Paulo Rangel conseguiu, com maestria, um dos seus grandes objectivos pós-eleições europeias. Como é óbvio ao referir-se da forma que se referiu sobre a legitimidade do Governo para tomar decisões em matéria de grandes projectos de investimento o PSD trouxe essa questão para o centro da agenda política e transfromou as posições dos diversos partidos acerca dos grandes projectos de investimento e, em particular, do TGV num dos temas fulcrais das próximas eleições legislativas que correm o sério "risco" de se tornar pouco mais do que um referendo acerca destas obras.
E, neste contexto, não pode deixar de se realçar a importância política do "Apelo à reavaliação dos grandes investimentos públicos" ontem divulgado subscrito por 28 economistas, principalmente pelo facto de entre esses os subscritores se contarem várias personalidades da área do Partido Socialista e que inclusive foram Ministros em governos socialistas como sejam Augusto Mateus, Daniel Bessa, Silva Lopes ou Campos e Cunha.
Ora, para centrar a questão apenas no TGV, nesse apelo refere-se o seguinte: "Os estudos parcelares disponibilizados sobre a sua rentabilidade económica e social (mesmo se baseados em pressupostos optimistas) mostram que a sua contribuição previsível para a eficiência económica do país é muito diminuta, e pode até ser amplamente negativa em termos de Rendimento Nacional. E que têm elevados custos de oportunidade, no que toca aos fundos públicos, aos apoios da UE e aos financiamentos do Banco Europeu de Investimentos (dívida externa). Por outro lado, tais estudos também evidenciam que existe uma probabilidade elevada de que pelo menos na primeira década de exploração não existirá procura suficiente para a rentabilização económica e social de tão pesados investimentos. Irão originar, por conseguinte, prejuízos de exploração significativos, a serem suportados pelos contribuintes (em função do modelo das parcerias público-privadas em que o risco de exploração fica essencialmente do lado do Estado e não dos privados)."
Com este apelo tornaram-se ainda mais acrescidas as dificuldades para o PS/Governo convencerem o eleitorado da bondade dos projectos em causa o que não deixará de condicionar a campanha eleitoral.
sábado, 20 de junho de 2009
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Tanto quanto sabemos o sistema bancário é sólido
O Governador do Banco de Portugal podia ter assumido que o sistema falhou na medida em que não foi capaz de descobrir as falhas e sugerir umas quantas alterações ao sistema que "garantissem" que tal não voltaria a suceder. Mas optou pela via mais dificil: defender que não houve "falhas" de supervisão.
E estou convicto de que a acção do Banco de Portugal não terá sido muito diferente daquela que teria sido a actuação das entidades de supervisão suas congéneres e certamente que não será realista supor que o Banco de Portugal descobrisse todas e quaisquer "fraudes". O que significa que da próxima vez que o Sr. Governador disser que "O sistema bancário português é sólido" deveremos interpretar no sentido de que "Tanto quanto sei o sistema bancário é sólido, mas não esqueçam que pode haver muitas coisas que eu não só não sei como não tenho forma de saber". E o problema é que como o Sr. Governador muito bem esclareceu o sistema bancário é por inerência frágil e está dependente da confiança e não sei se esta visão, humilde e provavelmente realista, é indutora dessa confiança no sistema financeiro.
E estou convicto de que a acção do Banco de Portugal não terá sido muito diferente daquela que teria sido a actuação das entidades de supervisão suas congéneres e certamente que não será realista supor que o Banco de Portugal descobrisse todas e quaisquer "fraudes". O que significa que da próxima vez que o Sr. Governador disser que "O sistema bancário português é sólido" deveremos interpretar no sentido de que "Tanto quanto sei o sistema bancário é sólido, mas não esqueçam que pode haver muitas coisas que eu não só não sei como não tenho forma de saber". E o problema é que como o Sr. Governador muito bem esclareceu o sistema bancário é por inerência frágil e está dependente da confiança e não sei se esta visão, humilde e provavelmente realista, é indutora dessa confiança no sistema financeiro.
sábado, 13 de junho de 2009
Ahmadinejad declarado vencedor
De acordo com o Público, a Comissão Eleitoral Iraniana declarou que o actual presidente Ahmadinejad do Irão terá obtido 64% dos votos, nas eleições de ontem. Ao que parece o principal opositor, Mir-Hossein Mousavi, que de acordo com os resultados oficiais obteve 32% considerou existir "violações óbvias" e apresentou um protesto, mas desconfio que isso não deverá impedir a reeleição de Ahmadinejad, frustrando as expectativas dos que acreditavam na possibilidade de uma evolução positiva do regime e de uma posição construtiva do Irão para a construção da estabilidade daquela importante zona do globo.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Casamento de pessoas do mesmo sexo
Se fosse chamado a votar naturalmente que votava a favor da alteração da lei para permitir o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, mas confesso que não é tema que me entusiasme. Do ponto de vista dos direitos civicos objectivos o mesmo efeito poderia (e em grande medida já pode ser) alcançado através de figuras alternativas que reconheçam juridicamente direitos e deveres dos co-parceiros, com a vantagem de evitar o acentuar de querelas e divisões na sociedade portuguesa, pelo que a vantagem de uma eventual alteração da lei seria sobretudo de natureza simbólica. Ora, tenho muitas dúvidas que uma alteração da lei possa contribuir para uma alteração positiva das mentalidades da sociedade e, sobretudo, das famílias.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Francisco Loucã que não se iluda
Francisco Louçã avisou ontem Ferreira Leite e José Sócrates que não se devem iludir com os resultados eleitorais, mas corre o sério risco de se iludir, ele próprio, com os resultados de ontem.
E não digo isto não só porque na mesma noite em que disse que o PSD (que obteve 31,7% dos votos, 8 mandatos e quase mais 200 mil votos que o PS) não se deve iludir argumentando que este “teve pouco mais do que a percentagem obtida na derrota histórica de Santana Lopes”, o BE (com 10,7% dos votos, 3 mandatos e apenas mais 2.500 votos do que a CDU) se ter congratulado pela sua “vitória histórica”, o que só por si bastaria para revelar o longo caminho que ainda resta ao BE para se afirmar como “verdadeira alternativa socialista”.
Digo-o, porque os resultados revelam que as eleições de ontem constituíram uma vitória para o PSD e o PP que atingiram no seu conjunto os 40%, o que significa que uma hipotética coligação destes partidos poderá não andar muito longe da maioria absoluta e, mais importante, é uma marca superior à obtida pelo PS+BE.
Uma leitura política desapaixonada destes resultados indica que mais do que uma derrota do candidato do PS ou do seu secretário-geral e primeiro-ministro assistimos ontem ao fracasso de uma estratégia político-eleitoral ensaiada pelo PS, em que, menosprezando a possibilidade de recuperação do PSD e a importância do centro político, houve uma opção por tentar conquistar (ou pelo menos conter as perdas) votos à esquerda, numa tentativa de manter a actual maioria absoluta parlamentar.
É certo que o candidato não ajudou, mas a dimensão da derrota registada indica que mesmo com outro candidato esta estratégia não teria funcionado, pois não só não evitou o crescimento do BE (embora admito que o possa ter contido ligeiramente) como implicou uma muito importante hemorragia de votos para a abstenção, brancos/nulos e para os “partidos da direita” que, repetindo-se nas legislativas, colocam em sério risco a própria vitória do PS nas eleições legislativas. Os resultados de ontem mostram que os poucos (e dificilmente conquistados) ganhos que o PS possa obter no eleitorado “de esquerda” serão sempre claramente superados pelas perdas no “centro”.
A conclusão política é óbvia: se o PS não quiser perder as próximas eleições legislativas terá que voltar a ocupar o centro político, afastando-se das posições bloquistas. Por muito que custe ao BE, a opção por uma “verdadeira alternativa socialista” continua a ser claramente minoritária no país, o destino da governação joga-se no centro e se o PS não quiser ou não for capaz de, no pouco tempo que lhe resta, de reocupar o centro politico, o PSD será, apesar de todas as suas manifestas fragilidades, o provável vencedor das legislativas.
Por isso, Louçã que não se iluda: quem “ganhou” ontem as eleições não foi a esquerda, foi o centro.
(Nota: Post também publicado em http://www.pnetpolitica.pt)
E não digo isto não só porque na mesma noite em que disse que o PSD (que obteve 31,7% dos votos, 8 mandatos e quase mais 200 mil votos que o PS) não se deve iludir argumentando que este “teve pouco mais do que a percentagem obtida na derrota histórica de Santana Lopes”, o BE (com 10,7% dos votos, 3 mandatos e apenas mais 2.500 votos do que a CDU) se ter congratulado pela sua “vitória histórica”, o que só por si bastaria para revelar o longo caminho que ainda resta ao BE para se afirmar como “verdadeira alternativa socialista”.
Digo-o, porque os resultados revelam que as eleições de ontem constituíram uma vitória para o PSD e o PP que atingiram no seu conjunto os 40%, o que significa que uma hipotética coligação destes partidos poderá não andar muito longe da maioria absoluta e, mais importante, é uma marca superior à obtida pelo PS+BE.
Uma leitura política desapaixonada destes resultados indica que mais do que uma derrota do candidato do PS ou do seu secretário-geral e primeiro-ministro assistimos ontem ao fracasso de uma estratégia político-eleitoral ensaiada pelo PS, em que, menosprezando a possibilidade de recuperação do PSD e a importância do centro político, houve uma opção por tentar conquistar (ou pelo menos conter as perdas) votos à esquerda, numa tentativa de manter a actual maioria absoluta parlamentar.
É certo que o candidato não ajudou, mas a dimensão da derrota registada indica que mesmo com outro candidato esta estratégia não teria funcionado, pois não só não evitou o crescimento do BE (embora admito que o possa ter contido ligeiramente) como implicou uma muito importante hemorragia de votos para a abstenção, brancos/nulos e para os “partidos da direita” que, repetindo-se nas legislativas, colocam em sério risco a própria vitória do PS nas eleições legislativas. Os resultados de ontem mostram que os poucos (e dificilmente conquistados) ganhos que o PS possa obter no eleitorado “de esquerda” serão sempre claramente superados pelas perdas no “centro”.
A conclusão política é óbvia: se o PS não quiser perder as próximas eleições legislativas terá que voltar a ocupar o centro político, afastando-se das posições bloquistas. Por muito que custe ao BE, a opção por uma “verdadeira alternativa socialista” continua a ser claramente minoritária no país, o destino da governação joga-se no centro e se o PS não quiser ou não for capaz de, no pouco tempo que lhe resta, de reocupar o centro politico, o PSD será, apesar de todas as suas manifestas fragilidades, o provável vencedor das legislativas.
Por isso, Louçã que não se iluda: quem “ganhou” ontem as eleições não foi a esquerda, foi o centro.
(Nota: Post também publicado em http://www.pnetpolitica.pt)
domingo, 7 de junho de 2009
Resultados eleitorais
O primeiro facto relevante, mas que não surpreendeu, foi na noite das eleições ninguém ter falado de Europeias e todos tenham falado das próximas legislativas criando a estranha sensação de que estas eleições foram apenas um ensaio para as "verdadeiras" eleições que irão ocorrer no Outono, dando assim justificação aos mais de 62,5% (quase 6 milhões) dos eleitores que apesar do tempo estar mais propício para eleições decidiram guardar o seu voto para quando este seja realmente importante enquanto a maioria dos outros 3,5 milhões foi votar nos partidos que apoia (ou castigar os que julga merecerem punição) fingindo estar a votar nos deputados que os irão "representar" (?) no Parlamento Europeu.
O segundo elemento mais significativo foi obviamente a dimensão da derrota eleitoral do PS. Não só não ganhou as eleições (o que era o seu objectivo proclamado) como a diferença para o PSD é superior a 5% e teve uma votação inferior à soma do BE-CDU-PP que em conjunto alcançaram 29,8%. Foi uma clara vitória de "toda" a oposição. Em primeiro lugar do PSD que ganhou as eleições em número de votos e mandatos, mas também do BE que consolida a sua posição na esquerda e que pode vir a desempenhar um papel decisivo na questão da "governabilidade" (o que justifica toda aquela festa apesar de ter tido pouco mais de um terço dos obtidos pelo PSD aquando da sua derrota histórica), da CDU e do PP.
O facto de toda a oposição ter ganho, da abstenção ter atingido 62,5%, dos "votos brancos" terem ascendido a 164.789 (4,64%) e os nulos 71.118 (2,0%), significam que tudo pode acontecer nas próximas legislativas. Os próximos meses dirão se PS vai ganhar claramente as eleições (embora a maioria absoluta seja muito dificil), ter um resultado sofrível ou sofrer uma derrota arrasadora. E permitam-me que discorde dos que dizem que o resultado confirma o PSD como alternativa. O "país" (ou melhor uma parte do país) sente que precisa de uma alternativa e, até por hábito, olha para o PSD em busca dessa alternativa, mas isso não significa que o eleitorado veja já o PSD como essa alternativa. Para ganhar as eleições legislativas e eventualmente poder voltar ao Governo o PSD terá que ser capaz de demonstrar que é capaz de construir essa alternativa.
O segundo elemento mais significativo foi obviamente a dimensão da derrota eleitoral do PS. Não só não ganhou as eleições (o que era o seu objectivo proclamado) como a diferença para o PSD é superior a 5% e teve uma votação inferior à soma do BE-CDU-PP que em conjunto alcançaram 29,8%. Foi uma clara vitória de "toda" a oposição. Em primeiro lugar do PSD que ganhou as eleições em número de votos e mandatos, mas também do BE que consolida a sua posição na esquerda e que pode vir a desempenhar um papel decisivo na questão da "governabilidade" (o que justifica toda aquela festa apesar de ter tido pouco mais de um terço dos obtidos pelo PSD aquando da sua derrota histórica), da CDU e do PP.
O facto de toda a oposição ter ganho, da abstenção ter atingido 62,5%, dos "votos brancos" terem ascendido a 164.789 (4,64%) e os nulos 71.118 (2,0%), significam que tudo pode acontecer nas próximas legislativas. Os próximos meses dirão se PS vai ganhar claramente as eleições (embora a maioria absoluta seja muito dificil), ter um resultado sofrível ou sofrer uma derrota arrasadora. E permitam-me que discorde dos que dizem que o resultado confirma o PSD como alternativa. O "país" (ou melhor uma parte do país) sente que precisa de uma alternativa e, até por hábito, olha para o PSD em busca dessa alternativa, mas isso não significa que o eleitorado veja já o PSD como essa alternativa. Para ganhar as eleições legislativas e eventualmente poder voltar ao Governo o PSD terá que ser capaz de demonstrar que é capaz de construir essa alternativa.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Um balanço da campanha para as Europeias
Desde os cartazes e slogans de campanha aos “debates” foi, infelizmente, uma campanha muito pouco conseguida. Inicialmente, alguns candidatos tinham prometido falar de temas europeus (o que fazia todo o sentido) e outros de temas nacionais (o que também se compreende). Infelizmente, uns e outros falharam rotundamente e acabou por se falar pouco (ou nada) de temas nacionais ou europeus tendo a campanha se centrado na discussão de “casos”.
PS – Vital Moreira foi um candidato recebido com expectativa porque era um “independente”, um académico e um europeísta, mas também porque potencialmente seria um candidato que permitiria abrir o partido à esquerda. Mesmo descontando as “gaffes”, os resultados terão ficado certamente aquém das expectativas: fez uma campanha centrada no “Portugal positivo” assumindo uma posição de defesa “radical” das políticas e posições do Governo, prometeu uma campanha centrada nos temas europeus e acabou a falar na “roubalheira do BPN” (o único tema europeu lançado terá sido a ideia infeliz – porque impraticável – do “imposto europeu”). Pior do que isso o tom utilizado terá contribuído para uma muito pouco desejável crispação do debate político. Ontem terá considerado que a sua campanha acabou em crescendo, mas as sondagens parecem indicar outra coisa e no que me diz respeito estou convencido que mais uns dias de campanha e Vital Moreira conseguia convencer-me a votar… no PSD.
PSD – A vantagem das expectativas à partida serem tão baixas é que se torna muito mais fácil superá-las, transformando uma campanha relativamente pobre num relativo sucesso. Paulo Rangel foi uma excelente aposta para esta hora difícil: revelou-se combativo, a comparação com os restantes candidatos disfarçou alguns pequenos excessos de linguagem e soube explorar muito bem as falhas da candidatura socialista e aproveitar a dupla qualidade de cabeça de lista e porta-voz do PSD para dar uma grande visibilidade à sua campanha. Os aspectos negativos foram o ter dado excessivamente a ideia de campanha de um “homem só” e sobretudo o deserto de substância da campanha social democrata.
PCP – Uma campanha à imagem do partido. Bem organizada e consistente, mas sem propostas ou ideias novas.
BE – Perdoem-me os meus amigos bloquistas mas em termos de imaginação e a criatividade esta campanha esteve muitos furos abaixo daquelas que o tornaram um partido “diferente” (talvez seja a possível proximidade do poder) o que expôs de forma confrangedora a demagogia e o populismo que caracteriza as suas propostas politicas.
CDS/PP – Foi uma campanha discreta (talvez penalizada por poucos recursos) mas bem conseguida. Apostou claramente em trazer para a campanha algumas questões nacionais que interessam a segmentos específicos do eleitorado (nomeadamente, os agricultores) e soube capitalizar muito bem o capital de simpatia que a exposição pública no caso BPN deu ao seu cabeça de lista.
Para quem esteja a interrogar-se em quem vou votar informo que já decidi que desta vez o meu voto será em branco.
PS – Vital Moreira foi um candidato recebido com expectativa porque era um “independente”, um académico e um europeísta, mas também porque potencialmente seria um candidato que permitiria abrir o partido à esquerda. Mesmo descontando as “gaffes”, os resultados terão ficado certamente aquém das expectativas: fez uma campanha centrada no “Portugal positivo” assumindo uma posição de defesa “radical” das políticas e posições do Governo, prometeu uma campanha centrada nos temas europeus e acabou a falar na “roubalheira do BPN” (o único tema europeu lançado terá sido a ideia infeliz – porque impraticável – do “imposto europeu”). Pior do que isso o tom utilizado terá contribuído para uma muito pouco desejável crispação do debate político. Ontem terá considerado que a sua campanha acabou em crescendo, mas as sondagens parecem indicar outra coisa e no que me diz respeito estou convencido que mais uns dias de campanha e Vital Moreira conseguia convencer-me a votar… no PSD.
PSD – A vantagem das expectativas à partida serem tão baixas é que se torna muito mais fácil superá-las, transformando uma campanha relativamente pobre num relativo sucesso. Paulo Rangel foi uma excelente aposta para esta hora difícil: revelou-se combativo, a comparação com os restantes candidatos disfarçou alguns pequenos excessos de linguagem e soube explorar muito bem as falhas da candidatura socialista e aproveitar a dupla qualidade de cabeça de lista e porta-voz do PSD para dar uma grande visibilidade à sua campanha. Os aspectos negativos foram o ter dado excessivamente a ideia de campanha de um “homem só” e sobretudo o deserto de substância da campanha social democrata.
PCP – Uma campanha à imagem do partido. Bem organizada e consistente, mas sem propostas ou ideias novas.
BE – Perdoem-me os meus amigos bloquistas mas em termos de imaginação e a criatividade esta campanha esteve muitos furos abaixo daquelas que o tornaram um partido “diferente” (talvez seja a possível proximidade do poder) o que expôs de forma confrangedora a demagogia e o populismo que caracteriza as suas propostas politicas.
CDS/PP – Foi uma campanha discreta (talvez penalizada por poucos recursos) mas bem conseguida. Apostou claramente em trazer para a campanha algumas questões nacionais que interessam a segmentos específicos do eleitorado (nomeadamente, os agricultores) e soube capitalizar muito bem o capital de simpatia que a exposição pública no caso BPN deu ao seu cabeça de lista.
Para quem esteja a interrogar-se em quem vou votar informo que já decidi que desta vez o meu voto será em branco.
Escondido na garagem
Já se tornou um facto quase quotidiano ver governantes a sair pelos “fundos”, fugindo dos “populares” e ainda há poucos dias assisti a algo que não tinha imaginado ser possível: um magistrado prestar declarações (infelizes) a um canal de televisão sem revelar o rosto. Apesar disso, não deixou de ser caricato ver o Ministro das Finanças “esconder-se” numa garagem para não enfrentar um punhado de clientes do BPP e ver o mesmo Ministro ser forçado a falar com eles.
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