quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O discurso de Obama


Parece incrível que tenha sido apenas há pouco mais de 2 anos (em Novembro de 2008) que Barack Obama foi eleito Presidente dos EUA gerando uma onda de entusiasmo e gerando expectativas exageradas relativamente à sua Presidência. Esfumado esse entusiasmo estaremos talvez em condições de fazer um pequeno balanço sobre aquela que foi até agora a Presidência de Obama.

Qualquer balanço não pode deixar de atender às dificeis circunstâncias em que tem decorrido o actual mandato. Quando tomou posse como Presidente dos EUA (em 20 de Janeiro de 2009) os EUA estavam mergulhados numa profunda crise económica e financeira (entre 2008Q2 e 2009Q2 o PIB dos EUA caiu 4,1% e a taxa de desemprego subiu de cerca de 5% para valores próximos dos 10%), os EUA estavam envolvidos em duas guerras (no Afeganistão e no Iraque) e tendo sido eleito com uma plataforma liberal (no sentido americano do termo) podia contar com a oposição aguerrida de uma direita conservadora que tem um apelo fortissimo numa grande parte da América. Neste contexto, deve reconhecer-se que Obama obteve resultados razoáveis, embora certamente abaixo das expectativas dos seus muitos apoiantes e admiradores que havia granjeado em todo o mundo. A crise económica e financeira foi contida e a economia está a recuperar, a situação no Iraque evoluiu positivamente e conseguiu a aprovação da reforma do sistema de saúde que tinha elegido como uma das suas prioridades.

Claro que nem tudo foi positivo, a  nível internacional a situação no Afeganistão continua muito complicada, a reforma do sistema de saúde teve custos políticos elevados e, a nível económico, a evolução positiva do crescimento económico não tem sido suficiente para permitir uma redução significativa do desemprego que permancece em níveis muito elevados (em Dezembro situava-se nos 9,4%) e o défice federal situa-se em níveis próximos dos 10% do PIB.

Neste contexto, e numa altura em que já se iniciou a contagem decrescente para as eleições presidenciais, é natural que o discurso de Obama (mais uma vez formalmente muito bom) tenha-se centrado nas questões do emprego, na competitividade através do reforço da educação e do investimento em I&D e no investimento em infra-estruturas tendo estabelecido como objectivo para os próximos 25 anos "to give 80 percent of Americans access to high-speed rail", ao mesmo tempo que defendeu uma simplificação da tributação sobre as empresas que permita reduzir a taxa do imposto sem perda de receita e uma simplificação da regulação. A nível económico saliente-se, ainda, a aposta nas exportações relativamente às quais fixou o objectivo de duplicarem até 2014 e a proposta de congelamento da despesa federal durante os próximos 5 anos.

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