sexta-feira, 21 de maio de 2010

A diferença entre a realidade e a percepção da realidade

Como estive ausente do país não pude (infelizmente) assitir à entrevista do primeiro-ministro de terça-feira na qual terá dito que o mundo (ou pelo menos a Europa) mudou em três semanas.

Como é sabido a questão da natureza da realidade uma das questões filosóficas mais profundas, e na verdade agimos não em função da realidade em si mas da percepção que temos dessa realidade, sendo um facto conhecido que o processo de percepção depende, por um lado, da nossa atenção e prestamos facilmente mais atenção aos elementos (informação) que nos motivam ou dão satisfação e, por outro lado, da interpretação que fazemnos desses elementos com base nos nossos modelos mentais.

Neste sentido, acredito sinceramente que (finalmente) o primeiro ministro não mentiu e que o mundo em que ele "vive" se alterou profundamente nas últimas semanas.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Isto já começa a ser ridículo

Os constantes avanços, e recuo-os e contradiçoes relativamente ao projecto do TGV, além de rdiculos revelam um estado de desorientaçao do Governo que me parece preocupante.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pedro Passos Coelho

É de saudar o comportamento de Pedro Passos Coelho caucionando a implementação de um conjunto de medidas que garantam uma redução do défice que era indispensável e premente.

Claro que a médio prazo estas medidas significam ceder espaço à direita (PP) e à esquerda (BE e PCP), com custos eleitorais que poderão vir a ser significativos. Teria sido certamente mais confortável para o PSD adoptar uma posição próxima do PP. Optou pelo caminho mais dificil, surgindo associado a um pacote de austeridade, mas que é também o que melhor defende o interesse nacional. 

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A deriva

Não que me surpreenda mas custa-me ver estes exercícios de acrobacia feitos por pessoas (supostamente) inteligentes na tentativa de defender o desnorte do Governo nas últimas semanas. 

É que não se pode falar propriamente de viagem quando o barco anda claramente à deriva.

Santos da casa não fazem milagres

Que diferença entre as declarações do primeiro-ministro e do Ministro das Obras Públicas que até 6.ª feira teimosamente contrariavam as vozes "medina-carreiristas" que chamavam a atenção para a gravidade da situação financeira e as decisão de "reavaliar" a construção da terceira travessia do Tejo e o novo aeroporto anunciada pelo primeiro-ministro na 6.ª feira após "contactos" com os seus homólogos europeus e o compromisso assumido de tomar medidas adicionais de contenção que poderão incluir o aumento de impostos.

Pessoalmente, hesito entre um certo alívio por os nossos governantes terem finalmente compreendido a seriedade da situação (mais vale tarde do que nunca) e a preocupação com as consequências de algumas decisões que entretanto foram assumidas e contratualizadas.

Serei o único a pensar que não faz sentido adjudicar e construir o TGV entre Poceirão e Caia (cujo contrato foi assinado no sábado) sem antes "reavaliar" a questão da terceira travessia do Tejo não faz qualquer sentido? Se a rentabilidade da linha Lisboa-Madrid ainda poderá ser discutível, penso que nem o mais optimista terá dúvidas quanto à (não) rentabilidade de uma linha Poceirão-Caia ou mesmo Poceirão-Madrid.

Numa das suas declarações, o ministro das obras públicas comparou a decisão de construção da linha Lisboa-Madrid a outras decisões históricas como a da construção da ponte 25 de Abril. Mas, perante a possibilidade de virmos a ter uma linha semi-construída, talvez a comparação com o Alqueva seja infelizmente a mais apropriada.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

As declarações de Vitor Constâncio

Numa altura em que algumas vozes (ver aquiaqui) consideram que não se justifica tanto "barulho" porque afinal o peso das grandes obras públicas nem é assim tão grande. Não me parece que seja particularmente útil a discussão de saber se 3,2 mil milhões de euros de investimento total para a linha Lisboa-Caia dos quais aparentemente apenas (!) cerca de 1,1 mil milhões de crédito comercial tem ou não um peso significativo (embora me pareça algo estranho que se façam as contas em percentagem do crédito já existente, o que tem o efeito curioso de que o esforço pareça tanto menor quanto maior o nível de endividamento já existente), as declarações de Vitor Constâncio constituem um facto político da maior relevância não só pelo aviso sério que representam mas também porque são (mais) um sinal do isolamento do Governo nesta matéria dos grandes projectos de investimento.

sábado, 1 de maio de 2010

A posição do Ministro das Finanças

Apesar dos desmentidos a verdade é que parece-me no mínimo estranho que depois do Ministro das Finanças ter dito que as obras públicas onde o Governo não assumiu compromissos com as empresas envolvidas, estão a ser estudadas pelo Executivo, com o objectivo de se centrar "nos projectos prioritários, de modo a podermos aliviar e reduzir o impacto financeiro”, o ministro das Obras Públicas e depois o primeiro-ministro se tenham apressado a afirmar que o Governo vai manter a política de obras públicas, incluindo os famosos grandes projectos de investimento.

Como também considero igualmente estranho que o Ministro das Finanças, embora traçando perspectiva favoráveis tenha dito que "Se necessário, [para atingir o défice de 8,3% do PIB, o Governo] tomará as iniciativas que forem necessárias”, o primeiro-ministro tenha garantido que não há aumento de IVA.

Independentemente de isso ter resultado da existência de desentendimentos reais ou de uma inabitual inépcia na gestão da comunicação do executivo, a imagem e credibilidade do Ministro das Finanças foi beliscada pois este episódio parece indicar que tem uma influência e peso políticos muito inferiores ao que seria expectável (e desejável) na conjuntura financeira delicada em que vivemos.