Uma das questões que tem surgido é a de saber se o candidato Manuel Alegre será (ou não) um cnadidato capaz de unir "a esquerda" contra a provável candidatura de "direita" personificada por Cavaco Silva.
Questão que parte do pressuposto de que o PS é um partido de "esquerda" e o PSD um partido de "direita", o que obviamente não corresponde à realidade dos factos. De facto a proximidade, mesmo no plano programático, entre o PS e o PSD é muitissimo superior à proximidade entre o PS e o BE ou o PCP.
Em Portugal não temos dois partidos de direita e três partidos de esquerda, mas sim um partido de direita (o CDS-PP), dois partidos de esquerda (o PCP e o BE) e dois partidos de centro do PS e o PSD que além do voto do centro (decisivo eleitoralmente) tendem a captar respectivamente os votos da esquerda e da direita moderadas, contendo assim o crescimento dos partidos situados nos extremos do espectro partidário. Neste quadro interessa obviamente ao PS apresentar-se como partido de esquerda e, só por isso e por razões de cálculo eleitoral, se justifica que embora preferisse obviamente um candidato mais "moderado" tenha sido forçado a conceder o seu apoio reticente a Manuel Alegre que se dirige à esquerda moderada.
Se a ideologia fosse a questão determinante, PS e PSD deveriam apoiar o mesmo candidato presidencial que seria naturalmente Cavaco Silva e teriamos provavelmente duas candidaturas à esquerda, promovidas pelo BE e pelo PCP, e uma candidatura de direita que como ficou claro com as mnovimentações após o não veto da lei do casamento das pessoas do mesmo sexo não se sente (pelo menos inteiramente) representada por Cavaco Silva.
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