Apesar dos desmentidos a verdade é que parece-me no mínimo estranho que depois do Ministro das Finanças ter dito que as obras públicas onde o Governo não assumiu compromissos com as empresas envolvidas, estão a ser estudadas pelo Executivo, com o objectivo de se centrar "nos projectos prioritários, de modo a podermos aliviar e reduzir o impacto financeiro”, o ministro das Obras Públicas e depois o primeiro-ministro se tenham apressado a afirmar que o Governo vai manter a política de obras públicas, incluindo os famosos grandes projectos de investimento.
Como também considero igualmente estranho que o Ministro das Finanças, embora traçando perspectiva favoráveis tenha dito que "Se necessário, [para atingir o défice de 8,3% do PIB, o Governo] tomará as iniciativas que forem necessárias”, o primeiro-ministro tenha garantido que não há aumento de IVA.
Independentemente de isso ter resultado da existência de desentendimentos reais ou de uma inabitual inépcia na gestão da comunicação do executivo, a imagem e credibilidade do Ministro das Finanças foi beliscada pois este episódio parece indicar que tem uma influência e peso políticos muito inferiores ao que seria expectável (e desejável) na conjuntura financeira delicada em que vivemos.
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