Mais do que as constantes referências à disponibilidade para cooperar com o Governo do discurso do Presidente (numa clara tentativa de contrariar os efeitos do chamado "caso das escutas") e da co-responsabilização dos partidos da oposição pelas (ausência de) soluções governativas do discurso do Primeiro-Ministro, os discursos marcam duas visões claramente distintas sobre o futuro do país.
Embora a questão da crise económica, desemprego e justiça social tenham estado presentes em ambos. A verdade é que as soluções preconizadas por Cavaco Silva e José Sócrates nos seus discursos são não só manifestamente distintas como até dificilmente compatíveis.
Enquanto para Cavaco Silva a questão do "endividamento externo" surge como problema fundamental e considera que a solução para o desemprego deve passar por "um aumento da produção nacional de bens transaccionáveis e um reforço da capacidade competitiva da economia portuguesa", considerando que "Sem o aumento da produção competitiva a nível internacional não será possível criar empregos sustentáveis e conter as necessidades de recurso ao financiamento externo" e chamando a atenção para a relação "entre o défice externo e o desequilíbrio das contas públicas, os chamados défices gémeos".
Para o primeiro ministro o caminho para a recuperação económica passa por um papel determinante do Estado "Apoiando o investimento privado e as empresas. Defendendo o emprego e incentivando a contratação. Promovendo o investimento público que, ao mesmo tempo, modernize o País, dê oportunidades às empresas e estimule a criação de emprego" e a relativamente ao endividamento externo a única referência que surge no seu discurso é a propósito da "aposta nas energias renováveis".
Trata-se de duas visões e de duas estratégias inconciliáveis pelo que, muito sinceramente, não se antevê como poderá funcionar a "cooperação estratégica" entre Belém e São Bento quando o Governo se propõe prosseguir uma política que o Presidente considera que só irá agravar o principal problema do país.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
A composição do novo Governo
Tem-se dito que o novo Governo é um Governo de continuidade. O que sinceramente me causa estranheza por duas razões, aparentemente contraditórias, não só porque não me parece que alguém tivesse à espera de grandes rupturas, mas, também, porque apesar não haverem entradas sonantes as diferenças são muitas.
Em primeiro lugar, porque num Governo com 16 ministros temos 8 novos ministros (50%) e 2 ministros que mudam de pasta (12,5%). Ou seja, temos apenas 6 manutenções sendo que 3 dos ministros que se mantém nas respectivas pastas (Teixeira dos Santos, Rui Pereira e Ana Jorge) entraram no Governo já no decorrer da passada legislatura. O que significa que comparando o novo Governo com aquele que tomou posse em Março de 2005, além do primeiro-ministro, apenas temos 2 manutenções (Silva Pereira e Mariano Gago), havendo apenas mais 3 ministros (Luís Amado, Vieira da Silva e Augusto Santos Silva) que iniciaram funções nessa data mas que entretanto transitaram de pastas. Em segundo lugar, porque, apesar de esperadas, se verificam as alterações em algumas das pastas mais importantes, como sejam a Educação, Obras Públicas e Economia.
De um ponto de vista político a composição do Governo privilegiou a pacificação nos sectores mais controversos, procurando, de algum modo, reproduzir o efeito obtido na Saúde com a substituição de Correia Campos por Ana Jorge. Tal é particularmente evidente na Educação onde a nova ministra parece ter as condições para, pelo menos, merecer o benefício da dúvida dos principais agentes no sector.
Parece igualmente existir uma tentativa de viragem à esquerda do Governo, nomeadamente através da nova ministra do Trabalho e da mudança de Vieira da Silva para a Economia (e também, eventualmente, do novo ministro das Obras Pùblicas), nomes que poderão ter alguma capacidade para conter o descontentamento laboral e sindical e que, no segundo caso, correspondem a um claro reforço do peso político do ministério.
Onde as escolhas poderão colocar à partida mais dúvidas são na Justiça, Assuntos Parlamentares e Defesa onde apesar de tudo se tratam de ministros com peso específico dentro do PS mas sobretudo nas escolhas, para mim as mais surpreendentes em face dos currículos divulgados, de António Mendonça para as Obras Públicas e de António Serrano para a Agricultura, curiosamente dois professores universitários cujas áreas de interesse académico (no primeiro caso, economia internacional e, no segundo, caso gestão de empresas e gestão da informação) não parecem estar muito relacionadas com os sectores pelos quais irão ser responsáveis.
Em primeiro lugar, porque num Governo com 16 ministros temos 8 novos ministros (50%) e 2 ministros que mudam de pasta (12,5%). Ou seja, temos apenas 6 manutenções sendo que 3 dos ministros que se mantém nas respectivas pastas (Teixeira dos Santos, Rui Pereira e Ana Jorge) entraram no Governo já no decorrer da passada legislatura. O que significa que comparando o novo Governo com aquele que tomou posse em Março de 2005, além do primeiro-ministro, apenas temos 2 manutenções (Silva Pereira e Mariano Gago), havendo apenas mais 3 ministros (Luís Amado, Vieira da Silva e Augusto Santos Silva) que iniciaram funções nessa data mas que entretanto transitaram de pastas. Em segundo lugar, porque, apesar de esperadas, se verificam as alterações em algumas das pastas mais importantes, como sejam a Educação, Obras Públicas e Economia.
De um ponto de vista político a composição do Governo privilegiou a pacificação nos sectores mais controversos, procurando, de algum modo, reproduzir o efeito obtido na Saúde com a substituição de Correia Campos por Ana Jorge. Tal é particularmente evidente na Educação onde a nova ministra parece ter as condições para, pelo menos, merecer o benefício da dúvida dos principais agentes no sector.
Parece igualmente existir uma tentativa de viragem à esquerda do Governo, nomeadamente através da nova ministra do Trabalho e da mudança de Vieira da Silva para a Economia (e também, eventualmente, do novo ministro das Obras Pùblicas), nomes que poderão ter alguma capacidade para conter o descontentamento laboral e sindical e que, no segundo caso, correspondem a um claro reforço do peso político do ministério.
Onde as escolhas poderão colocar à partida mais dúvidas são na Justiça, Assuntos Parlamentares e Defesa onde apesar de tudo se tratam de ministros com peso específico dentro do PS mas sobretudo nas escolhas, para mim as mais surpreendentes em face dos currículos divulgados, de António Mendonça para as Obras Públicas e de António Serrano para a Agricultura, curiosamente dois professores universitários cujas áreas de interesse académico (no primeiro caso, economia internacional e, no segundo, caso gestão de empresas e gestão da informação) não parecem estar muito relacionadas com os sectores pelos quais irão ser responsáveis.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
As declarações de Saramago
No lançamento do seu novo livro, José Saramago decidiu referir-se à Biblia como "um manual de maus costumes, um catálogo da crueldade e do pior da natureza humana". Frase que, como o autor terá intuido, gerou clamor (com um efeito publicitário não negligenciável). Mas, retire-se a palavra "manual" e se calhar a talvez as únicas coisas de que Saramago poderá ser criticado é de ter uma visão reducionista da Bíblia e de permanecer agarrado a uma visão literal da Bíblia desconhecendo as posições da Igreja relativamente à interpretação dos textos biblicos que critica precisamente a leitura fundamentalista baseada na ideia de que, sendo Palavra de Deus inspirada e isenta de erro, e portanto deve ser lida e interpretada literalmente em todos os seus detalhes.
O Antigo Testamento trata basicamente das relações entre Deus e o povo de Israel e é em grande parte uma história dos homens. Não será por isso de estranhar (antes pelo contrário) que o texto biblico retrate o melhor e o pior da natureza humana, nem me parece que isso seja um desvalor para a Biblia. Não pude alíás deixar de pensar que as criticas de Saramago poderiam igualmente ser dirigidas a muita da melhor literatura, dos textos de história e do cinema e interrogar-me sobre qual será a sua opinião relativamente aos "tenebrosos" clássicos da literatura infantil.
Curioso também que nas suas declarações Saramago se refira ao Deus "cruel" do Antigo Testamento esquecendo o Deus do Novo Testamento e aponte os efeitos negativos da religião ignorando o seu contributo civilizacional... de que aliás a sua obra é um reflexo.
O Antigo Testamento trata basicamente das relações entre Deus e o povo de Israel e é em grande parte uma história dos homens. Não será por isso de estranhar (antes pelo contrário) que o texto biblico retrate o melhor e o pior da natureza humana, nem me parece que isso seja um desvalor para a Biblia. Não pude alíás deixar de pensar que as criticas de Saramago poderiam igualmente ser dirigidas a muita da melhor literatura, dos textos de história e do cinema e interrogar-me sobre qual será a sua opinião relativamente aos "tenebrosos" clássicos da literatura infantil.
Curioso também que nas suas declarações Saramago se refira ao Deus "cruel" do Antigo Testamento esquecendo o Deus do Novo Testamento e aponte os efeitos negativos da religião ignorando o seu contributo civilizacional... de que aliás a sua obra é um reflexo.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
As estratégias das oposições
Se a estratégia do PS para a legislatura que agora se iniciou é transparente e tem sido assaz debatida, o mesmo não tem ocorrido com as estratégias do Bloco, CDU, CDS e PSD.
Curiosamente, BE, CDU e CDS curiosamente parecem prosseguir as estratégias são curiosamente idênticas. Conscientes de que derrubar o Governo constituiria, pelo menos no imediate, um hara-kiri político estes partidos vão procurar fazer o seu melhor para marcar pontos através de iniciativas legislativas destinadas a agradar aos respectivos eleitorados-alvo uma forma segura de recolher dividendos (se essas iniciativas forem aprovadas o mérito será deles sem acarretarem o ónus da governação e se não forem a culpa será dos partidos - e.g. PS - que as não apoiarem).
Isto coloca um dilema importante ao PS-Governo. Se for demasiado hostil às propostas dos partidos à sua esquerda e favorável às propostas do CDS arrisca-se a perder votos para a esquerda enquanto que no caso contrário compromete a sua imagem perante o eleitorado do centro, pelo que será muito interessante ver a forma como o PS-Governo irá reagir a essas propostas.
Quanto ao PSD será claramente o partido charneira na actual legislatura, na medida em que o seu comportamento será decisivo para a longevidade do Governo. De facto, caso o PSD considere que é do seu interesse provocar a queda do Governo este ficará numa posição muito complicada pois dificilmente o CDS poderá em tal situação manter uma posição favorável ao Governo sem grandes custos eleitorais, pelo que o PS ficará dependente do apoio activo simultaneo da CDU e BE e, portanto, numa situação bastante instável.
Ora, apesar de condicionado pelo ambiente interno, a estratégia do PSD (pelo menos da sua actual direcção) parece assentar na ideia de que o Governo irá ter de enfrentar uma situação bastante dificil do ponto de vista económico e social e portanto o melhor que o partido tem a fazer é apresentar-se como "oposição responsável" (i.e., afastar-se q.b. das posições do Governo e criticá-lo sempre que possível mas sem provocar a sua queda, nomedamente através da sua abstenção) aguardando o que, em seu entender, será o desgaste inevitável do Governo.
Curiosamente, BE, CDU e CDS curiosamente parecem prosseguir as estratégias são curiosamente idênticas. Conscientes de que derrubar o Governo constituiria, pelo menos no imediate, um hara-kiri político estes partidos vão procurar fazer o seu melhor para marcar pontos através de iniciativas legislativas destinadas a agradar aos respectivos eleitorados-alvo uma forma segura de recolher dividendos (se essas iniciativas forem aprovadas o mérito será deles sem acarretarem o ónus da governação e se não forem a culpa será dos partidos - e.g. PS - que as não apoiarem).
Isto coloca um dilema importante ao PS-Governo. Se for demasiado hostil às propostas dos partidos à sua esquerda e favorável às propostas do CDS arrisca-se a perder votos para a esquerda enquanto que no caso contrário compromete a sua imagem perante o eleitorado do centro, pelo que será muito interessante ver a forma como o PS-Governo irá reagir a essas propostas.
Quanto ao PSD será claramente o partido charneira na actual legislatura, na medida em que o seu comportamento será decisivo para a longevidade do Governo. De facto, caso o PSD considere que é do seu interesse provocar a queda do Governo este ficará numa posição muito complicada pois dificilmente o CDS poderá em tal situação manter uma posição favorável ao Governo sem grandes custos eleitorais, pelo que o PS ficará dependente do apoio activo simultaneo da CDU e BE e, portanto, numa situação bastante instável.
Ora, apesar de condicionado pelo ambiente interno, a estratégia do PSD (pelo menos da sua actual direcção) parece assentar na ideia de que o Governo irá ter de enfrentar uma situação bastante dificil do ponto de vista económico e social e portanto o melhor que o partido tem a fazer é apresentar-se como "oposição responsável" (i.e., afastar-se q.b. das posições do Governo e criticá-lo sempre que possível mas sem provocar a sua queda, nomedamente através da sua abstenção) aguardando o que, em seu entender, será o desgaste inevitável do Governo.
sábado, 17 de outubro de 2009
Coligações
Segundo foi sendo tranquilamente revelado ao país, o primeiro-ministro indigitado predispôs-se, pasme-se, em reuniões sucessivas e com poucas horas de intervalo, a fazer coligações com o PSD, o CDS-PP, o BE e o PCP.
Tais propostas nunca poderiam naturalmente ser levadas a sério e destinam-se apenas a exibir uma pretensa disponibilidade para o diálogo que possa ser utilizada em futuras eleições como argumento numa estratégia de apelo à governabilidade. E até seria uma estratégia inteligente não fosse o caso de ser tão óbvia. Mas não fosse dar-se o caso de haver quem não tivesse compreendido o ainda ministro Augusto Santos Silva decidiu aproveitar para, no dia anterior, comparar a líder desse partido a uma "anarquista espanhola" o que não parece constituir propriamente via mais adequada para sequer uma aproximação entre os dois partidos.
Tais propostas nunca poderiam naturalmente ser levadas a sério e destinam-se apenas a exibir uma pretensa disponibilidade para o diálogo que possa ser utilizada em futuras eleições como argumento numa estratégia de apelo à governabilidade. E até seria uma estratégia inteligente não fosse o caso de ser tão óbvia. Mas não fosse dar-se o caso de haver quem não tivesse compreendido o ainda ministro Augusto Santos Silva decidiu aproveitar para, no dia anterior, comparar a líder desse partido a uma "anarquista espanhola" o que não parece constituir propriamente via mais adequada para sequer uma aproximação entre os dois partidos.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Sobre o Prós e Contras de ontem
Desta estória das "escutas" a verdade é que muita gente ficou bastante mal na "fotografia".
Sai mal a Presidência da República pela forma como um seu assesor tentou encomendar uma notícia sem pés nem cabeça com o claro intuito de prejudicar o Governo.
Sai mal o Público que apesar de numa primeira fase teve o bom senso de não satisfazer a encomenda por depois de ter publicado as suspeitas de fontes da Presidência sobre uma possível vigilância dos seus assessores (o que admito que se justificasse pois era - foi assim que na altura a interpretei - uma importante confirmação do profundo mal-estar nas relações entre Belém e a Presidência) não resiste em fazer o follow-up da noticia utilizando precisamente a encomenda que lhe tinha sido feita 17 meses (!) antes.
Sai mal o DN não por ter publicado o mail "privado" mas por ter elaborado uma notícia perfeitamente acrítica escarrapachando o mail na primeira página ignorando a forma como o mesmo terá chegado à sua redacção incorrendo no fundo precisamente no mesmo erro que o Publico acabou por cair com 17 meses de atraso.
Saem mal o director do DN e do Publico pelo espectáculo deplorável que ambos ontem deram na televisão.
Mas, apesar de tudo, também há quem saia bem. Desde logo o provedor do Publico pela forma como de forma frontal e corajosa apontou os erros do Publico. Mas, também, José Sócrates e o Governo pela forma como responderam e reagiram durante todo este caso e o jornal Expresso.
Depois do programa de ontem não pude, no entanto, evitar a sensação de que ainda não conhecemos a históra toda e pessoalmente fiquei (ainda mais) curioso quanto à fonte da divulgação do mail interno do Publico.
Sai mal a Presidência da República pela forma como um seu assesor tentou encomendar uma notícia sem pés nem cabeça com o claro intuito de prejudicar o Governo.
Sai mal o Público que apesar de numa primeira fase teve o bom senso de não satisfazer a encomenda por depois de ter publicado as suspeitas de fontes da Presidência sobre uma possível vigilância dos seus assessores (o que admito que se justificasse pois era - foi assim que na altura a interpretei - uma importante confirmação do profundo mal-estar nas relações entre Belém e a Presidência) não resiste em fazer o follow-up da noticia utilizando precisamente a encomenda que lhe tinha sido feita 17 meses (!) antes.
Sai mal o DN não por ter publicado o mail "privado" mas por ter elaborado uma notícia perfeitamente acrítica escarrapachando o mail na primeira página ignorando a forma como o mesmo terá chegado à sua redacção incorrendo no fundo precisamente no mesmo erro que o Publico acabou por cair com 17 meses de atraso.
Saem mal o director do DN e do Publico pelo espectáculo deplorável que ambos ontem deram na televisão.
Mas, apesar de tudo, também há quem saia bem. Desde logo o provedor do Publico pela forma como de forma frontal e corajosa apontou os erros do Publico. Mas, também, José Sócrates e o Governo pela forma como responderam e reagiram durante todo este caso e o jornal Expresso.
Depois do programa de ontem não pude, no entanto, evitar a sensação de que ainda não conhecemos a históra toda e pessoalmente fiquei (ainda mais) curioso quanto à fonte da divulgação do mail interno do Publico.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
A indignação nacional sobre o vídeo da Maitê Proença
Confesso que, depois de ver o vídeo, pessoalmente a unica coisa que me choca no "caso" do vídeo de Maitê Proença é a importância que se dá a 5 minutos de um vídeo patético onde as únicos "coisas" que me "impressionaram" foi ficar a saber que em Portugal os rios também vão dar ao mar e que Salazar foi ditador durante mais de 20 anos e que a Maitê além de não gostar do estilo manuelino não sabe mandar um mail.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Eleições autárquicas
O PS obteve um excelente resultado: não só obteve claramente mais votos que o PSD como conseguiu um aumento significativo do número de câmaras (+20) conseguido conquistar câmaras, entre as quais duas capitais de distrito (Leiria e Beja), quer ao PSD quer à CDU e obter uma suada maioria absoluta em Lisboa onde foi notório o voto útil à esquerda na candidatura de António Costa, que, além de ganhar condições para governar com estabilidade na capital, se afirma assim como a principal “reserva nacional” do PS.
Mas foi, também, um bom resultado para o PSD que, apesar da descida no número de câmaras (-17), mantém confortavelmente câmaras importantes (e.g., Porto, Coimbra, Sintra e Gaia), “compensou” a perda de Leiria com uma vitória importante em Faro e, apesar de tudo, obteve um resultado muito razoável em Lisboa.
Em clara perda esteve a CDU que, apesar de conseguir manter câmaras importantes na margem Sul (Setúbal, Almada e Barreiro) não só não conseguiu recuperar Évora como perdeu Beja num Alentejo cada vez menos “vermelho”.
Mas o grande derrotado da noite foi o Bloco de Esquerda que fracassou claramente no seu objectivo de afirmação a nível autárquico, sendo sintomático que quer em Lisboa quer no Porto não tenha conseguido sequer alcançar a fasquia dos 5%.
Mas foi, também, um bom resultado para o PSD que, apesar da descida no número de câmaras (-17), mantém confortavelmente câmaras importantes (e.g., Porto, Coimbra, Sintra e Gaia), “compensou” a perda de Leiria com uma vitória importante em Faro e, apesar de tudo, obteve um resultado muito razoável em Lisboa.
Em clara perda esteve a CDU que, apesar de conseguir manter câmaras importantes na margem Sul (Setúbal, Almada e Barreiro) não só não conseguiu recuperar Évora como perdeu Beja num Alentejo cada vez menos “vermelho”.
Mas o grande derrotado da noite foi o Bloco de Esquerda que fracassou claramente no seu objectivo de afirmação a nível autárquico, sendo sintomático que quer em Lisboa quer no Porto não tenha conseguido sequer alcançar a fasquia dos 5%.
domingo, 11 de outubro de 2009
Um prémio prematuro
Foi uma decisão supreeendente. Desde a sua tomada de posse Obama alterou de forma muito significativa o tom diplomático utilizado pelos EUA e, muito em especial, a forma como se dirige ao "mundo muçulmano". O seu extraordinário discurso no Cairo e a forma contida como tem lidado com o Irão estão a uma distância abismal do discurso tradicional da política externa e não tenho quaisquer dúvidas relativamente à sua sinceridade na busca de um compromisso no Médio Oriente, demonstrada alías pelas suas posições quanto à expansão dos colonatos israelitas, e nas suas iniciativas para promover o desarmamento.
Reconhecido isto, a verdade é que se trata de boas indicações mas a verdade é se tratamn de iniciativas que estão ainda numa fase preliminar sem que se tenham alcançado avanços decisivos. A questão iraniana está ainda em plenamente em aberto e a verdade é que, até agora, o espírito de abertura e de diálogo ainda não produziu resultados substanciais e no que diz respeito ao conflito israelo-palestinianas ainda se estão a negociar as condições para que as eventuais conversações para alcançar um compromisso.
Além disso, embora a situação no Iraque dê sinais de estabilização, a verdade é que além de ainda ser cedo para conclusões definitivas esses sinais são resultado das iniciativas da anterior administração Bush e a verdade é que no Afeganistão, conflito no qual a administração Obama se empenhou, a situação tem-se vindo a deteriorar significativamente e irá obrigar a decisões dificeis.
Reconhecido isto, a verdade é que se trata de boas indicações mas a verdade é se tratamn de iniciativas que estão ainda numa fase preliminar sem que se tenham alcançado avanços decisivos. A questão iraniana está ainda em plenamente em aberto e a verdade é que, até agora, o espírito de abertura e de diálogo ainda não produziu resultados substanciais e no que diz respeito ao conflito israelo-palestinianas ainda se estão a negociar as condições para que as eventuais conversações para alcançar um compromisso.
Além disso, embora a situação no Iraque dê sinais de estabilização, a verdade é que além de ainda ser cedo para conclusões definitivas esses sinais são resultado das iniciativas da anterior administração Bush e a verdade é que no Afeganistão, conflito no qual a administração Obama se empenhou, a situação tem-se vindo a deteriorar significativamente e irá obrigar a decisões dificeis.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Sobre as declarações de Manuela Ferreira Leite
Depois de um discurso na noite das eleições bastante moderado Manuela Ferreira Leite tem nos últimos dias vindo a "endurecer" o discurso face ao PS (no que parece ser um sinal de que se prepara para desiludir aqueles que pensam que irá abdicar da liderança a seguir às eleições autárquicas).
Foi, no entanto, com alguma surpresa no entanto que assiti à forma como as suas últimas declarações tem sido interpretadas. No actual quadro parlamentar, a iniciativa de qualquer entendimento deve partir do PS (que até agora deu poucos ou nenhuns sinais do que pensa vir a fazer) e obviamente que o PSD nunca poderia abdicar de defender os pontos fundamentais do seu programa e muito menos forma antecipada.
Neste contexto as declarações da lider do PSD ao afastar "ajudar de forma envergonhada José Sócrates" são não só naturais como admitem implicitamente um entendimento claro e, como é natural, com cedências mútuas.
E são, portanto, um sinal positivo pois julgo sinceramente que no quadro actual a solução mais "normal" seria alguma forma de entendimento entre PS e PSD pois parece-me que o que separa estes dois partidos é bastante menos do que o que separa o PS quer do CDS quer, pese embora a retórica de esquerda utilizada na campanha, do BE-CDU. E, mais do ponto de vista estratégico esse entendimento até seria tendencialmente vantajoso para o PSD.
Foi, no entanto, com alguma surpresa no entanto que assiti à forma como as suas últimas declarações tem sido interpretadas. No actual quadro parlamentar, a iniciativa de qualquer entendimento deve partir do PS (que até agora deu poucos ou nenhuns sinais do que pensa vir a fazer) e obviamente que o PSD nunca poderia abdicar de defender os pontos fundamentais do seu programa e muito menos forma antecipada.
Neste contexto as declarações da lider do PSD ao afastar "ajudar de forma envergonhada José Sócrates" são não só naturais como admitem implicitamente um entendimento claro e, como é natural, com cedências mútuas.
E são, portanto, um sinal positivo pois julgo sinceramente que no quadro actual a solução mais "normal" seria alguma forma de entendimento entre PS e PSD pois parece-me que o que separa estes dois partidos é bastante menos do que o que separa o PS quer do CDS quer, pese embora a retórica de esquerda utilizada na campanha, do BE-CDU. E, mais do ponto de vista estratégico esse entendimento até seria tendencialmente vantajoso para o PSD.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
As comemorações da implantação da República
Não coloco em causa os precedentes referidos no esclarecimento da Presidência, mas sinceramente não teria visto qualquer mal em que o Presidente da República tivesse estado presente e discursado nas cerimónias de comemoração da implantação da República no edificio da câmara de Lisboa e, sobretudo, não vejo grande diferença entre discursar na Praça do Municipio ou no Palácio de Belém.
Pode ser falha minha, mas, sinceramente, não me parece que caso o discurso que fez em Belém tivesse sido proferido na varanda da sede da Câmara tal tivesse de algum modo afectado o normal decorrer da campanha para as eleições autárquicas.
Dito isto, trata-se claramente de um caso menor e a verdade é que a data de implantação da República foi devidamente assinalada e tudo isto serviu, ao menos, de pretexto para divulgar o Museu da Presidência da República e lançar diversas iniciativas culturais.
Pode ser falha minha, mas, sinceramente, não me parece que caso o discurso que fez em Belém tivesse sido proferido na varanda da sede da Câmara tal tivesse de algum modo afectado o normal decorrer da campanha para as eleições autárquicas.
Dito isto, trata-se claramente de um caso menor e a verdade é que a data de implantação da República foi devidamente assinalada e tudo isto serviu, ao menos, de pretexto para divulgar o Museu da Presidência da República e lançar diversas iniciativas culturais.
Campanha autárquica
Talvez seja sintoma de fatiga eleitoral, mas a verdade é que a campanha para as eleições autárquicas não me têm despertado grande interesse.
Mas, mesmo não votando em Lisboa tenho acompanhado com alguma sincera surpresa a atrapalhada campanha de António Costa. Desde alguns ataques pessoais infelizes (principalmente a propósito da questão da localização do IPO), que deram oportunidade para Santana Lopes não só se apresentar como vitima como, ainda por cima, defender a sua alternativa, à questão do "acordo com a Liscont" quanto à altura dos contentores, passando pelo "caso" da oferta de bicicletas, o mínimo que se pode dizer é que a campanha em Lisboa não parece estar a correr bem ao PS e que o maior advesário de Santana Lopes é o passado do próprio Santana Lopes.
No Porto, apesar de uma boa campanha de Elisa Ferreira, as escassas possibilidades do PS derrotar a coligação PS-PSD parecem definitivamente comprometidas pela questão lateral da dupla candidatura de Elisa Ferreira e pela luta fratricida à esquerda entre o PS, o CDU e o Bloco. Enquanto que à direita, a campanha de Rui Rio tem revelado à saciedade as razões pelas quais dificilmente conseguirá algum dia afirmar-se politicamente à escala nacional.
Mas, mesmo não votando em Lisboa tenho acompanhado com alguma sincera surpresa a atrapalhada campanha de António Costa. Desde alguns ataques pessoais infelizes (principalmente a propósito da questão da localização do IPO), que deram oportunidade para Santana Lopes não só se apresentar como vitima como, ainda por cima, defender a sua alternativa, à questão do "acordo com a Liscont" quanto à altura dos contentores, passando pelo "caso" da oferta de bicicletas, o mínimo que se pode dizer é que a campanha em Lisboa não parece estar a correr bem ao PS e que o maior advesário de Santana Lopes é o passado do próprio Santana Lopes.
No Porto, apesar de uma boa campanha de Elisa Ferreira, as escassas possibilidades do PS derrotar a coligação PS-PSD parecem definitivamente comprometidas pela questão lateral da dupla candidatura de Elisa Ferreira e pela luta fratricida à esquerda entre o PS, o CDU e o Bloco. Enquanto que à direita, a campanha de Rui Rio tem revelado à saciedade as razões pelas quais dificilmente conseguirá algum dia afirmar-se politicamente à escala nacional.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Estranhas formas de fazer ciência
Num série de artigos bastante "interessantes" publicados pelo DN sobre as "novas formas de parentalidade". Num desses artigos uma psicóloga afirma que os pais homossexuais são: "afectuosos, tranquilos, confiantes e firmes nas decisões", características que fazem deles melhores pais do que muitos heterossexuais, mais "neuróticos, ansiosos e inseguros". E a autora "vai ao ponto de afirmar que pais homossexuais até podem trazer vantagens para a educação de uma criança, até porque um filho resulta, em geral, de muita ponderação e tempo de espera".
A história prossegue com dois ou três exemplos de casais e com a afirmação do presidente de uma associação que refere que "o estudo reforça o que é de consenso científico a nível internacional".
Tão feliz história é no entanto estragada pelo final do artigo em que a autora reconhece a limitação da amostra: 25 heterossexuais e 25 homossexuais (?).
Parece-me pouca amostra para tantas conclusões.
Noutro artigo da mesma série temos mais um extraordinário exemplo desta estranha forma de produzir ciência. Trata-se aqui de uma antropóloga que terá chegado à conclusão de que "A maioria dos casais homossexuais portugueses tem filhos adoptados" (?), conclusão que consideraria deveras surpreendente não fosse o facto de mais adiante se afirmar que a referida cientista "estudou 14 famílias de homossexuais e continua a seguir cinco delas" (!).
Nada me move contra as novas formas de parentalidade (e até gostei do filme "Casa de Doidas"), mas, por favor, não chamem a isto "ciência".
A história prossegue com dois ou três exemplos de casais e com a afirmação do presidente de uma associação que refere que "o estudo reforça o que é de consenso científico a nível internacional".
Tão feliz história é no entanto estragada pelo final do artigo em que a autora reconhece a limitação da amostra: 25 heterossexuais e 25 homossexuais (?).
Parece-me pouca amostra para tantas conclusões.
Noutro artigo da mesma série temos mais um extraordinário exemplo desta estranha forma de produzir ciência. Trata-se aqui de uma antropóloga que terá chegado à conclusão de que "A maioria dos casais homossexuais portugueses tem filhos adoptados" (?), conclusão que consideraria deveras surpreendente não fosse o facto de mais adiante se afirmar que a referida cientista "estudou 14 famílias de homossexuais e continua a seguir cinco delas" (!).
Nada me move contra as novas formas de parentalidade (e até gostei do filme "Casa de Doidas"), mas, por favor, não chamem a isto "ciência".
sábado, 3 de outubro de 2009
Referendo na Irlanda
A participação no referendo sobre o "Tratado de Lisboa" foi superior a 50% e as sondagens à saída das urnas apontam para uma vitória do "sim" com mais de 60% dos votos. Os resultados finais deverão ser conhecidos ao final da tarde.
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