domingo, 1 de novembro de 2009

Que rumo para o PSD ?

Manuela Ferreira Leite é o oitavo presidente do PSD desde Cavaco Silva (no mesmo período o PS teve apenas 3 secretários-gerais: António Guterres, Ferro Rodrigues e José Sócrates) e o quarto desde o "abandono" de Durão Barroso.

Apesar de no PSD coexistirem varias correntes e existirem alguma tensão entre um sector com pendor mais liberal e outro  mais social-democrata, a verdade é que ambas têm convivido bem no seio de um partido que em Portugal, não parece que haja espaço (ou necessidade)  para a criação de qualquer partido no espaço da direita e o PSD tem todas as condições para se afirmar como o grande partido reformista de centro-direita. É verdade que a evolução do PS sob a direcção de António Guterres e, sobretudo, de José Sócrates conduziu a uma grande sobreposição com o PSD, mas, apesar de tudo, não creio que existam quaisquer vantagens para o PSD em "deslocar-se" para a direita do espectro político oferecendo de bandeja o centro eleitoral ao PS que assim poderia à moda do partido "democrático" republicano na I República tornar-se no partido hegemónico com que sempre sonhou.

Isto parece ser bem intuído pelos sucessivos líderes do PSD que basicamente tem compreendido a necessidade do PSD se afirmar como um partido reformista de centro-direita como resulta do facto das alterações na liderança do PSD não se terem traduzido em viragens de natureza política ideológica mas apenas (ou sobretudo) em alterações de natureza táctica.

Dito isto, o partido de Sá Carneiro e Cavaco Silva depende bastante mais que os restantes principais portugueses da sua capacidade para gerar lideranças carismáticas que sejam capazes de confederar as diferentes "sensibilidades" e unindo o partido seja capaz de o projectar eleitoralmente.

Pesando as diferentes possibilidades de candidatos a liderança a verdade é que não nos parece que Pedro Passos Coelho, independentemente das suas inegáveis capacidades comunicacionais, possa ser esse líder, sobretudo porque, como tem sido claro, não possui peso suficiente nos quadros do partido que poderiam ser a base de um futuro governo PSD, mas também porque Pedro Passos Coelho (ao contrario do que sucedia, por exemplo, com Durão Barroso ou José Sócrates) não tem qualquer experiência governativa nem compensa esse facto com qualquer actividade empresarial, académica ou autárquica relevante.

Quanto a Marcelo Rebelo de Sousa, não existindo dúvidas de que será um candidato muito forte, resta saber se 1) está interessado em apostar nesta aventura a reputação política que tem vindo pacientemente a acumular (o que passa obviamente por ter garantias de uma vitória confortável face a Pedro Passos Coelho para o que é indispensável que não surjam outras candidaturas fortes - p.e. Paulo Rangel ou Aguiar Branco)
e 2) se os anti-corpos ao longo da sua carreira política se foram gerando lhe permitem, apesar de tudo, ter condições para unir o partido, algo que, apesar de tudo, parece estar mais ao seu alcance do que em 1996-1999 em que a sua liderança foi condicionada pelo espectro das candidaturas alternativas, em especial de Durão Barroso que lhe sucedeu mas também de Pedro Santana Lopes, e em que uma parte substancial do partido o encarava como um líder de transição.

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