O primeiro-ministro veio hoje a terreiro negar que o Governo tenha dada alguma vez orientações à PT para comprar uma estação de televisão. Confesso que não fiquei muito convencido, talvez porque a sua afirmação de que "mantinha tudo o que disse no Parlamento" me fez recordar a distinção entre ter "conhecimento" e ter "conhecimento oficial", mas trata-se de matéria sobre a qual esperemos que o Parlamento possa esclarecer quanto ao que realmente se passou.
Do ponto de vista formal e político não me pareceu que a declaração tivesse sido particulartmente feliz, porque me pareceu proferida num tom demasiado professoral e julgo que exagerou no tom das críticas aos restantes partidos - o que não me parece constituir nada bom prenúncio para a capacidade do Governo em encontrar os necessários apoios parlamentares. Mas sobretudo temo que através a sua declaração, a do Ministro da Justiça e as da Associação Sindical dos Juízes, o foco da atenção mediática se centre nas figuras do Procurador-Geral da República e do Supremo Tribunal de Justiça e aumente, ainda mais, a confusão entre os planos político e jurídico.
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