Alguns posts atrás escrevi aqui que a redução das deduções fiscais em IRS fazia parte do Programa de Governo. Escrevi-o na sequência da declaração do nosso Primeiro-Ministro de que "Compreendo que os outros partidos pensem de forma diferente, mas aquilo que propusemos no PEC está escrito no nosso Programa de Governo, sempre esteve anunciado nas nossas intenções ao longo de toda a campanha eleitoral e visa mais uma vez dar mais justiça ao nosso sistema fiscal" e porque sinceramente me lembrava de existir uma referência às deduções no IRS nos Programas eleitorais do PS e de Governo.
A verdade é que tudo isto não passa de uma enorme e absoluta "distorção" da verdade. O que efectivamente consta do Programa de Governo é "Reformar o IRS, mantendo a estabilidade da receita fiscal, tendo nomeadamente como objectivo redistribuir as deduções e benefícios fiscais, num modelo progressivo em favor das classes médias", o que é obviamente algo de completamente distinto pois não apenas é muito discutível que uma medida que vai aumentar a carga fiscal de cerca de 1,5 milhões de agregados familiares possa deixar de afectar negativamente a "classe média" como é absolutamente evidente que não está agora em causa qualquer forma de redistribuição da carga fiscal.
Não está em causa a medida em si. O primeiro-ministro poderia perfeitamente ter assumido que perante o cenário internacional actual se tratava de uma medida indispensável, mas não o fez, preferindo refugiar-se numa mentira que reafirmou repetidamente, mostrando bem que não se tratou de algum eventual e desculpável lapso, talvez confiando que uma mentira muitas vezes repetida possa ser tomada como uma verdade. E a verdade é que até eu, que me considero razoavelmente informado, me deixei, nesse primeiro momento, iludir pelas afimações do primeiro-ministro, o que bem revela o poder da mentira.
Embora tenha as minhas convicções pessoais, não sei se Sócrates mentiu ou não ao Parlamento sobre o caso PT / TVI, mas uma coisa é absolutamente insofismável: o primeiro-ministro mentiu deliberada e descaradamente a todos os portugueses quer na comunicação que fez ao país no dia 8 de Março de 2010 e nas declarações posteriores sobre o tema da limitação dos benefícios fiscais do IRS, dando razão a todos aqueles que o acusam de ser um mentiroso e um "aldrabão de feira".
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