Numa cimeira em que rejeitaram uma vez mais quer a proposta de emissão de eurobonds (solução que levantaria muitos problemas que parecem, pelo menos nas circusntâncias actuais, como dificilmente ultrapassáveis) quer a ideia (mais razoável) de reforço dos recursos à disposição do FEEF, o presidente francês e a chanceler alemã vieram retomar pela enésima vez propostas que já foram por diversas vezes sendo aventadas: i) a inclusão obrigatória (?) de regras orçamentais nas constituições dos países da zona euro, ii) a criação de um "governo económico europeu" e iii) a criação de uma taxa sobre as transacções financeiras, medidas que deverão ser tomadas até ao fim do Verão de 2012.
Apesar da ausência de detalhes sobre qualquer das propostas - não é claro nem o conteúdo das regras orçamentais a incluir nas constituições, nem a forma como os países serão "obrigados" a incluir tais regras, nem muito menos o que sucederá se (quando) como é previsível essas regras não sejam cumpridas, como também não são claras as competências do "governo económico europeu" nem o formato e destino das receitas que essa taxa irá gerar - que impedem uma avaliação do respectivo alcance, tratam-se de medidas que pouco (ou nada) contribuem para a solução da crise das dívidas soberanas, deixando aparentemente exclusivamente a cargo do BCE (que tem estado bastante activo a comprar títulos espanhóis e italianos) a função de evitar que a "crise das dívidas soberanas" alastre. Uma estratégia de esperar que os problemas se resolvam por si próprios que dificilmente será sustentável, particularmente num contexto em que se está a assistir a um abrandamento do crescimento económico na Europa que tenderá a dificultar o "reequilíbrio" das situações orçamentais e a colocar pressão adicional sobre os mercados e o sistema financeiro.
Neste contexto, apesar de negativa, a reacção dos mercados (ajudada por notícias positivas do outro lado do Atlântico e pelo sucesso do leilão de bilhetes do Tesouro em Espanha) pode considerar-se como relativamente benevolente. Resta saber até quando durará o interregno de alguma acalmia - depois da forte turbulência das duas semanas anteriores - dos mercados financeiros.
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