Confesso que ainda estou aturdido com o tom patrioteiro das reacções à descida de rating pronunciada pela Moodys e sobretudo pela forma como afectou inclusive vários daqueles que ao longo dos últimos meses se tinham destacado por uma análise lúcida da realidade económica e financeira portuguesa.
Uma onda que José Castro Caldas ironica, mas certeiramente, baptizou como o movimento dos neo-indignados. Movimento a que Pedro Santos Guerreiro tenta dar um sentido e utilidade aconselhando Pedro Passos Coelho a deve usar esta união nacional contra as agências de rating para forçar a Comissão Europeia e a Alemanha a desafiarem o seu poderio.
Infelizmente o problema real não está nas agências de rating. Os nossos problemas reais estão num nível de dívida pública e externa demasiado elevado, na ausência de crescimento económico e nos níveis de alavacagem exagerados do nosso sistema financeiro, das empresas e das famílias. É na correcção desses factores e não numa "guerra" inútil contra as "agências" - que quais Dom Quixotes tomando moinhos de vento por gigantes vi e ouvi hoje atribuidos os poderes e motivações extraordinários - que devemos concentrar as nossas energias e a nossa imaginação numa tarefa que contrariamente ao que indica o titulo desta crónica do Pedro Santos Guerreiro está muito longe de estar feita, mas antes pelo contrário é uma tarefa para vários anos que está ainda nos primórdios da sua fase inicial. Uma tarefa que vai exigir determinação e serenidade para enfrentar os muitos escolhos e obstáculos que irão surgindo ao longo de um percurso que não é fácil e que apenas conseguiremos superar com o apoio das instituições e dos nossos parceiros europeus.
Um apoio que vai depender das condições políticas internas desses países, mas que apenas poderemos negociar em boas condições se formos capazes de demonstrar que o "merecemos". E isso consegue-se com determinação e clarividência e evitando o tipo de discurso que infelizmente inundou o espaço mediático e que na melhor das hipóteses será uma distração inútil e na pior uma fonte de perigosos populismos.
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