quarta-feira, 29 de junho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
Um Governo com claro pendor técnico
A lista dos Secretários de Estado confirma não só que vamos ter um Governo com um claro pendor técnico, com uma clara aposta nos independentes. Uma aposta nos independentes que resulta quase exclusivamente das escolhas do PSD - que indicou 19 dos 20 independentes que integram o Governo - enquanto que o CDS-PP preferiu apostar em militantes indicando apenas um independente, curiosamente para a Secretaria de Estado da Agricultura.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Não são boas notícias
Segundo o Diário Económico "Na próxima quarta-feira, o INE vai revelar as contas nacionais trimestrais por sector institucional, o que permitirá verificar que o défice total das Administrações Públicas, em contabilidade nacional - a que interessa para Bruxelas -, está longe dos 5,9% definidos para o conjunto do ano. De acordo com informações recolhidas pelo Diário Económico, nos primeiros três meses do ano, o défice deve estar acima dos 7%, o que coloca pressão ao novo Governo. A nova equipa governativa encontra uma situação orçamental pior do que o esperado e tem, portanto, menos de um semestre para corrigir a dimensão do défice, o que deverá obrigar a mais medidas de austeridade."
A confirmarem-se os dados em si nada têm de muito surpreendente e apenas confirma a escassa margem de manobra e a dimensão da díficil tarefa que o novo Governo tem pela frente e não faltará quem e venha injustamente dizer que isto corresponde a mais um PEC logo após um Conselho Europeu e que nada mudou. Não creio que seja assim, desengane-se quem esperava milagres, mas pelo menos temos agora um Governo que parece disposto a encarar frontalmente os problemas económicos e financeiros do país.
A confirmarem-se os dados em si nada têm de muito surpreendente e apenas confirma a escassa margem de manobra e a dimensão da díficil tarefa que o novo Governo tem pela frente e não faltará quem e venha injustamente dizer que isto corresponde a mais um PEC logo após um Conselho Europeu e que nada mudou. Não creio que seja assim, desengane-se quem esperava milagres, mas pelo menos temos agora um Governo que parece disposto a encarar frontalmente os problemas económicos e financeiros do país.
sábado, 25 de junho de 2011
A polémica em torno dos Governadores Civis
No programa do PSD propunha-se "Extinguir os Governos" considerando tratarem-se de "estruturas completamente anquilosadas, sem sentido e sem justificação". Proposta que parece aliás merecer um largo consenso nacional pois ainda não vi ninguém defender de forma convincente a sua manutenção nos moldes de funcionamento actuais e, pelo contrário parece existir um acordo generalizado no sentido de que poderão, e deverão, ser facilmente substituídos.
É certo que essa extinção implica uma revisão constitucional e que haverá que assegurar que, como terá que ocorrer, as competências em matéria de representação administrativa do Governo, emissão de passaportes, coordenação da segurança e protecção civil e de organização dos processos eleitorais sejam atribuídas a outrras instituições que as possam exercer de forma mais eficaz e com menores custos.
Neste contexto a decisão do primeiro-ministro de não nomear novos governadores civis surge não só coerente com os compromissos eleitorais como lógica e sensata, pois parece-me que seria manifestamente preferível manter os actuais governadores nos respectivos cargos até que se verifique a anunciada extinção destes organismos.
É certo que essa extinção implica uma revisão constitucional e que haverá que assegurar que, como terá que ocorrer, as competências em matéria de representação administrativa do Governo, emissão de passaportes, coordenação da segurança e protecção civil e de organização dos processos eleitorais sejam atribuídas a outrras instituições que as possam exercer de forma mais eficaz e com menores custos.
Neste contexto a decisão do primeiro-ministro de não nomear novos governadores civis surge não só coerente com os compromissos eleitorais como lógica e sensata, pois parece-me que seria manifestamente preferível manter os actuais governadores nos respectivos cargos até que se verifique a anunciada extinção destes organismos.
Os primeiros meses de funcionamento do Aeroporto de Beja
De acordo com o jornal Expresso de hoje o aeroporto de Beja inaugurado no passado dia 14 de Abril com um custo de 33 milhões de euros só abre aos domingos de manhã e no último domingo o avião semanal de Londres apenas trouxe 7 passageiros e desde 22 de Maio apenas recebeu 117 passageiros. Números absolutamente desoladores que no entanto não desanimam o administrador da ANA responsável pelo aeroporto que avalia os dois primeiros meses de funcionamento do aeroporto com Muito Bom e considera o meio milhar de reservas para as 22 roitações do charter como um número assinalável.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Ler os Outros: Interesse Humano - Jorge Mourinha
"Tenho a impressão que a tomada de posse do novo governo foi um dos momentos mais significativos para compreender as actuais tendências da informação televisiva. (...) ele foi a Vespa de Pedro Mota Soares, a cor do vestido de Teresa Caeiro, o esposo e os pais de Assunção Cristas, os amigos de Preso Passo Coelho (...) Chamemos os bois pelos nomes: foi ridículo. E foi tão ridículo quanto significatibo, porque num momento em que a política deveria ser precisamente entendida como um acto da máxima seriredade, a cobertura preferiu focar-se no que se menos sério, mais leviano, mais fútil a ocasião tinha. Isto talvez não me devesse surpreender. Mas desanimou-me."
(excerto da crónica publicada ontem no jornal Público)
(excerto da crónica publicada ontem no jornal Público)
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Não vão ser tempos fáceis !
Como se já não bastasse a situação de recessão, a situação de algumas empresas que vai obrigar o Governo a dispersar-se a apagar fogos (ver, por exemplo, aqui e aqui) e os prazos extremamente exigentes impostos pelo acordo de assistência externa para aplicação de medidas de austeridade, as declarações dos representantes da UGT recusando medidas que vão para além das exigidas por esse acordo e, principalmente, da CGTP "colocando em cima da mesa a hipótese de novas greves e manifestações contra os problemas que Portugal enfrenta" ontem proferidas à saída do seu encontro com o novo executivo revelam que este Governo não só não vai beneficiar de qualquer período de "estado de graça" e poderá mesmo contar com uma forte contestação social.
Contestação que vai certamente contar com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda e, pelo menos, com a simpatia de sectores do PS. Neste contexto, será particularmente importante a coesão e união do Governo e da coligação de partidos que o apoia, mas também a atitude da futura liderança do PS relativamente à qual a recusa de José Seguro de uma revisão constitucional constitui um mau sinal .
Contestação que vai certamente contar com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda e, pelo menos, com a simpatia de sectores do PS. Neste contexto, será particularmente importante a coesão e união do Governo e da coligação de partidos que o apoia, mas também a atitude da futura liderança do PS relativamente à qual a recusa de José Seguro de uma revisão constitucional constitui um mau sinal .
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Ler os Outros: Revisitação - Rui Tavares
"(...) Primeiro, o independente faz falta. Depois o independente começa a não dar jeito. E, finalmente, abre-se a caça ao independente. (...)
Curiosamente, é quando Louçã reconece a custo o «erro da troika» que os esforços para purgar os mensageiros que primeiro o avisaram desse erro redobram. Mas quem conhece estas coisas não se surpreende. O chefe dá um sinal ambíguo, os acólitos tratarão do resto. Isto parece-se demasiado com a velha esquerda.(...)"
(excerto da crónica publicada no Público de hoje)
Curiosamente, é quando Louçã reconece a custo o «erro da troika» que os esforços para purgar os mensageiros que primeiro o avisaram desse erro redobram. Mas quem conhece estas coisas não se surpreende. O chefe dá um sinal ambíguo, os acólitos tratarão do resto. Isto parece-se demasiado com a velha esquerda.(...)"
(excerto da crónica publicada no Público de hoje)
A eleição de Assunção Esteves
Saúdo a eleição de Assunção Esteves para Presidente da Assembleia da República com uma votação expressiva não apenas pelo facto de ser a primeira mulher a ocupara o cargo mas sobretudo pelo bom discurso que fez em que demonstrou humildade e espírito de missão e do qual registei particularmente a afirmação de que "Os lugares verdadeiramente são definidos pelas pessoas e não as pessoas pelos lugares. Eu não venho aqui conformar nenhum lugar, mas espero pelo menos com o meu comportamento não lhe retirar nunca prestígio e tentar dignificá-lo com sentido de missão".
terça-feira, 21 de junho de 2011
A tomada de posse do XIX Governo
Sinceramente gostei bastante dos discursos quer do Presidente da República e quer do primeiro-ministro na cerimónia de tomada de posse do Governo.
Do discurso do Presidente da República realço sobretudo o apelo ao Governo para "saber dialogar e obter consensos partidários que vão para além da maioria que o sustenta" e ao "diálogo e a concertação com os agentes económicos e sociais" e à oposição para que tenha "uma atitude construtiva e responsável", e na chamada de atenção para a gravidade dos problemas económicos, financeiros e sociais que o país enfrentaem que retomando muitos dos pontos do seu discurso nas comemorações do 25 de Abril, realçando a importância de uma cultura baseada no exemplo que premeie o mérito e a competência e promova uma justa repartição dos sacrificios.
Enquanto do discurso do primeiro-ministro ressalta uma visão estratégica de "uma sociedade mais aberta e dinâmica do ponto de vista social, económico e político" e de "um país aberto ao mundo globalizado, à Europa, aos países de expressão portuguesa, às potências emergentes", com menos Estado e melhor Estado e a definição de forma bastante clara as tarefas prioritárias do novo Governo: i) estabilizar as finanças publicas, ii) apoiar os mais necessitados e iii) fazer crescer a economia e o emprego, com uma aposta na "desvalorização fiscal" (através da descida da TSU) e num "Programa Nacional de Poupança com o intuito de elevar a taxa de poupança para reduzir o endividamento das famílias e das empresas, e que inclui um esforço de atracção das poupanças dos portugueses que vivem no estrangeiro".
Do discurso do Presidente da República realço sobretudo o apelo ao Governo para "saber dialogar e obter consensos partidários que vão para além da maioria que o sustenta" e ao "diálogo e a concertação com os agentes económicos e sociais" e à oposição para que tenha "uma atitude construtiva e responsável", e na chamada de atenção para a gravidade dos problemas económicos, financeiros e sociais que o país enfrentaem que retomando muitos dos pontos do seu discurso nas comemorações do 25 de Abril, realçando a importância de uma cultura baseada no exemplo que premeie o mérito e a competência e promova uma justa repartição dos sacrificios.
Enquanto do discurso do primeiro-ministro ressalta uma visão estratégica de "uma sociedade mais aberta e dinâmica do ponto de vista social, económico e político" e de "um país aberto ao mundo globalizado, à Europa, aos países de expressão portuguesa, às potências emergentes", com menos Estado e melhor Estado e a definição de forma bastante clara as tarefas prioritárias do novo Governo: i) estabilizar as finanças publicas, ii) apoiar os mais necessitados e iii) fazer crescer a economia e o emprego, com uma aposta na "desvalorização fiscal" (através da descida da TSU) e num "Programa Nacional de Poupança com o intuito de elevar a taxa de poupança para reduzir o endividamento das famílias e das empresas, e que inclui um esforço de atracção das poupanças dos portugueses que vivem no estrangeiro".
Ler os Outros: Comprar tempo - Luciano
"(...) um incumprimento na Grécia (e/ou em Portugal e/ou noutros países) é mais do que isto. Através dele, a UE reconhece (sem reconhecer) que a solidariedade entre os países-membros tem limites bem apertados. Na realidade, tudo o que foi feito até agora, incluindo a possibilidade de incumprimento, não passa de um conjunto de acções que visa comprar tempo, procurando evitar o momento em que a UE teria de se assumir enquanto união orçamental (e, logo, política). Ou isso, ou admitir que a União Monetária não tem viabilidade, o que é o exacto contrário do anterior, ou seja, que os países que a constituem devem seguir caminho fora dela. Como estas alternativas estão, por enquanto, no reino do inimaginável, compra-se tempo na esperança da ocorrência de qualquer coisa (o quê?) que acabe com o imbróglio."
(Retirado daqui)
(Retirado daqui)
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Às vezes há duas sem três
Depois de falhar a eleição para Presidente da Assembleia da República Fernando Nobre, que depois de ficar a 10 votos da eleição na primeira tentativa obteve menos um voto na segunda registando em qualquer dos casos um resultado inferior ao número de deputados do PSD, reconheceu não ter as condições para uma terceira tentativa, libertando Pedro Passos Coelho do compromisso que este havia assumido e que lhe custou uma derrota que não sendo grave não deixa de constituir um início de legislatura pouco auspicioso que coloca o presidente do PSD na situação pouco confortável de fazer uma segunda escolha.
Entrevista de Francisco Assis
Numa entrevista em que revela uma procupação de adaptação do programa do PS às novas soluções considerando que "A defesa do Estado-Providência tem de adaptar-se às novas circunstâncias", Francisco Assis revela na entrevista ao jornal Público, publicada no passado sábado, comparativamente a António José Seguro, uma atitude de maior abertura ao diálogo com o Governo PSD/CDS-PP, inclusive no tema sensível da revisão constitucional relativamente ao qual afirma que "O PS não pode ter uma posição imobilista" e tal significa "significa procurar soluções mais inovadoras", sem cair em posições liberais. Sendo ainda de salientar a assunção clara dos compromissos constantes do memorando de entendimento com a União Europeia e o FMI e a reafirmação da necessidade de estabilidade política e de que a legislatura decorra normalmente.
domingo, 19 de junho de 2011
Francisco Louçã e Rui Tavares
sábado, 18 de junho de 2011
Ler os Outros: Um pic-nic no centro de Lisboa - Luis Menezes Leitão
"O que se está a passar presentemente no Centro de Lisboa é inaceitável e indigno de uma capital europeia. Efectivamente, não me parece minimamente adequado que o centro de uma cidade possa ser entregue a uma empresa privada para realização de pic-nics com evidente intuito publicitário. Mas é gravíssimo que tal implique o corte de um eixo viário fundamental na cidade de Lisboa, prejudicando os cidadãos que todos os dias têm que se deslocar para o emprego. Cabe perguntar como é que a Câmara de Lisboa pode autorizar esta iniciativa? (...)" (meu sublinhado)
(cotinua aqui)
(cotinua aqui)
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Sobre a formação do Governo
O primeiro aspecto a salientar é a brevidade e sigilo com que decorreu o processo de formação do XIX Governo Constitucional, do qual ressaltam, ainda, a juventude do elenco de ministros (idade média 47 anos sendo que todos têm menos de 60 anos) e o facto de integrar 4 ministros independentes de inegável qualidade técnica em ministérios que serão decisivos para alcançar os objectivos definidos no memorando de entendimento com a União Europeia e o FMI cujo cumprimento será essencial para que seja possível recuperar e relançar a economia portuguesa numa base sustentável.
Composição do Governo
De acordo com o Diário Económico os ministros do próximo Governo serão:
Finanças - Vítor Gaspar
Economia - Álvaro Santos Pereira
Negócios Estrangeiros - Paulo Portas
Justiça - Paula Teixeira da Cruz
Administração Interna - Miguel Macedo
Assuntos Parlamentares - Miguel Relvas
Educação e Ensino Superior - Nuno Crato
Segurança Social - Pedro Mota Soares
Agricultura, Ambiente e Território - Assunção Cristas
Saúde - Paulo Macedo
Defesa - Aguiar-Branco
Finanças - Vítor Gaspar
Economia - Álvaro Santos Pereira
Negócios Estrangeiros - Paulo Portas
Justiça - Paula Teixeira da Cruz
Administração Interna - Miguel Macedo
Assuntos Parlamentares - Miguel Relvas
Educação e Ensino Superior - Nuno Crato
Segurança Social - Pedro Mota Soares
Agricultura, Ambiente e Território - Assunção Cristas
Saúde - Paulo Macedo
Defesa - Aguiar-Branco
A entrevista de António José Seguro
Na entrevista ao Público, António José Seguro ao mesmo tempo que reconhece a importância da estabilidade governativa para superar a situação em que o país se encontra, admitindo mesmo acordos de incidência parlamentar com o Governo indica claramente a forma como entende que o PS deve fazer oposição ao distinguir as medidas do memorando de entendimento em que as "medidas são clarissimas e não se pode ir por outro caminho" e aquelas em que "o objectivo é ir buscar à Saúde 1000 milhões de euros ou diminuir a despesa na Educação em 50 milhões de euros" - e não será por acaso a referÊncia a estes sectores - que pode ser atingido de maneiras diferentes e ao, embora admitindo discutir propostas de revisão constitucional caso a caso, afirmar com firmeza que com ele "não haverá votos do PS para o PSD fazer a revisão constitucional que apresentou no Verão".
De notar, ainda, a afirmação de que tem o de dever de ter o PS rapidamente preparado e disponível para, a qualquer momento, apresentar uma alternativa governamental, apontando mesmo que espera concluir no primeiro semestre de 2012 o processo para "de uma maneira mais concentrada, desenvolver essa proposta política" e a de que não tem "intenções de deixar o Governo à solta".
De notar, ainda, a afirmação de que tem o de dever de ter o PS rapidamente preparado e disponível para, a qualquer momento, apresentar uma alternativa governamental, apontando mesmo que espera concluir no primeiro semestre de 2012 o processo para "de uma maneira mais concentrada, desenvolver essa proposta política" e a de que não tem "intenções de deixar o Governo à solta".
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Ler os Outros: A "democracia real" - Jorge Almeida Fernandes
"A palavra de ordem «democracia real, já!» contém uma perigosa ambiguidade. Implica uma crítica dos sistemas políticos que deixaram de funcionar eficazmente e reflecte um problema da representação política, sobretudo na Europa do Sul. Mas o carácter vago da reinvidicação não aponta nenhuma reforma precisa.
Limita-se a adjectivar - uma vez mais de forma ambígua - o termo democracia. Designa a vontade de participação dos cidadãos, um factor de renovação do sistema político ou uma utopia anarquista ? As reportagens sobre «acampados» indiciam mais uma porazça em catarse de frustrações do que um fórum de debate político.
Por uma curiosa ironia da história, os movimentos de «indignados» inspiraram-se nos jovens árabes de Tunes ou da Praça Tahrir.
Mas, como ironizou Felipe González, os jovens árabes querem votar como nós e nós proclamamos a inutilidade de votar. Os árabes batiam-se por derrubar autocratas e serviram-se da Internet e do Twitter para comunicarem. Os espanhóis usam naturalmente os mesmos meios, mas são tentados a tomá-los como um sucedâneo da representação política: o mito da democracia directa instantânea, genialmente traduzido na ideia de «parlamento digital». É quase automático o deslize para um populismo à moda do americano Ross perot, quando sonhou substituir o pesado (e dispendioso) processo de decisão do congrezzo pela deliberação instântanea dos cidadãos. Os «indignados» são um sintoma não dão uma resposta. (...)"
(excerto da excelente crónica de Jorge Almeida Fernandes publicada no Público de hoje)
Limita-se a adjectivar - uma vez mais de forma ambígua - o termo democracia. Designa a vontade de participação dos cidadãos, um factor de renovação do sistema político ou uma utopia anarquista ? As reportagens sobre «acampados» indiciam mais uma porazça em catarse de frustrações do que um fórum de debate político.
Por uma curiosa ironia da história, os movimentos de «indignados» inspiraram-se nos jovens árabes de Tunes ou da Praça Tahrir.
Mas, como ironizou Felipe González, os jovens árabes querem votar como nós e nós proclamamos a inutilidade de votar. Os árabes batiam-se por derrubar autocratas e serviram-se da Internet e do Twitter para comunicarem. Os espanhóis usam naturalmente os mesmos meios, mas são tentados a tomá-los como um sucedâneo da representação política: o mito da democracia directa instantânea, genialmente traduzido na ideia de «parlamento digital». É quase automático o deslize para um populismo à moda do americano Ross perot, quando sonhou substituir o pesado (e dispendioso) processo de decisão do congrezzo pela deliberação instântanea dos cidadãos. Os «indignados» são um sintoma não dão uma resposta. (...)"
(excerto da excelente crónica de Jorge Almeida Fernandes publicada no Público de hoje)
Futuros magistrados a apanhados a copiar
A decisão de atribuir dez a todos os "auditores de Justiça" apanhados a copiar num teste de "Investigação Criminal e Gestão do Inquérito (ICGI)" significa que, pelo mesmo para os "cábulas", neste caso o "crime" compensou. Independentemente das consequências, admitindo que seria impossível identificar com segurança quem tinha ou não participado na "brincadeira" por forma a excluí-los, a repetição do exame.
E, já agora, parecendo que se tratou de um caso de "copianço" generalizado não seria caso para questionar a diligência na actuação dos vigilantes ?
E, já agora, parecendo que se tratou de um caso de "copianço" generalizado não seria caso para questionar a diligência na actuação dos vigilantes ?
A insistência do PSD na escolha de Nobre
A ausência de acordo entre PSD e CDS-PP relativamente à eleição de Fernando Nobre para Presidente da Assembleia da República e a insistência de Pedro Passos Coelho neste nome revela que o primeiro-ministro é um homem de palavra - aceitando correr o risco de sofre uma primeira derrota política que a suceder não sendo particularmente grave não deixará de constituir um mau começo - mas também um sinal de que o CDS-PP de Paulo Portas não aceita um papel de parceiro menor no Governo e vai reinvidicar a sua participação activa em todas as decisões mais importantes que a cologação tiver que tomar.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Já há acordo PSD / CDS
O anúncio de que PSD e CDS alcançaram um acordo político para a formação de um Governo que deve ser conhecido nos próximos dias, embora esperado constitui sem dúvida uma boa notícia para a estabilidade e coesão da futura maioria que constitui um posto essencial para implementar as medidas duras e enfrentar a provável contestação que muitas delas irão enfrentar, como resulta claro quer das declarações de Francisco Louçã à saída da audiência com o Presidente da República quer da entrevista de António Costa em que refere que "Uma coisa é, aprovar e apoiar as medidas que estão acordadas pelo Estado português e outra coisa é aprovar e, apoiar as medidas propostas por um programa de um partido, para além do previsto no Acordo". Ora, dado o natural grau de indefinição das medidas que constam do memorando com a troika não será excessivamente dificil ao PS - se for essa a sua intenção - encontrar pretextos para se demarcar das medidas que o futuro Governo vier a tomar e juntar-se à contestação dos partidos à sua esquerda, "cavalgando" eventuais movimentos de contestação social.
terça-feira, 14 de junho de 2011
Deitados no Rossio pela "democracia verdadeira"
É tão fácil sobrevalorizar como subvalorizar os movimentos de jovens "acampados" nas praças ibéricas.
Um movimento que tem algo de mimético dos que - em condições incomparavelmente mais adversas nos países do norte de África e Médio Oriente lutam pela democracia que os movimentos ibéricos refutam -, mas que surge sobretudo como um movimento de jovens desiludidos com a democracia parlamentar atraídos por um anarquismo romântico que transparece em slogans como "Mais amor na política" que têm tanto de poético e utópico, sem liderança política, sem programa ou, sequer, quaisquer objectivos definidos.
Um movimento ultra minoritário e com fraca capacidade de mobilização (segundo a imprensa a acção no Rossio contou com apenas cerca seis dezenas de participantes) apesar da exposição mediática - em termos bastante favoráveis - que o tem sobrevalorizado, mas que não deixa apesar de tudo de constituir um sintoma de um mal-estar difuso e que apela ao sentimento generalizado de uma crise de representatividade da sociedade pelos partidos políticos.
Um sentimento perigoso e que não deve ser menosprezado pois afecta o âmago das fundações dos regimes parlamentares e que corre o risco de se acentuar com as dificuldades económicas e sociais que se irão acentuar nos próximos trimestres e que vai exigir um esforço particular do Governo na explicação das medidas e uma atitude responsável daquela que vier a ser a nova liderança do Partido Socialista.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Não tenho ambições nem desejos - Fernando Pessoa (que nasceu num dia 13 de Junho)
Não tenho ambições nem desejos.
ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sózinho.
...
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar...
...
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
...
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Pina - Wim Wenders
Um filme que é muito mais do que um documentário. É um olhar sobre uma grande personagem cuja obra Wim Wenders nos dá a conhecer cruzando imagens de palco com cenas exteriores, às vezes em espaço urbano outras vezes na natureza, em que os bailarinos da companhia de Pina Bausch e algumas imagens de arquivo, que são intercalados com as recordações daqueles que com ela trabalharam dos conselhos que ela lhes deu e que vão ilustrando as suas técnicas de trabalho, a sua dedicação e humanidade.
Um filme que nos fascina pela extraordinária expressividade das coreografias de Pina Bausch e pela personalidade singular de alguém que, utilizando o comentário de um dos seus bailarinos, foi uma "exploradora radical" da natureza humana (que no filme expressa na interrogação "What are we longing for? Where does all this yearning come from?") e que ela tão bem foi capaz de captar na sua fragilidade, na sua dor e sofrimento mas também na sua força de viver.
domingo, 12 de junho de 2011
Um aviso sério sobre a política de defesa europeia
O discurso do Secretário de Estado de Defesa dos EUA sobre o futuro da NATO em que questiona a própria viabilidade do futuro da aliança constitui um aviso muito sério à política de defesa europeia (os sublinhados são meus).
Neste discurso ressaltam as críticas às capacidades militares e à vontade política dos países europeus face ao conflito no Afeganistão relativamente ao qual refere "Despite more than 2 million troops in uniform – NOT counting the U.S. military – NATO has struggled, at times desperately, to sustain a deployment of 25- to 40,000 troops, not just in boots on the ground, but in crucial support assets such as helicopters, transport aircraft, maintenance, intelligence, surveillance and reconnaissance, and much more" (meu sublinhado), mas sobretudo uma avaliação durissima da actuação da Europa na Líbia, considerando em relação a esta operação que "it has become painfully clear that similar shortcomings – in capability and will –have the potential to jeopardize the alliance’s ability to conduct an integrated, effective and sustained air-sea campaign" (meu sublinhado) apesar de se tratar de uma operação com apoio político generalizado, não envolve tropas no solo e constituir uma zona de interesse estratégico para a Europa revelou "shortcomings caused by underfunding", destacando que apesar de "every alliance member voted for Libya mission, less than half have participated at all, and fewer than a third have been willing to participate in the strike mission. Frankly, many of those allies sitting on the sidelines do so not because they do not want to participate, but simply because they can’t. The military capabilities simply aren’t there". Advertindo que "The most advanced fighter aircraft are little use if allies do not have the means to identify, process, and strike targets as part of an integrated campaign. To run the air campaign, the NATO air operations center in Italy required a major augmentation of targeting specialists, mainly from the U.S., to do the job – a “just in time” infusion of personnel that may not always be available in future contingencies. We have the spectacle of an air operations center designed to handle more than 300 sorties a day struggling to launch about 150. Furthermore, the mightiest military alliance in history is only 11 weeks into an operation against a poorly armed regime in a sparsely populated country – yet many allies are beginning to run short of munitions, requiring the U.S., once more, to make up the difference".
Chamando a atenção para face à dificuldade em aumentar os orçamentos de defesa alterar as prioridades na alocação desses recursos elogiando os exemplos da Noruega, Dinamarca, Bélgica e Canadá mas deixando claro que se tratam de casos escepcionais no contexto da aliança ao afirmar que "The non-U.S. NATO members collectively spend more than $300 billion U.S. dollars on defense annually which, if allocated wisely and strategically, could buy a significant amount of usable military capability. Instead, the results are significantly less than the sum of the parts. This has both shortchanged current operations but also bodes ill for ensuring NATO has the key common alliance capabilities of the future." E advertindo que caso isso não seja feito a NATO enfrenta o sério risco de se tornar irrelevante num contexto em que as pressões orçamentais colocam limites ao orçamento de defesa dos EUA obrigando-o a (re)definir prioridades e alertando que "for most of the Cold War U.S. governments could justify defense investments and costly forward bases that made up roughly 50 percent of all NATO military spending. But some two decades after the collapse of the Berlin Wall, the U.S. share of NATO defense spending has now risen to more than 75 percent – at a time when politically painful budget and benefit cuts are being considered at home. The blunt reality is that there will be dwindling appetite and patience in the U.S. Congress – and in the American body politic writ large – to expend increasingly precious funds on behalf of nations that are apparently unwilling to devote the necessary resources or make the necessary changes to be serious and capable partners in their own defense. Nations apparently willing and eager for American taxpayers to assume the growing security burden left by reductions in European defense budgets".
Neste discurso ressaltam as críticas às capacidades militares e à vontade política dos países europeus face ao conflito no Afeganistão relativamente ao qual refere "Despite more than 2 million troops in uniform – NOT counting the U.S. military – NATO has struggled, at times desperately, to sustain a deployment of 25- to 40,000 troops, not just in boots on the ground, but in crucial support assets such as helicopters, transport aircraft, maintenance, intelligence, surveillance and reconnaissance, and much more" (meu sublinhado), mas sobretudo uma avaliação durissima da actuação da Europa na Líbia, considerando em relação a esta operação que "it has become painfully clear that similar shortcomings – in capability and will –have the potential to jeopardize the alliance’s ability to conduct an integrated, effective and sustained air-sea campaign" (meu sublinhado) apesar de se tratar de uma operação com apoio político generalizado, não envolve tropas no solo e constituir uma zona de interesse estratégico para a Europa revelou "shortcomings caused by underfunding", destacando que apesar de "every alliance member voted for Libya mission, less than half have participated at all, and fewer than a third have been willing to participate in the strike mission. Frankly, many of those allies sitting on the sidelines do so not because they do not want to participate, but simply because they can’t. The military capabilities simply aren’t there". Advertindo que "The most advanced fighter aircraft are little use if allies do not have the means to identify, process, and strike targets as part of an integrated campaign. To run the air campaign, the NATO air operations center in Italy required a major augmentation of targeting specialists, mainly from the U.S., to do the job – a “just in time” infusion of personnel that may not always be available in future contingencies. We have the spectacle of an air operations center designed to handle more than 300 sorties a day struggling to launch about 150. Furthermore, the mightiest military alliance in history is only 11 weeks into an operation against a poorly armed regime in a sparsely populated country – yet many allies are beginning to run short of munitions, requiring the U.S., once more, to make up the difference".
Chamando a atenção para face à dificuldade em aumentar os orçamentos de defesa alterar as prioridades na alocação desses recursos elogiando os exemplos da Noruega, Dinamarca, Bélgica e Canadá mas deixando claro que se tratam de casos escepcionais no contexto da aliança ao afirmar que "The non-U.S. NATO members collectively spend more than $300 billion U.S. dollars on defense annually which, if allocated wisely and strategically, could buy a significant amount of usable military capability. Instead, the results are significantly less than the sum of the parts. This has both shortchanged current operations but also bodes ill for ensuring NATO has the key common alliance capabilities of the future." E advertindo que caso isso não seja feito a NATO enfrenta o sério risco de se tornar irrelevante num contexto em que as pressões orçamentais colocam limites ao orçamento de defesa dos EUA obrigando-o a (re)definir prioridades e alertando que "for most of the Cold War U.S. governments could justify defense investments and costly forward bases that made up roughly 50 percent of all NATO military spending. But some two decades after the collapse of the Berlin Wall, the U.S. share of NATO defense spending has now risen to more than 75 percent – at a time when politically painful budget and benefit cuts are being considered at home. The blunt reality is that there will be dwindling appetite and patience in the U.S. Congress – and in the American body politic writ large – to expend increasingly precious funds on behalf of nations that are apparently unwilling to devote the necessary resources or make the necessary changes to be serious and capable partners in their own defense. Nations apparently willing and eager for American taxpayers to assume the growing security burden left by reductions in European defense budgets".
Ler os Outros: Sempre o mesmo - Pacheco Pereira
"(...) os resultados eleitorais em democracia permitem duas consequências - a legitimidade de governar e de o fazer com o programa com que se apresentou ao eleitorado -, mas não dão uma caução racional a esse programa. Ironicamente José Sócrates disse-o na sua intervenção de despedida, ele que nunca aplicou a si próprio tal distinção entre a força do voto e a razão programática. Em bom rigor, em democracia não há racionalidade no sentido filosófico a não ser como «razão política», no sentido da «razão» legitimada quer pelo voto quer pela assunção da diferença das paryes que são os partidos. Ou seja, é na sua essência plural e contraditória e não única (...)
Exactamente porque estamos em democracia, a política expressa ideologias, maneiras diferentes de ver o mundo, interesses sociais diversos, mesmo personalidades e estilos que podem convergir ou afastar-se, mas que nunca são um «partido único». Esta ideia é muito comum na concepção tecnocrática do exercício do poder que considera que as soluções técnicas são indiscutíveis e por isso devem ser aplicadas em qualquer circunstância, independentemente da vontade popular, acabando por considerar que a política e a democracia são apenas fontes de ruído que impedem o governo perfeito, um governo de «sábios», um governo de burocratas. (...)"
(excerto da crónica publicada no jornal Público de ontem)
Exactamente porque estamos em democracia, a política expressa ideologias, maneiras diferentes de ver o mundo, interesses sociais diversos, mesmo personalidades e estilos que podem convergir ou afastar-se, mas que nunca são um «partido único». Esta ideia é muito comum na concepção tecnocrática do exercício do poder que considera que as soluções técnicas são indiscutíveis e por isso devem ser aplicadas em qualquer circunstância, independentemente da vontade popular, acabando por considerar que a política e a democracia são apenas fontes de ruído que impedem o governo perfeito, um governo de «sábios», um governo de burocratas. (...)"
(excerto da crónica publicada no jornal Público de ontem)
sábado, 11 de junho de 2011
Wolf Hall - Hilary Mantel
Um excelente romance histórico sobre a vida de Thomas Cromwell, aquele que foi o principal primeiro-ministro de Henrique VIII, tendo sido o "arquitecto" da ruptura entre a coroa inglesa e o papado e da liquidação dos mosteiros, figura de origens algo obscuras e odiada na sua época e que no romance surge algo inesperada e inverosimelmente como um herói.
O romance retrata em poucas páginas a fase inicial da sua vida - sobre a qual há poucas informações - mas que a autora descreve como a de um miserável filho de um ferreiro extremamente violento que o agredia e aterrorizava que fugiu de Inglaterra aos 15 anos e que terá sido soldado mercenário, comerciante e aprendido os segredos da banca e do direito centrando-se no período após o seu regresso a Inglaterra - já depois dos 40 anos - como empregado do cardeal Wolsey - que serviu até à sua queda em desgraça e morte -, terminando o livro com a morte de Thomas More - arqui-inimigo de Wolsey e Cromwell retratado por Mantel como um homem culto mas teatral, frio e preocupado sobretudo com a sua reputação e implacável na defesa da ortodoxia "He would, for a difference in your Greek, kill you" que se manteve fiel ao papado recusando reconhecer Henrique VIII como chefe da Igreja acabando decapitado. Mostrando-nos um Thomas Cromwell como um cortesão hábil e um político e administrador competente que, apesar de (surpreendentemente) humano e piedoso, não hesitava em usar todos os meios e recursos em favor do seu Princípe.
Um homem que surge num quadro de Hans Hoblein com um ollar que a autora refere como o de um assassino e como uma figura com uma extraordinária diversidade de competências "at home in courtroom or waterfront, bishop's palace or inn yard. He can draft a contract, train a falcon, draw a map, stop a street fight, furnish a house and fix a jury" fluente em diversas línguas, culto e com uma presença física intimidatória.
Mas o romance vale sobretudo pela visão que nos dá de uma época crucial da Inglatrerra e da Europa, marcada pelas disputas religiosas entre católicos e protestantes e o pulsar da corte de Henrique VIII ainda assombrada pelas memórias da Guerra Civil (a chamada Guerra das Rosas) que deu origem à dinastia dos Tudor e pela obsessão do rei em conseguir um herdeiro que garantisse a continuidade da dinastia, cujo reinado ficou marcado pelo seu divórcio da rainha Catarina de Aragão e o seu casamento com Ana de Bolena personagem por quem a autora não consegue esconder a sua admiração apresentando-a como uma mulher formidável mas impulsiva.
Uma época em que a vida era precária e a morte e as epidemias que vitimaram a mulher e filhas de Thomas Cromwell numa das passagens mais emociontes do livro em que no seu luto se apoia na - proibida - biblia em inglês do Tyndale "now abideth faith, hope and love, even these three; but the greatest of these is love". E em que a queda estava sempre próxima e a execução foi o destino das principais personagens do livro incluindo o herói que veio a ser executado em 1540 sob a acusação de traição, heresia e corrupção, sobrevivendo apenas 8 anos a Thomas More e 4 anos a Ana de Bolena, para cuja queda Cromwell terá contribuído.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Discurso do 10 de Junho do Presidente da República
Sinceramente gostei do discurso do Presidente da República em que chamando a atenção para os problemas estruturais da desrtificação do interior e do défice orçamental mas não deixando de ter como pano de fundo a dificil situação em que Portugal se encontra e alertando para que "Não podemos falhar. Os custos seriam incalculáveis. Assumimos compromissos perante o exterior e honramo-nos de não faltar à palavra dada".
E se se torna cada vez mais evidente que mesmo cumprindo os dificeis objectivos traçados no programa de assitência externa a que nos comprometemos com o FMI e a União Europeia não é certo que consigamos recuperar a confiança dos mercados financeiros internacionais isso constitui ainda mais uma razão para que devamos fazer os impossíveis para atingir esses objectivos pois não só é essa a nossa única esperança de deixarmos de estar dependentes da assitência externa como, caso mesmo assim não seja possível regressar aos mercados, será essencial que nos possamos apresentar perante essas instituições numa situação que nos permita continuar a beneficiar da sua solidariedade.
E se se torna cada vez mais evidente que mesmo cumprindo os dificeis objectivos traçados no programa de assitência externa a que nos comprometemos com o FMI e a União Europeia não é certo que consigamos recuperar a confiança dos mercados financeiros internacionais isso constitui ainda mais uma razão para que devamos fazer os impossíveis para atingir esses objectivos pois não só é essa a nossa única esperança de deixarmos de estar dependentes da assitência externa como, caso mesmo assim não seja possível regressar aos mercados, será essencial que nos possamos apresentar perante essas instituições numa situação que nos permita continuar a beneficiar da sua solidariedade.
Nunca em amor danou o atrevimento - Camões
Nunca em amor danou o atrevimento;
Favorece a Fortuna a ousadia;
Porque sempre a encolhida cobardia
De pedra serve ao livre pensamento.
Quem se eleva ao sublime Firmamento,
A Estrela nele encontra que lhe é guia;
Que o bem que encerra em si a fantasia,
São umas ilusões que leva o vento.
Abrir-se devem passos à ventura;
Sem si próprio ninguém será ditoso;
Os princípios somente a Sorte os move.
Atrever-se é valor e não loucura;
Perderá por cobarde o venturoso
Que vos vê, se os temores não remove.
Favorece a Fortuna a ousadia;
Porque sempre a encolhida cobardia
De pedra serve ao livre pensamento.
Quem se eleva ao sublime Firmamento,
A Estrela nele encontra que lhe é guia;
Que o bem que encerra em si a fantasia,
São umas ilusões que leva o vento.
Abrir-se devem passos à ventura;
Sem si próprio ninguém será ditoso;
Os princípios somente a Sorte os move.
Atrever-se é valor e não loucura;
Perderá por cobarde o venturoso
Que vos vê, se os temores não remove.
Ler os Outros: Coligação PS/BE (ou outra coisa nova) - Henrique Raposo
"No editorial de ontem do i, Ana Sá Lopes dizia que o BE perdeu metade da bancada parlamentar, porque não respeitou o pragmatismo tão do agrado dos portugueses. Ora, neste ponto, não me parece que Ana Sá Lopes tenha razão. Esta não é uma questão portuguesa. O que está aqui em causa não é uma especificidade dos portugueses, mas sim uma especificidade das democracias consolidadas: os eleitorados maduros querem soluções de governo, e não revolucionarismo de spa." (continua aqui)
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Sobre o nível de abstenção real
Com base nos dados do INE é possível fazer alguns cálculos sobre o eventual efeito de aumento dos níveis de abstenção decorrente de erros nos cadernos eleitorais.
De acordo com o INE a população residente em Portugal estimada para 31 de Dezembro de 2010 era 10,636 milhões dos quais 2,165 milhões com idade igual ou inferior a 19 anos, o que aponta para uma população residente com idade inferior a 18 anos próxima dos 1,934 milhões e um número de eleitores potenciais de cerca de 8,702 milhões bastante inferior ao número oficial de 9.429.024 eleitores.
Atendendo a que no último domingo houve 5.554.581 votantes a abstenção real andaria assim próxima dos 36,2% ou seja cerca de 4,9 pontos percentuais abaixo do valor oficial de 41,1%.
PS: Post corrigido devido a um erro de cálculo.
De acordo com o INE a população residente em Portugal estimada para 31 de Dezembro de 2010 era 10,636 milhões dos quais 2,165 milhões com idade igual ou inferior a 19 anos, o que aponta para uma população residente com idade inferior a 18 anos próxima dos 1,934 milhões e um número de eleitores potenciais de cerca de 8,702 milhões bastante inferior ao número oficial de 9.429.024 eleitores.
Atendendo a que no último domingo houve 5.554.581 votantes a abstenção real andaria assim próxima dos 36,2% ou seja cerca de 4,9 pontos percentuais abaixo do valor oficial de 41,1%.
PS: Post corrigido devido a um erro de cálculo.
O fim de um ciclo no PS
A pesada derrota eleitoral que o PS sofreu no passado domingo assinala o fim de um ciclo político que teve o seu expoente máximo nos últimos seis anos sob Sócrates mas cujas origens podem ser remontadas à direcção de António Guterres em que, à semelhança do que sucedeu um pouco por toda a Europa, os partidos sociais-democratas desenvolveram aquilo que se convencionou chamar por "terceira via" que procurava responder aos desafios económicos colocados pela globalização através de uma compatibilização da defesa da competitividade através de soluções de mercado com uma defesa de um Estado social forte.
Uma via que contudo não esteve à altura das suas promessas conduzindo a uma situação de taxas de crescimento económico baixas e aumento das desigualdades na distribuição do rendimento e que entrou definitivamente em crise com a crise económico-financeira que - no caso português somando-se a desequilíbrios que eram bastante anteriores a essa crise - conduziu a uma situação de finanças públicas insustentável para a qual, um pouco por toda a Europa, a esquerda se tem, até agora, revelado incapaz de encontrar uma alternativa.
Uma via que contudo não esteve à altura das suas promessas conduzindo a uma situação de taxas de crescimento económico baixas e aumento das desigualdades na distribuição do rendimento e que entrou definitivamente em crise com a crise económico-financeira que - no caso português somando-se a desequilíbrios que eram bastante anteriores a essa crise - conduziu a uma situação de finanças públicas insustentável para a qual, um pouco por toda a Europa, a esquerda se tem, até agora, revelado incapaz de encontrar uma alternativa.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Comentário à noite eleitoral
Uma noite eleitoral marcada por uma vitória confortável dos partidos de direita e que marca o fim de um ciclo político. Na qual ficou evidente logo que foram conhecidas as projecções dos resultados eleitorais, que não só confirmavam as indicações das sondagens da última semana para uma vitória clara do PSD e uma maioria absoluta de direita no parlamento como desde logo indicaram que o PS iria ter um resultado claramente abaixo das expetactivas ficando abaixo do limiar dos 30%. Um resultado que tornou inevitável a demissão de José Sócrates que este anunciou num discurso digno perante um PS que pareceu um pouco atordoado com a dimensão da derrota que lhe foi infligida pelo eleitorado e no qual, mesmo antes do início das declarações do seu ainda secretário-geral recentemente reeleito com uma maioria esmagadora, se sentia já a preparação para a sucessão.
Cabe agora ao PSD e ao CDS-PP a pesada responsabilidade de formar rapidamente um Governo competente e coeso para conduzir o futuro do país durante anos que, como Pedro Passos Coelho nunca escondeu e ontem uma vez mais salientou num discurso dirigido para o país, serão certamente bastante duros e exigentes. Um período que será condicionado pela necessidade imperiosa de cumprir os compromissos internacionais que Portugal assumiu perante a União Europeia e o FMI e durante os quais será provável um aumento da conflitualidade social e sindical que, como ficou hoje uma vez mais claro PCP e BE, irão procurar liderar.
Cabe agora ao PSD e ao CDS-PP a pesada responsabilidade de formar rapidamente um Governo competente e coeso para conduzir o futuro do país durante anos que, como Pedro Passos Coelho nunca escondeu e ontem uma vez mais salientou num discurso dirigido para o país, serão certamente bastante duros e exigentes. Um período que será condicionado pela necessidade imperiosa de cumprir os compromissos internacionais que Portugal assumiu perante a União Europeia e o FMI e durante os quais será provável um aumento da conflitualidade social e sindical que, como ficou hoje uma vez mais claro PCP e BE, irão procurar liderar.
Resultados eleitorais
Os resultados oficiais indicam (entre parentesis a diferença relativamente aos resultados de 2009):
PSD : 38,63% (+9,52%)
PS : 28,05% (-8,50%)
CDS-PP : 11,74% (+1,31%)
CDU: 7,94% (+0,07%)
BE: 5,19% (-4,63%)
Outros: 4,43% (+1,33%)
Brancos: 2,67% (+0,92%)
Nulos: 1,36% (-0,02%)
Em termos de deputados, quando ainda faltam eleger os quatro deputados pelo estrangeiro, estes resultados traduzem-se em 105 deputados para o PSD (+27), 73 deputados para o PS (-23), 24 deputados para o CDS-PP (+3), 16 deputados para a CDU (+1) e 8 deputados para o BE (-8).
Sendo de destacar as subidas do PSD que obteve mais cerca de 490 mil votos do que em 2009 e do CDS-PP que conseguiu mais cerca de 60 mil votos. Enquanto que os grandes derrotados são claramente o PS e BE que perderam 520 mil e 270 mil votos, respectivamente. Sendo que no caso do BE o resultado eleitoral agora obtido corresponde a pouco mais de metade do obtido em 2009 e traduziu-se na perda de metade dos lugares no parlamento.
Como aspectos salientes destacam-se, ainda, a subida da votação nos pequenos partidos (quase 250 mil votos) e dos votos brancos (quase 150 mil votos) que em conjunto com os votos nulos (75 mil) corresponderam a 8,45% dos votantes.
PSD : 38,63% (+9,52%)
PS : 28,05% (-8,50%)
CDS-PP : 11,74% (+1,31%)
CDU: 7,94% (+0,07%)
BE: 5,19% (-4,63%)
Outros: 4,43% (+1,33%)
Brancos: 2,67% (+0,92%)
Nulos: 1,36% (-0,02%)
Em termos de deputados, quando ainda faltam eleger os quatro deputados pelo estrangeiro, estes resultados traduzem-se em 105 deputados para o PSD (+27), 73 deputados para o PS (-23), 24 deputados para o CDS-PP (+3), 16 deputados para a CDU (+1) e 8 deputados para o BE (-8).
Sendo de destacar as subidas do PSD que obteve mais cerca de 490 mil votos do que em 2009 e do CDS-PP que conseguiu mais cerca de 60 mil votos. Enquanto que os grandes derrotados são claramente o PS e BE que perderam 520 mil e 270 mil votos, respectivamente. Sendo que no caso do BE o resultado eleitoral agora obtido corresponde a pouco mais de metade do obtido em 2009 e traduziu-se na perda de metade dos lugares no parlamento.
Como aspectos salientes destacam-se, ainda, a subida da votação nos pequenos partidos (quase 250 mil votos) e dos votos brancos (quase 150 mil votos) que em conjunto com os votos nulos (75 mil) corresponderam a 8,45% dos votantes.
domingo, 5 de junho de 2011
Projecções eleitorais
- SIC - Eurosondagem:
PSD: 38,3% a 42,5%
PS: 25,5% a 29,7%
CDS-PP: 11,1% a 13,9%
CDU: 6,8% a 9,0%
BE: 4,5% a 6,7%
- RTP - Univ. Católica:
PSD: 37% a 42%
PS: 26% a 30%
CDS-PP: 11% a 14%
CDU: 7% a 9%
BE: 5% a 7%
- TVI - Intercampus:
PSD: 37,7% a 42,5%
PS: 24,4% a 28,8%
CDS-PP: 10,1% a 13,7%
CDU: 6,2% a 9,4%
BE: 3,8% a 7%
Todas as projecções dão uma vitória claríssima ao PSD e uma maioria absoluta confortável ao PSD e CDS-PP, com o PS a ficar abaixo da barreira psicológica dos 30%.
PSD: 38,3% a 42,5%
PS: 25,5% a 29,7%
CDS-PP: 11,1% a 13,9%
CDU: 6,8% a 9,0%
BE: 4,5% a 6,7%
- RTP - Univ. Católica:
PSD: 37% a 42%
PS: 26% a 30%
CDS-PP: 11% a 14%
CDU: 7% a 9%
BE: 5% a 7%
- TVI - Intercampus:
PSD: 37,7% a 42,5%
PS: 24,4% a 28,8%
CDS-PP: 10,1% a 13,7%
CDU: 6,2% a 9,4%
BE: 3,8% a 7%
Todas as projecções dão uma vitória claríssima ao PSD e uma maioria absoluta confortável ao PSD e CDS-PP, com o PS a ficar abaixo da barreira psicológica dos 30%.
Legislativas - 2011
Presidente do Iemen na Arábia Saudita
Após vários meses de manifestações o Presidente do Iémen, ferido num ataque da oposição ao palácio presidencial, estará agora na Arábia Saudita para receber tratamento médico.
Embora não seja ainda claro que se trate de um abandono definitivo do poder a saída do presidente do país,está a ser festejada nas ruas.
Entretanto, voltaram a ocorrer incidentes na fronteira israelita nos montes Golã, um acontecimento que embora possa de algum modo convir ao regime sírio numa altura que tem sofrido forte contestação interna não deixa de constituir mais um sinal de instabilidade naquela região.
sábado, 4 de junho de 2011
Moon River - Audrey Hepburn
Moon river
Wider than a mile
I'm crossing you
In style some day
Oh, dream maker
You heart breaker
Wherever you're goin'
I'm goin' your way
Two drifters
Off to see the world
There's such
A lot of world to see
We're after the same
Rainbow's end
Waitin' 'round the bend
My huckleberry friend
Moon river
And me
Moon river
Wider than a mile
I'm crossing you
In style some day
Oh, dream maker
You heart breaker
Wherever you're goin'
I'm goin' your way
Two drifters
Off to see the world
There's such
A lot of world to see
We're after the same
Rainbow's end
Waitin' 'round the bend
My huckleberry friend
Moon river
And me
Coro e Orquestra Gulbenkian - Beethoven - 3 de Junho
Um bom concerto de final de temporada com uma primeira parte com a Abertura de Fidelio e Ah! perfido! interpretada por Adina Aaron e uma segunda parte preenchida com a Nona Sinfonia. Uma excelente maneira de acabar o dia e a semana.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Sondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença - Eurosondagem
A sondagem da Eurosondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença efectuada no dia 1 de Junho apresenta os seguintes resultados:
PSD: 35,5% (-0,4%)
PS: 31,0% (-0,1%)
CDS-PP: 13,0% (=)
CDU: 8,2% (+0,4%)
BE: 6,3% (+0,4%)
PS: O resultado projectado da intenção de voto resulta da seguinte média: Dia 30/05 - 10%, dia 31/05 - 20%, dia 1/06 - 30%, dia 2/06 - 40%.
PSD: 35,5% (-0,4%)
PS: 31,0% (-0,1%)
CDS-PP: 13,0% (=)
CDU: 8,2% (+0,4%)
BE: 6,3% (+0,4%)
PS: O resultado projectado da intenção de voto resulta da seguinte média: Dia 30/05 - 10%, dia 31/05 - 20%, dia 1/06 - 30%, dia 2/06 - 40%.
Notas de campanha (IV) - Um balanço
PSD – Uma campanha em crescendo. Numa fase inicial teve algumas dificuldades em contra bater as responsabilidades do chumbo do designado PEC IV no pedido de assistência financeira externa e foi prejudicado por alguma cacafonia e instabilidade relativamente a algumas propostas, de algum modo natural atendendo à elaboração do programa eleitoral que a “máquina” do PS soube explorar, procurando colar ao PSD uma imagem de radicalismo e impreparação. O que se traduziu num estreitar da vantagem nas sondagens sobre o PS que a dado momento deu ideia de estar a afectar o moral. O ponto de viragem da tendência terá sido o debate entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho em que, contrariando muitas expectativas, o líder do PSD teve um bom comportamento, contribuindo para recuperar os níveis de confiança. A partir dai, o PSD fez uma campanha muito centrada no líder, que se revelou à altura do momento e revelou uma maior capacidade para calibrar o seu discurso, mantendo um equilíbrio entre, por um lado, as críticas à actuação do governo do PS e, por outro lado, a apresentação das suas propostas para o país, conseguindo, embora sem empolgar, criar uma dinâmica de vitória que contribuiu para uma maior coesão do partido em torno do presidente do partido.
PS – Uma campanha que foi o reverso da do PSD. Começou bem, baseada numa estratégia simples que consistia em, aproveitando o chumbo do PEC IV responsabilizar a oposição pelo recurso à ajuda externa e, desviar o debate da actuação do governo, fixando a discussão nos “perigos” do programa do seu principal adversário procurando assim conquistar o voto do centro e esperando que isso contribuísse para atrair o voto útil da esquerda. Era uma estratégia prometedora e que durante a primeira fase da campanha foi surtindo efeito, mas cujas fragilidades foram bem reveladas quer no debate entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho (que desfez o "mito da invencibilidade” do líder) quer, sobretudo, nos dias que se seguiram a este debate, em que a “indignação” do PS relativamente às propostas do PSD foi progressivamente cada vez mais forçada e sendo cada vez mais flagrante a falta de capacidade (ou vontade) para apresentar propostas convincentes e a aposta consciente num certo conservadorismo. O que conjugado com a descolgame do PSD nas sondagens contribuiu para uma crescente sensação de falta de convicção e de confiança. No entanto, atendendo às circunstâncias em que o acto eleitoral decorre, a concretizar-se um resultado acima dos 30% não deixará, contudo, de ser uma votação bastante razoável.
CDS-PP – Numas eleições que se esperariam bastante bipolarizadas, principalmente junto do eleitorado à direita para quem a prioridade era claramente a derrota do PS eo afastamento do actual primeiro-ministro, o principal adversário do CDS-PP era o voto útil que o partido de Paulo Portas combateu de forma eficaz evitando a armadilha que lhe foi sendo estendida pelo PSD de surgir como um potencial “salvador” de José Sócrates e apresentando um programa eleitoral com uma clara aposta em algumas bandeiras (v.g., a “lavoura”, os pensionistas e a recusa de aumentos de impostos), beneficiando ainda das dúvidas relativamente a Pedro Passos Coelho para procurar atrair o eleitorado de centro-direita. A acreditar nas sondagens a afirmação do presidente do PSD terá contido e até invertido a "fuga" de votos para o CDS-PP que, ainda assim, tudo aponta que irá obter um excelente resultado eleitoral.
Bloco de Esquerda – A confirmarem-se as indicações das sondagens, o Bloco será, logo a seguir ao PS, o grande derrotado destas eleições, pagando o preço de uma estratégia em que apostou na antecipação das consequências económico-sociais do programa de austeridade e numa demarcação das políticas do PS, nomeadamente através primeiro da apresentação da moção de censura contra o governo e depois do voto contra o PEC IV e a recusa de reunir com a troika. Esta estratégia custou-lhe a alienação de uma parte substancial do seu eleitorado de 2009 que preferiria um BE potencialmente aliado do PS numa "alternativa de esquerda" sem que, aparentemente, e contrariamente ao que seriam as expectativas da sua liderança, conseguisse compensar a perda desse eleitorado através da captação do voto dos descontentes, nomeadamente junto da juventude.
CDU – Uma campanha sem novidades, apostando num discurso duro contra o PS, o PSD e o CDS-PP e na recusa das medidas de austeridade da troika. Um partido que mantêm a sua coerência ideológica, mas que, apesar de ainda manter uma capacidade de organização e de militância assinaláveis, não conseguiu evitar a imagem de um partido em lenta decadência e preso a uma ideologia datada.
PS – Uma campanha que foi o reverso da do PSD. Começou bem, baseada numa estratégia simples que consistia em, aproveitando o chumbo do PEC IV responsabilizar a oposição pelo recurso à ajuda externa e, desviar o debate da actuação do governo, fixando a discussão nos “perigos” do programa do seu principal adversário procurando assim conquistar o voto do centro e esperando que isso contribuísse para atrair o voto útil da esquerda. Era uma estratégia prometedora e que durante a primeira fase da campanha foi surtindo efeito, mas cujas fragilidades foram bem reveladas quer no debate entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho (que desfez o "mito da invencibilidade” do líder) quer, sobretudo, nos dias que se seguiram a este debate, em que a “indignação” do PS relativamente às propostas do PSD foi progressivamente cada vez mais forçada e sendo cada vez mais flagrante a falta de capacidade (ou vontade) para apresentar propostas convincentes e a aposta consciente num certo conservadorismo. O que conjugado com a descolgame do PSD nas sondagens contribuiu para uma crescente sensação de falta de convicção e de confiança. No entanto, atendendo às circunstâncias em que o acto eleitoral decorre, a concretizar-se um resultado acima dos 30% não deixará, contudo, de ser uma votação bastante razoável.
CDS-PP – Numas eleições que se esperariam bastante bipolarizadas, principalmente junto do eleitorado à direita para quem a prioridade era claramente a derrota do PS eo afastamento do actual primeiro-ministro, o principal adversário do CDS-PP era o voto útil que o partido de Paulo Portas combateu de forma eficaz evitando a armadilha que lhe foi sendo estendida pelo PSD de surgir como um potencial “salvador” de José Sócrates e apresentando um programa eleitoral com uma clara aposta em algumas bandeiras (v.g., a “lavoura”, os pensionistas e a recusa de aumentos de impostos), beneficiando ainda das dúvidas relativamente a Pedro Passos Coelho para procurar atrair o eleitorado de centro-direita. A acreditar nas sondagens a afirmação do presidente do PSD terá contido e até invertido a "fuga" de votos para o CDS-PP que, ainda assim, tudo aponta que irá obter um excelente resultado eleitoral.
Bloco de Esquerda – A confirmarem-se as indicações das sondagens, o Bloco será, logo a seguir ao PS, o grande derrotado destas eleições, pagando o preço de uma estratégia em que apostou na antecipação das consequências económico-sociais do programa de austeridade e numa demarcação das políticas do PS, nomeadamente através primeiro da apresentação da moção de censura contra o governo e depois do voto contra o PEC IV e a recusa de reunir com a troika. Esta estratégia custou-lhe a alienação de uma parte substancial do seu eleitorado de 2009 que preferiria um BE potencialmente aliado do PS numa "alternativa de esquerda" sem que, aparentemente, e contrariamente ao que seriam as expectativas da sua liderança, conseguisse compensar a perda desse eleitorado através da captação do voto dos descontentes, nomeadamente junto da juventude.
CDU – Uma campanha sem novidades, apostando num discurso duro contra o PS, o PSD e o CDS-PP e na recusa das medidas de austeridade da troika. Um partido que mantêm a sua coerência ideológica, mas que, apesar de ainda manter uma capacidade de organização e de militância assinaláveis, não conseguiu evitar a imagem de um partido em lenta decadência e preso a uma ideologia datada.
Sondagem para o Correio da Manhã - Aximage
Finalmente, a sondagem realizada pela Aximage entre os dias 29 de Maio e 1 de Junho apresenta para os seguintes resultados:
PSD: 36,3% (+5,2%)
PS: 30,1% (+0,6%)
CDS-PP: 12,4% (-0,5%)
CDU: 8,1% (+0,8%)
BE: 6,6% (+1,4%)
PSD: 36,3% (+5,2%)
PS: 30,1% (+0,6%)
CDS-PP: 12,4% (-0,5%)
CDU: 8,1% (+0,8%)
BE: 6,6% (+1,4%)
Sondagem para o Público e a TVI - Intercampus
A sondagem realizada pela Intercampus, nos dias 28 de Maio e 1 de Junho, para o Público e a TVI apresenta os seguintes resultados:
PSD : 36,5% (-0,5%)
PS : 31,1% (-1,2%)
CDS-PP : 11,6% (-1,1%)
CDU : 7,4% (-0,3%)
BE : 6,0% (+0,8%)
Outros : 7,3% (+2,1%)
Nesta projecção, apesar de descer ligeiramente o PSD alarga a sua vantagem sobre o PS que desce ainda mais, sendo de notar que o único partido que regista uma subida face à sondagem anterior é o BE (que mesmo assim se mantém distante do CDU) e o aumento significativo (?) dos outros/brancos/nulos.
PSD : 36,5% (-0,5%)
PS : 31,1% (-1,2%)
CDS-PP : 11,6% (-1,1%)
CDU : 7,4% (-0,3%)
BE : 6,0% (+0,8%)
Outros : 7,3% (+2,1%)
Nesta projecção, apesar de descer ligeiramente o PSD alarga a sua vantagem sobre o PS que desce ainda mais, sendo de notar que o único partido que regista uma subida face à sondagem anterior é o BE (que mesmo assim se mantém distante do CDU) e o aumento significativo (?) dos outros/brancos/nulos.
Sondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença - Eurosondagem
A sondagem da Eurosondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença efectuada no dia 1 de Junho apresenta os seguintes resultados:
PSD: 35,9% (+0,5%)
PS: 31,1% (-0,2%)
CDS-PP: 13,0% (-0,4%)
CDU: 7,8% (-0,1%)
BE: 5,9% (-0,1%)
Relativamente à projecção divulgada ontem verificou-se um alargamento da vantagem do PSD sobre o PS e do PSD+CDS-PP sobre os três partidos mais à esquerda que, curiosamente, descem todos ligeiramente.
PS: O resultado projectado da intenção de voto resulta da seguinte média: Dia 29/05 - 10%, dia 30/05 - 20%, dia 31/05 - 30%, dia 1/06 - 40%.
PSD: 35,9% (+0,5%)
PS: 31,1% (-0,2%)
CDS-PP: 13,0% (-0,4%)
CDU: 7,8% (-0,1%)
BE: 5,9% (-0,1%)
Relativamente à projecção divulgada ontem verificou-se um alargamento da vantagem do PSD sobre o PS e do PSD+CDS-PP sobre os três partidos mais à esquerda que, curiosamente, descem todos ligeiramente.
PS: O resultado projectado da intenção de voto resulta da seguinte média: Dia 29/05 - 10%, dia 30/05 - 20%, dia 31/05 - 30%, dia 1/06 - 40%.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Resultados das sondagens
Fazendo a média aritmética dos resultados das últimas sondagens da Intercampus, Eurosondagem, CESOP e Marktest, obtemos os seguintes resultados:
PSD - 36,5%
PS - 31,6%
CDS-PP - 11,4%
CDU - 8,0%
BE - 5,9%
O que aponta para uma vantagem significativa do PSD que, aliás, lidera as intenções de voto nas quatro projecções e mais do que isso parece estar, finalmente, a notar-se uma dinâmica de vitória do PSD, enquanto que em sentido inverso o PS parece estar a ser afectado por alguma descrença.
Não devemos no entanto esquecer que "projecções de resultados eleitorais" não são "resultados eleitorais" - os quais só serão conhecidos na noite do dia 5 - e que, além, de continuar a existir uma percentagem bastante elevada de indecisos, a sensação que tenho é que existe uma particular falta de convicção nos eleitores. Uma ausência de convicção eleitoral que me parece, compreensivelmente, ser especialmente acentuada nos eleitores do PS (e que é bem evidente em algumas declarações de voto em sectores geralmente conotados com este partido: ver, por exemplo, aqui), mas que afecta igualmente os potenciais eleitores de outros partidos. Pelo que, contrariamente ao que afirmou o líder do CDS-PP, ainda nada está decidido !
PSD - 36,5%
PS - 31,6%
CDS-PP - 11,4%
CDU - 8,0%
BE - 5,9%
O que aponta para uma vantagem significativa do PSD que, aliás, lidera as intenções de voto nas quatro projecções e mais do que isso parece estar, finalmente, a notar-se uma dinâmica de vitória do PSD, enquanto que em sentido inverso o PS parece estar a ser afectado por alguma descrença.
Não devemos no entanto esquecer que "projecções de resultados eleitorais" não são "resultados eleitorais" - os quais só serão conhecidos na noite do dia 5 - e que, além, de continuar a existir uma percentagem bastante elevada de indecisos, a sensação que tenho é que existe uma particular falta de convicção nos eleitores. Uma ausência de convicção eleitoral que me parece, compreensivelmente, ser especialmente acentuada nos eleitores do PS (e que é bem evidente em algumas declarações de voto em sectores geralmente conotados com este partido: ver, por exemplo, aqui), mas que afecta igualmente os potenciais eleitores de outros partidos. Pelo que, contrariamente ao que afirmou o líder do CDS-PP, ainda nada está decidido !
Sondagem para a TSF e Diário Económico - Marktest
A sondagem da Marktest realizada nos dias 9 e 10 de Maio para a TSF e o Diário Económico indica as seguintes projecções de voto são:
PSD: 38,5% (-0,8)
PS: 30,1% (-3,3)
CDS/PP: 9,7% (+0,7)
CDU: 8,5% (+2,0)
BE: 4,5% (-0,3)
Qualquer das três sondagens hoje divulgadas aponta para uma vantagem significativa (entre 4 e 8 pontos percentuais) do PSD sobre o PS e para que PSD e CDS-PP venham a obter mais de metade dos deputados à Assembleia da República.
PSD: 38,5% (-0,8)
PS: 30,1% (-3,3)
CDS/PP: 9,7% (+0,7)
CDU: 8,5% (+2,0)
BE: 4,5% (-0,3)
Qualquer das três sondagens hoje divulgadas aponta para uma vantagem significativa (entre 4 e 8 pontos percentuais) do PSD sobre o PS e para que PSD e CDS-PP venham a obter mais de metade dos deputados à Assembleia da República.
Sondagem para a RTP / DN / JN / Antena 1 - CESOP - Univ. Católica
A sondagem da Universidade Católica para a RTP, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Antena 1, realizada entre 28 e 29 de Maio, aponta para os seguintes resultados:
PSD: 36% (=)
PS: 31% (-5%)
CDS: 11% (+1%)
CDU: 8% (-1%)
BE: 7% (+1%)
PSD: 36% (=)
PS: 31% (-5%)
CDS: 11% (+1%)
CDU: 8% (-1%)
BE: 7% (+1%)
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Sondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença - Eurosondagem
A sondagem da Eurosondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença efectuada no dia 31 de Maio apresenta os seguintes resultados:
PSD: 35,4% (-0,1%)
PS: 31,3% (-0,9%)
CDS-PP: 13,4% (+0,8%)
CDU: 7,9% (+0,3%)
BE: 6,0% (-0,3%)
Outros: 6,0% (+0,2%)
Relativamente à projecção anterior verifica-se mais uma vez um alargamento quer da vantagem do PSD para o PS para 4,1 pontos percentuais quer da vantagem do PSD e CDS sobre os partidos de esquerda (48,8% vs 45,2%).
PS: O resultado projectado da intenção de voto resulta da seguinte média: Dia 27/05 - 10%, dia 29/05 - 20%, dia 30/05 - 30%, dia 31/05 - 40%.
PSD: 35,4% (-0,1%)
PS: 31,3% (-0,9%)
CDS-PP: 13,4% (+0,8%)
CDU: 7,9% (+0,3%)
BE: 6,0% (-0,3%)
Outros: 6,0% (+0,2%)
Relativamente à projecção anterior verifica-se mais uma vez um alargamento quer da vantagem do PSD para o PS para 4,1 pontos percentuais quer da vantagem do PSD e CDS sobre os partidos de esquerda (48,8% vs 45,2%).
PS: O resultado projectado da intenção de voto resulta da seguinte média: Dia 27/05 - 10%, dia 29/05 - 20%, dia 30/05 - 30%, dia 31/05 - 40%.
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