sábado, 12 de dezembro de 2009

A Doutrina Obama

O discurso de Obama na cerimónia de atribuição do prémio nobel da paz constitu um documento significativo para a definição daquilo que poderemos designar como a doutrina de intervenção externa da actual administração dos EUA que, diga-se de passagem, não difere muito da prosseguida pelos seus predecessores.

Em primeiro lugar Obama afirmou claramente a necessidade de intervenção armada ("make no mistake: Evil does exist in the world. A non-violent movement could not have halted Hitler's armies. Negotiations cannot convince al Qaeda's leaders to lay down their arms") e que os EUA não abdicam das suas reponsabilidades como única superpotência militar na preservação de um estado de "pax americana", recordando que "it was not simply international institutions - not just treaties and declarations - that brought stability to a post-World War II world. Whatever mistakes we have made, the plain fact is this: The United States of America has helped underwrite global security for more than six decades with the blood of our citizens and the strength of our arms" e recordando que "war is sometimes necessary".

Em segundo lugar, definindo as situações em que considera legítimo a intervenção militar que incluem, para além obviamente da auto-defesa, a defesa de uma nação contra outro agressor, razões humanitárias e prevenção da paz ("prevent the slaughter of civilians by their own government, or to stop a civil war whose violence and suffering can engulf an entire region") e evitar as ameaças à segurança global ("America's commitment to global security will never waiver").

Em terceiro lugar, atribuindo um grande relevo ao multilateralismo ("in a world in which threats are more diffuse, and missions more complexm America cannot act alone") e, no que constitui a principal diferença em relação à doutrina Bush-Cheney, defendendido a integral adesão dos EUA às regras internacionais definidas nas Convenções de Genebra.

Além destes aspectos parece-me importante, embora seja dificil antecipar se e como essas ideias terão concretização prática relevante, a ideia da necessidade da comunidade internacional desenvolver alternativas para lidar com as nações que não respeitem as regras internacionais seja relativas à difusão das armas nucleares (visando especificamente o Irão e a Coreia do Norte) seja no caso de violações dos direitos humanos (tendo visado especificamente o Sudão, Congo e Birmânia) e a importância que atribuiu ao auxílio ao desenvolvimento.

Sem comentários:

Enviar um comentário