnica eficaz e que nalguns casos se justifique mas, em geral, trata-se de uma forma de argumentação que empobrece o debate, pois além de muitas vezes o transformar num disse-que-disse-disse-que-não-disse desvalorizando os argumentos substantivos, não raras vezes as afirmações são completamente descontextualizadas distorcendo o seu sentido e como que recusam o direito de mudar de opinião. Claro que é possível questionar porque razão um político mudou de opinião e, obviamente, criticar as razões que eventualmente tenham justificado a alteração de posição, mas sempre me pareceu ridiculo criticar alguém só por ter mudado de opinião: além de alterações no contexto, todos (políticos inclusive) têm o direito de reflectir melhor sobre as questões e, naturalmente, de mudar de opinião, solução que me parece claramente preferível às de 1) teimosamente persistir em posições que intimamente reconhecemos erradas ou 2) recusar sequer reequacionar os argumentos. Mas o que se passou ontem na Assembleia da República quando o primeiro ministro invocou um despacho assinado por Ferreira Leite em 2004 tentando "co-responsabiliza-la" pela construção da polémica 3ª auto-estrada Lisboa-Porto ultrapassa quanto a mim os limites do debate político minimamente honesto constituindo um caso exemplar de mistificação faltando pura e simplesmente à verdade. Até pode ser que Ferreira Leite tivesse equacionado tal hipótese mas a verdade é que o despacho nada refere que possa permitir essa ilação e foi aliás o Secretário de Estado Paulo Campos quem por ocasião da adjudicação em 2007 considerou o seguinte: "Esta concessão tem por objectivo melhorar a mobilidade dos concelhos da Area Metropolitana do Porto, bem como nos concelhos de Oliveira de Azeméis e Paredes, descongestionando a circulação rodoviária em toda esta zona, já que será possível a deslocação entre as duas margens do rio Douro sem necessidade de atravessamento da cidade do Porto", concluindo adiante que "Com a concretização desta concessão completamos a rede de acessibilidades estruturantes na Área Metropolitana do Porto e na sua envolvente". Temos, pois, que, no mínimo, o primeiro-ministro não foi rigoroso com a verdade e que, pelo menos por uma vez, se justificava plenamente a intervenção do Paulo Rangel para tentar repor a verdade dos factos.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Uma "gaffe" fatal

Independentemente do valor da sua acção como Ministro da Economia, que seria assunto para outro post, o facto é que Manuel Pinho foi pródigo em "gaffes" (recordo a célebre referência aos salários baixos portugueses feita... na China, a declaração do fim da crise ou a recente publicidade à papa Maizena) e sempre revelou uma particular falta de habilidade quer nas suas declarações no Parlamento quer junto da comunicação social. Hoje cometeu mais um "excesso" que foi fatal e que poderia ter sido bastante prejudicial para o Governo e para o PS não tivesse sido a rápida e eficaz resposta do primeiro-ministro, que fez a única coisa que podia para limitar os danos: pedir imediatamente desculpas à Assembleia da República e, obviamente, aceitar o "pedido" de demissão do Ministro.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A entrevista do presidente da PT

Infelizmente não li a entrevista, mas parece que o actual presidente da PT veio recordar as tentativas do PSD de influenciar a linha editorial do DN e do JN. Embora não me pareça que fosse essa a sua intenção, dificilmente se poderia encontrar um caso capaz de ilustrar melhor os riscos reais de interferência política na linha editorial da TVI que a aquisição de uma percentagem significativa na Media Capital implicaria, independentemente de quem vier a formar Governo na sequência das próximas eleições legislativas, e justificar as declarações do Presidente da República sobre este caso.