Vitória clara e tranquila de Cavaco Silva que, embora com um score eleitoral abaixo dos 55% com que foi reeleito de Jorge Sampaio, obteve uma percentagem superior àquela com que havia sido eleito em 2006 (52,9% contra 50,5%) e conseguiu uma vantagem esmagadora (superior a 30 pontos percentuais) sobre o segundo candidato mais votado.
O grande derrotado da noite foi indiscutivelmente Manuel Alegre que apenas logrou 831 mil votos que não foram sequer suficientes para alcançar os 20% (embora por pequena margem pois teve 19,8%) o que é um resultado significativamente abaixo do obtido em 2006 onde, sem o apoio do PS nem do BE, havia obtido 1,1 milhões de votos e 20,7%. Este péssimo resultado representa uma pesada derrota pessoal do candidato, de uma estratégia eleitoral e dos partidos que o apoiaram, mas constitui, sobretudo, um sério revés para a ala esquerda do PS. Revés ampliado pelo facto de Fernando Nobre, embora ficando distante do 2.º candidato mais votado, ter obtido 14,1%, resultado que lhe permitiu surgir com um dos “vencedores” da noite eleitoral.
Numa campanha marcada por uma abstenção elevadíssima (53,4%), em que a reconhecida (embora continuamente subestimada) capacidade de mobilização do PCP permitiu a Francisco Lopes obter uns razoáveis 7,1%, merece destaque o resultado surpreendente do candidato José Manuel Coelho que com 189 mil votos obteve 4,5% (conseguindo uns notáveis 39% na Região Autónoma da Madeira), capitalizando um voto de protesto que se manifestou igualmente no elevado volume de votos brancos (191 mil correspondendo a 4,3% do total dos votantes) e nulos (86 mil, correspondendo a 1,9% dos votantes).
Que mais de 277 mil eleitores (6,2% do total) tenham optado por enfrentar o dia frio para votar branco ou nulo e os candidatos apoiados pelos partidos com representação parlamentar tenham obtido apenas 74,9% do total votos expressos constituem sinais de aviso do crescente afastamento dos cidadãos face aos principais partidos políticos nacionais que não devem ser ignorados.
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