Considero que vivemos um momento de emergência nacional que exige que exista, pelo menos, um entendimento mínimo entre os principais partidos do nosso sistema político que permita assegurar o financiamento do Estado, e do nosso sistema financeiro, evitando um cenário de ruptura que seria catastrófico. E sou, igualmente, favorável a um entendimento o mais amplo possível que permita não só dar execução ao programa de ajustamento que vier a ser acordado e permita que as reformas que são necessárias para assegurar a sustentabilidade económica e financeira no médio prazo se façam num clima de coesão social. Pelo que partilho inteiramente das preocupações e desejos expressos quer pelos ex-presidentes quer, em especial pelo actual Presidente da República, na cerimónia de comemoração do 25 de Abril que se realizou ontem no Palácio de Belém no que se refere à necessidade de termos uma campanha eleitoral esclarecedora e civilizada.
Tenho, não obstante, algumas dificuldades em partilhar dos elogios a alguns dos discursos aí proferidos. Uma campanha eleitoral esclarecedora e civilizada não pode ser contraditória com um diagnóstico sério da situação que o país enfrenta e penso mesmo que o país tem muito a ganhar em debater as causas da actual crise.
Neste contexto devo dizer que me custa particularmente ver propalar a ideia de responsabilidade colectiva nacional que fazem a actual crise surgir como uma quase inevitabilidade, uma doença nacional, omitindo quais as políticas concretas que nos trouxeram aqui. E, igualmente, uma defesa do consenso como valor quase auto-suficiente esquecendo que este não constitui, em si, uma panaceia para os nossos problemas que nos dispense de fazer escolhas dificeis, e que o compromisso só faz sentido se for em torno da escolha de uma alternativa realista para o nosso futuro nacional, a qual deve emergir de um debate sobre qual a estrátégia e, se possível, as medidas concretas que devem ser adoptadas.
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