sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

As revoluções no Norte de África e Médio Oriente


Num dia em que a ameaça de guerra civil na Líbia se confirmou e surgiram notícias que indicam que o número de mortos poderá já ascender aos milhares e continuaram as manifestações de protesto no Iemen e no Bahrein, a grande novidade parece ser o alargamento das manifestações ao Iraque.

Recomendo a leitura de um excelente artigo de Anne Applebaum (a autora de Gulag: Uma História), publicado no Washington Times e citado por José Manuel Fernandes na sua crónica de hoje no Público, onde traça um paralelismo entre o que está a ocorrer nesta região do mundo e os acontecimentos na Europa em 1848, do qual ressalto sobretudo a chamada de atenção para as diferenças na situação dos diferentes países.

O paralelismo com 1848 em que uma onda revoluciónária iniciada em França em Fevereiro rapidamente se espalhou por toda a Europa Central e Itália durante a Primavera e o Verão de 1848 em cujo despoletar a luta pelos princípios democráticos e o desemprego tiveram um papel importante é efectivamente atraente.

Mas tem os seus limites. Um dos elementos mais importantes dessa onda revolucionária, em especial na Europa Central foi a questão das nacionalidades que, pelo menos até agora, parece estar ausente nos acontecimentos que têm assolado o mundo árabe. Não sendo no entanto de exlcuir que possam estar ou venham a desempenhar um papel importante na Líbia, no Iemen e no Bahrein ou que, um pouco à semelhança do que sucedeu na Alemanha em 1848, se venha a verificar um ressurgimento do pan-arabismo. Mas, principalmente, como sucede normalmente nos processos revolucionários estes tendem a assumir uma dinâmica própria que torna por natureza impossível prever quando e como vão acabar e, sobretudo, onde poderão conduzir.

Mais do que optar entre uma visão pessimista ou optimista do futuro destes países, a questão que deveria ocupar o Ocidente era saber como contribuir para a democratização e normalização desta importante zona do globo seja uma realidade. Evitando o fatalismo dos que acreditam num destino histórico pré-determinado e ajudando os povos daqueles países a construir o seu próprio futuro.

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