terça-feira, 26 de abril de 2011

Os discursos das comemorações do 25 de Abril

Considero que vivemos um momento de emergência nacional que exige que exista, pelo menos, um entendimento mínimo entre os principais partidos do nosso sistema político que permita assegurar o financiamento do Estado, e do nosso sistema financeiro, evitando um cenário de ruptura que seria catastrófico. E sou, igualmente, favorável a um entendimento o mais amplo possível que permita não só dar execução ao programa de ajustamento que vier a ser acordado e permita que as reformas que são necessárias para assegurar a sustentabilidade económica e financeira no médio prazo se façam num clima de coesão social. Pelo que partilho inteiramente das preocupações e desejos expressos quer pelos ex-presidentes quer, em especial pelo actual Presidente da República, na cerimónia de comemoração do 25 de Abril que se realizou ontem no Palácio de Belém no que se refere à necessidade de termos uma campanha eleitoral esclarecedora e civilizada.

Tenho, não obstante, algumas dificuldades em partilhar dos elogios a alguns dos discursos aí proferidos. Uma campanha eleitoral esclarecedora e civilizada não pode ser contraditória com um diagnóstico sério da situação que o país enfrenta e penso mesmo que o país tem muito a ganhar em debater as causas da actual crise.

Neste contexto devo dizer que me custa particularmente ver propalar a ideia de responsabilidade colectiva nacional que fazem a actual crise surgir como uma quase inevitabilidade, uma doença nacional, omitindo quais as políticas concretas que nos trouxeram aqui. E, igualmente, uma defesa do consenso como valor quase auto-suficiente esquecendo que este não constitui, em si, uma panaceia para os nossos problemas que nos dispense de fazer escolhas dificeis, e que o compromisso só faz sentido se for em torno da escolha de uma alternativa realista para o nosso futuro nacional, a qual deve emergir de um debate sobre qual a estrátégia e, se possível, as medidas concretas que devem ser adoptadas.

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