No geral considero que o discurso do Sr. Presidente da República ontem proferido constitui uma excelente intervenção que merece ser lida na integra e que expõe de forma muito clara o pensamento do Presidente da República que assenta em dois pilares: a) Na sua convicção de que a economia portuguesa enfrenta desafios conjunturais e estruturais muito sérios que elenca claramente: excessivo endividamento externo, finanças públicas deficitárias, baixa produtividade, debilidade face à concorrência externa e divergência persistente face à média europeia e que não devem ser agravados pela resposta à crise; e b) A necessidade de políticas de curto prazo que estabilizem o sector financeiro e de reforço dos apoios sociais.
Aparentemente são dois pontos consensuais relativamente aos quais não haverá divergências com o Governo bem com a generalidade das forças políticas (excepto eventualmente na parte em que diz respeito do défice público) a questão está em que são em certa medida contraditórios e na forma como se procuram compatibilizar. E quanto a mim é neste ponto que a mensagem que o Presidente é particularmente importante ao realçar dois aspectos que quanto mim serão cruciais quanto à forma como Portugal irá sair da actual crise e que são, em primeiro lugar, a necessidade de evitar a tentação de "intervencionismos populistas ou voluntarismos sem sentido" (que pode ser interpretada como uma mensagem para as iniciativas do nosso mui laborioso Ministro da Economia) e a criação de um excessivo proteccionismo empresarial e, em segundo lugar, a necessidade de gerir rigorasamente os recursos nacionais escassos, nomeadamente públicos, o que se relaciona com o ponto anterior mas também, por exemplo, uma selecção criteriosa do investimento público. Seria uma pena que estas importantes mensagens que merecem a maior atenção dos políticos e da sociedade se perdessem no ruído mediático.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário