segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Um sinal preocupante

Segundo o Pùblico a chanceler alemã Angela Merkel «defendeu veementemente na noite de ontem que o conceito de “multikulti” e a vivência harmoniosa “lado a lado” com pessoas oriundas de contextos culturais diferentes não está a funcionar no país, que possui uma vasta comunidade de quase quatro milhões de muçulmanos. E instou os imigrantes a “fazerem mais” para se integrarem na sociedade alemã».
O que é preocupante, não por reconhecer a existência de problemas, mas por de algum modo culpabilizar os imigrantes por esses problemas. Num contexto de crise europeia, uma Alemanha a fechar-se ao exterior é receita para um desastre certo.

2 comentários:

  1. Esse artigo do Público tem erros e omissões graves. Não explica o significado que os alemães dão à expressão "multikulti" (e que é: sociedades paralelas, que não reconhecem os princípios básicos da alemã - como por exemplo a igualdade entre o homem e a mulher, ou que a Lei é igual para todos) e não revela que Angela Merkel repetiu, nesse discurso, as palavras do presidente da república (a Alemanha é terra de cristãos e judeus, mas também de muçulmanos).
    Por outro lado, a referência a esses quatro milhões de muçulmanos induz em erro. Obviamente que só uma pequena parte deles fazem pouco para se integrarem mais na sociedade alemã. Mas esse "fazer pouco" não pode ser escamoteado, e falar disso não pode ser confundido com xenofobia ou um fechar-se ao exterior. É inadmíssivel que nas ruas de Berlim se pratique a justiça de clã, é preocupante que a taxa de abandono escolar seja muito superior entre os filhos dos imigrantes, é arriscado e em última análise anticonstitucional permitir que se importem noivas de regiões rurais da Turquia que ficam confinadas às quatro paredes da casa, sem falar alemão, sem conhecerem os seus direitos mais básicos nesta sociedade, criando os seus filhos em condições que os colocam à partida à margem da igualdade de oportunidades.
    É fundamental que se fale destes problemas. É grave que, quando Angela Merkel fale disto, seja empurrada para o lado do Sarrazin. Há diferenças substanciais na atitude e no discurso.
    Ao contrário do que afirma, penso que, num contexto de crise europeia, uma Alemanha a afirmar com clareza quais são as regras básicas de convivência entre as diversas culturas é uma oportunidade e uma necessidade urgente.

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  2. Muito obrigado pela chamada de atenção que de algum modo me tranquilizou relativamente às declarações que, como é óbvio não li.
    Mas fique claro que não sou, muito pelo contrário, contra que as questões da integração dos imigrantes sejam discutidas e defendo que os princípios do Estado de direito se devem sobrepor a todos independentemente da sua origem ou religião.

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