terça-feira, 19 de julho de 2011

Ler os Outros: As dúvidas de Agosto - Luis Naves

"(...) A tese dominante, em comentários de jornais e televisões, é a de que a Europa enfrenta um dilema entre federalização da moeda única e colapso da zona euro. As abordagens intermédias que foram ensaiadas estão condenadas ao fracasso e isso aplica-se à mais recente ideia defendida pela França e Alemanha, a de se estabelecer um acordo com bancos europeus para que estes aceitem de forma voluntária suavizar o peso da dívida grega, aceitando algum prejuízo.
(...)
Curiosamente, nenhuma das duas opções dadas como inevitáveis parece possível. Nem a federalização nem o colapso do euro. A federalização da zona euro não passa de uma quimera. Nada disso consta nos tratados e refazer a arquitectura da UE simplesmente não é viável a curto prazo. Bastam 30 segundos de análise para perceber que países como França ou Alemanha não têm nos seus planos a obediência a um ministro das finanças europeu (eleito por 27, por 17?) que impeça uma determinada despesa aprovada pelos parlamentos. Bruxelas a explicar aos alemães como vão organizar o seu orçamento, alguém consegue imaginar o cenário? O princípio da subsidariedade completamente enterrado? E tudo feito sem consulta aos eleitores? E como se avança para uma hipótese destas sem cobrança de impostos?
[Uma nota: já começou a discussão das perspectivas financeiras entre 2014 e 2020. Adivinham-se discussões ferozes no próximo ano e os contribuintes líquidos não querem passar de 1% do PIB, nem sequer um cêntimo a mais].
O colapso da moeda única era um filme de terror. Complicações técnicas e legais, o fim do mercado único, milhões de desempregados. A saída de um ou dois países era já uma complicação intragável e um super-euro sem os cábulas também não parece viável, pois segundo os tratados é mais fácil sair da União Europeia do que sair do euro. (...)"

(excerto do post publicado no Albergue Espanhol)

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