segunda-feira, 28 de março de 2011

O argumentário do PSD


O discurso do reeleito (com mais de 93% dos votos) secretário-geral do PS não trouxe surpresas, mas permitiu confirmar aquelas que serão as linhas de força da futura campanha eleitoral do PS assente em três grandes linhas: i) atribuir à oposição (e em particular o PSD) todas as culpas pela crise política e as eleições antecipadas apenas por uma questão de sede de poder; ii) salientar a "irresponsabilidade" dessa atitude que coloca o país na iminência de ter de recorrer à ajuda externa que o Governo estava quase a evitar e iii) acusar o PSD de não estar preparado para o poder e de não ter alternativas e/ou de ter uma agenda neo-liberal "inconfessável".

As hipóteses de o PS repetir nas próximas legislativas a recuperação eleitoral que lhe permitiu alcançar a vitória em 2009 estão muito comprometidas pelo enorme desgaste da imagem do primeiro-ministro e do Governo, cuja credibilidade já conheceu melhores dias e que, como os aplausos durante o discurso revelaram encontra dificuldades em entusiasmar os mais indefectíveis.

Não obstante trata-se, indubitavelmente, de uma narrativa bem articulada que o PS irá executar com a competência político eleitoral que lhe deve ser reconhecida. E a verdade é que até agora o PSD não demonstrou ter um argumentário próprio à altura. Num contexto em que apesar da considerável vantagem que as sondagens dão ao PSD nas eleições existem ainda muitas incertezas (ver a excelente série de 5 posts publicados por Pedro Magalhães no passado dia 24 de Março - aqui, aqui, aqui, aqui e aqui) será importante que o PSD rapidamente acerte a sua estratégia e discurso eleitoral destinada não só a desmontar a acusação de ter provocado a crise colocando o país à mercê do FMI (o que não me parece dificil), mas também ser capaz de explicar quais as suas alternativas no curto e médio prazo para Portugal. De outro modo, como a experiência de 2009 e das últimas presidências revelam será muito dificil obter a almejada, e necessária, maioria absoluta.

Sem comentários:

Enviar um comentário