Muitas análises tem sido feitas sobre a violência da última semana no Reino Unido, mas realçava dois textos.
O primeiro de José Manuel Fernandes (publicado no Público de ontem) que nos recorda a fragilidade da "ordem social":
"(...) o contrato social que nos permite viver em comunidade radica no facto simples de a maioria das pessoas saber distinguri o que é correcto e o que é errado fazer. Vivemos em paz não porque há muitos polícias a vigiar-nos, mas porque desde pequenos somos ensinados a distinguir o bem do mal. Se não existir um sentido moral nas nossas regras de vida em comum não haverá ordem nas nossas cidades. Quando muito haverá repressão. (...)"
O segundo de Paulo Valrela Gomes que no Público de hoje escreve:
"Não compro nem por um segundo a teoria de que os motins em Inglaterra são causados pela actual crise financeira e económica do Ocidente. Motins deste género e com esta dimensão não constituem novidade nenhuma em Inglaterra e também já os vimos em França, nos EUA, em todas as épocas e situações, em todos os regimes: é a canalha ou escumalha (como preferirem). Roubam e incendeiam porque podem. Yes, they can.
Entrentanto há alguma relação entre os motins e a crise. (...) Em primeiro lugar, a canalha inglesa (...) pode ter sido estimulada pelas acções dos anarquistas na Grécia e noutros lugares e pelas dos estudantes na própria Inglatera. Bem entendido, estas acções não são do mesmo género e não têm as mesmas causas. São política, não são ladroagem. Os anarquistas, chamemos-lhes assim à falta de melhor termo, atacam a polícia, agências bancárias, organismos do Estado. (...) [Enquantto que no Reino Unido] quem sofreu os incêndios e os roubos não é rico e quem queimou e roubou não está contra os ricos, só quer trer mais umas sapatilhas ou um plasma. (...)
Em segundo lugar (...) A canalha prestou um grande serviço aos governos da crise. Quem eles verdadeiramente temem, os trabalhadores e a classe média, vão hesitar em sair ameaçadoramente à rua, porque não querem ser confundidos com a canalha.
Finbalmente, (...) Ninguém hoje confere voz e aponta um caminho aos trabalhadores e à classe média em derrocada. Os partidos de esquerda fazem pena: (...) balbuceiam umas patetices politicamente correctas (...) A esquerda de hoje não serve para nada e não tem nada a propor. A consequência deste facto é que estamos entregues aos anarquistas - que não podem ir muito longe - e aos actos da canalha (...)"
PS: Sobre o tema ver também estes três posts (aqui, aqui e aqui) de Priscila Rêgo no Douta Ignorância.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário