sábado, 19 de março de 2011

As declarações de António Costa


Foi com muita surpresa que em regresso a Lisboa ouvi na rádio as declarações de António Costa na "Quadratura do Círculo, de que "A comunicação do ministro das Finanças da passada sexta-feira ficará certamente para a história como a mais desastrada e desastrosa que alguma vez foi feita em Portugal, se não mesmo no hemisfério Norte, de todos os pontos de vista", referindo que a intervenção de Teixeira dos Santos "criou a ideia generalizada de um conjunto de factos que temos vindo a perceber que não são reais. Por exemplo, só domingo à noite, é que percebi que o famoso congelamento das pensões sociais não constava do conjunto das medidas anunciadas".

E de facto é uma crítica duríssima ao Ministro das Finanças vinda de alguém que é apontado como n.º 2 do PS e que não deixa de ter um significado político importante. Mas, o mais surpreendente foi quando vi que o primeiro-ministro tinha vindo confirmar as declarações de António Costa, e desautorizar o Ministro das Finanças, ao vir esclarecer que: "As nossas decisões para o PEC são de congelamento do indexante de apoios sociais e da suspensão também da regra que define a atualização automática das pensões, porque isso é fundamental para um programa de austeridade. Mas a verdade é que desses dois congelamentos resulta não o congelamento de pensões, mas resulta uma possibilidade de redução da consequência orçamental que permite uma atualização, ainda que limitada, das pensões mínimas. Isso é o que está escrito no nosso PEC" (meu sublinhado).

Noutro país do hemisfério Norte o resultado imediato seria o pedido de demissão do Ministro das Finanças... neste país cada vez mais surreal, em que, como disse o Pedro Guerreiro, ninguém se demite e tudo se admite, o Ministro das Finanças remeteu-se ao silêncio.

O essencial deste episódio é, no entanto, outro. Contrariamente ao que inicialmente pensei o "comentador" António Costa não foi contagiado pelo Pacheco Pereira no seu ataque ao Governo, nem passou a fazer parte da lista de criticos internos à liderança de José Sócrates. Estas declarações que tiveram o claro propósito de, como tem vindo a ser habilmente tentado pelos dirigentes e deputados do PS, assumir erros de forma ou de "comunicação" para dizerem que o conteúdo é inevitável ou não é assim tão mau, revelam que o PS já está claramente em modo de campanha eleitoral.

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