segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Estranhas formas de fazer ciência

Num série de artigos bastante "interessantes" publicados pelo DN sobre as "novas formas de parentalidade".  Num desses artigos uma psicóloga afirma que os pais homossexuais são: "afectuosos, tranquilos, confiantes e firmes nas decisões", características que fazem deles melhores pais do que muitos heterossexuais, mais "neuróticos, ansiosos e inseguros". E a autora "vai ao ponto de afirmar que pais homossexuais até podem trazer vantagens para a educação de uma criança, até porque um filho resulta, em geral, de muita ponderação e tempo de espera".
A história prossegue com dois ou três exemplos de casais e com a afirmação do presidente de uma associação que refere que "o estudo reforça o que é de consenso científico a nível internacional".
Tão feliz história é no entanto estragada pelo final do artigo em que a autora reconhece a limitação da amostra: 25 heterossexuais e 25 homossexuais (?).
Parece-me pouca amostra para tantas conclusões.

Noutro artigo da mesma série temos mais um extraordinário exemplo desta estranha forma de produzir ciência. Trata-se aqui de uma antropóloga que terá chegado à conclusão de que "A maioria dos casais homossexuais portugueses tem filhos adoptados" (?), conclusão que consideraria deveras surpreendente não fosse o facto de mais adiante se afirmar que a referida cientista "estudou 14 famílias de homossexuais e continua a seguir cinco delas" (!).  

Nada me move contra as novas formas de parentalidade (e até gostei do filme "Casa de Doidas"), mas, por favor, não chamem a isto "ciência".

1 comentário:

  1. Se até para uma simples sondagem de opinião o universo de pessoas contactadas é muito maior, tem toda a razão ao desconfiar da cientificidade das conclusões.
    um abraço.

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