As declarações de Rui Pedro Soares ontem na AR vieram comprovar à saciedade a necessidade imperiosa de constituição de uma comissão de inquérito parlamentar. Para além da insegurança nas afirmações, dos silêncios – invocando sigilo profissional – relativamente aos aspectos essências da condução do negócio, destas declarações ressaltaram diversas contradições.
Relativamente à questão de quem "mandava" na publicidade “[Rui Pedro Soares] começou por dizer que quem tratava da compra da publicidade da PT nos jornais, televisões e rádios era a empresa PT-Compras, distanciando-se de qualquer relação comercial entre a empresa e os meios de comunicação social”, mas “João Oliveira [deputado do PCP] refere um relatório da PT-Compras em que Rui Pedro Soares aparecia como administrador executivo para a área do marketing. Porém, o ex-administrador garantiu que a competência da publicidade era de Carlos Barbosa, que em declarações à Lusa terá garantido que “após a sua saída, Rui Pedro Soares «tomou conta de toda a publicidade»”, tendo passado “«a controlar toda a publicidade, patrocínios e promoções. Aliás, foi ele que negociou as equipas de futebol a seguir a mim»”, disse ainda Carlos Barbosa.” (ver aqui).
Apesar de me parecer substancialmente menos importante, também não deixa de ser curiosa a (aparente) contradição entre a sua declaração de que “Golden share não podia vetar o negócio da TVI” e as declarações de José Sócrates (26 de Junho de 2009): “O Governo decidiu falar esta manhã com a administração da PT para comunicar que se vai opor a que esse negócio possa ser feito”.
E, obviamente, afirmações como "Eu não estava em representação do Estado. Eu fui eleito numa lista de 25 nomes proposta pela Caixa Geral de Depósitos e pelo Banco Espírito Santo", afirmou Rui Pedro Soares aos deputados, contando também ter sido convidado pelo presidente da empresa, Henrique Granadeiro, para integrar a administração” , sendo formalmente correctas, apenas podem ser interpretadas como uma tentativa de aprofundar a confusão, pois como se disse aqui “A chamada golden share atribuiu uma série de poderes ao Governo sendo o mais relevante, para os políticos, a capacidade de vetar nomes do conselho de administração já que um terço destes têm de ter o aval do Estado. Esta possibilidade permite colocar na PT os boys socialistas ou sociais-democráticos, dependendo de quem está no poder”.
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