sábado, 20 de junho de 2009

As eleições e o TGV

Paulo Rangel conseguiu, com maestria, um dos seus grandes objectivos pós-eleições europeias. Como é óbvio ao referir-se da forma que se referiu sobre a legitimidade do Governo para tomar decisões em matéria de grandes projectos de investimento o PSD trouxe essa questão para o centro da agenda política e transfromou as posições dos diversos partidos acerca dos grandes projectos de investimento e, em particular, do TGV num dos temas fulcrais das próximas eleições legislativas que correm o sério "risco" de se tornar pouco mais do que um referendo acerca destas obras.
E, neste contexto, não pode deixar de se realçar a importância política do "Apelo à reavaliação dos grandes investimentos públicos" ontem divulgado subscrito por 28 economistas, principalmente pelo facto de entre esses os subscritores se contarem várias personalidades da área do Partido Socialista e que inclusive foram Ministros em governos socialistas como sejam Augusto Mateus, Daniel Bessa, Silva Lopes ou Campos e Cunha.
Ora, para centrar a questão apenas no TGV, nesse apelo refere-se o seguinte: "Os estudos parcelares disponibilizados sobre a sua rentabilidade económica e social (mesmo se baseados em pressupostos optimistas) mostram que a sua contribuição previsível para a eficiência económica do país é muito diminuta, e pode até ser amplamente negativa em termos de Rendimento Nacional. E que têm elevados custos de oportunidade, no que toca aos fundos públicos, aos apoios da UE e aos financiamentos do Banco Europeu de Investimentos (dívida externa). Por outro lado, tais estudos também evidenciam que existe uma probabilidade elevada de que pelo menos na primeira década de exploração não existirá procura suficiente para a rentabilização económica e social de tão pesados investimentos. Irão originar, por conseguinte, prejuízos de exploração significativos, a serem suportados pelos contribuintes (em função do modelo das parcerias público-privadas em que o risco de exploração fica essencialmente do lado do Estado e não dos privados)."
Com este apelo tornaram-se ainda mais acrescidas as dificuldades para o PS/Governo convencerem o eleitorado da bondade dos projectos em causa o que não deixará de condicionar a campanha eleitoral.

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