Embora não sejam surpresa as declarações de Manuel Alegre em Braga configuram se não ainda a sua candidatura à Presidência da Republica, pelo menos uma "prova de vida" e a confirmação das suas ambições presidenciais. Ambições inteiramente legitimas para alguém com um passado político que merece naturalmente o maior respeito menos dos seus opositores e que conseguiu obter mais de 1,1 milhões de votos (correspondentes a mais de 20% dos votos) apesar de não ter obtido o apoio oficial de qualquer partido político e concorrido contra Mário Soares (candidato oficial do PS e que obteve cerca de 14%) e os líderes do PCP e do BE (que obtiveram cerca de 8% e 5% dos votos, respectivamente).
Esta eventual candidatura coloca, no entanto, problemas políticos importantes para o PS/Governo a quem na actual conjuntura política (mais do que em 2006) conviria um Presidente que, pelo menos, não lhe fosse claramente hostil e, portanto, a substituição de Cavaco Silva por um Presidente oriundo da esquerda.
Ora, Manuel Alegre é o candidato ideal para confederar a esquerda mas será o candidato mais adequado para captar o voto do centro que provavelmente será decisivo numa eventual segunda volta, algo que, por exemplo, Jaime Gama poderia mais facilmente conseguir. Enquanto que, por outro lado, Jaime Gama terá eventualmente dificuldades em passar uma primeira volta num cenário em que Manuel Alegre vá a votos e poderá preferir resguardar-se para uma candidatura nas Presidenciais seguintes. Ou seja, o candidato da área do PS que à partida tem mais hipóteses de chegar à segunda volta é simultaneamente aquele que terá menos possibilidades de derrotar Cavaco Silva nessa segunda volta.
Por outro lado estou convicto que, embora prefira Manuel Alegre a Cavaco Silva, José Sócrates não encarará Manuel Alegre como o Presidente ideal num cenário em que o PS recupere em próximas eleições legislativas a maioria absoluta no parlamento.
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