Um texto do Vítor Bento a não perder. Está tudo aqui:
"Mais uma decisão inesperada de uma agência de ‘rating'. Mais uma grande comoção nacional. Mais uma falta de serenidade analítica. E mais uma vez erra-se o alvo do problema.
A decisão da Moody's é inconveniente? É. Suscita uma sensação de injustiça, quando o Governo - e não só - se mostra totalmente empenhado em cumprir e ultrapassar os objectivos acordados com a ‘troika', tendo já mostrado esse empenho através de decisões difíceis? Sim. Mas centrar a discussão nestes aspectos e maldizer as agências de ‘rating' por estas consequências é atirar ao alvo errado.
As agências de ‘rating' regem-se por regras próprias e a sua missão é oferecer aos investidores uma classificação de risco dos devedores, para os orientar nas decisões de investimento. Ninguém é obrigado a seguir as suas classificações, mas é um facto que muitos investidores se orientam voluntariamente por elas e isso tem consequências para o acesso dos devedores ao mercado.
A reestruturação da dívida grega está a ser abertamente discutida, com o "estímulo" das autoridades europeias, e com a perspectiva de o seu resultado implicar perdas para os credores. Esta reestruturação, que acompanha o aumento da ajuda comunitária, está a ser activamente promovida pelas autoridades europeias, sinalizando que estas autoridades só se envolverão em mais ajudas, desde que os credores privados também participem e aceitem perder parte do valor investido. Neste quadro - que constitui, de facto, uma novidade - surpreende que as agências de ‘rating', tendo em conta a sua missão, alertem que aumentou o risco dos investimentos em devedores soberanos em situação problemática? Dificilmente...
(...)
A decisão é inconveniente, como já disse. Mas não adianta desperdiçar energia a discuti-la, porque tal não terá consequências. E muito menos deixarmo-nos desmoralizar. O que temos é que concentrar a energia em fazer o que é preciso ser feito - estabilizar as finanças e promover a competitividade e o crescimento - e cerrar os dentes até que os resultados comecem a manifestar-se. Pois só quando isso acontecer é que poderemos esperar que os juízos externos comecem a mudar.
(...)"
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário