PS - Foi uma campanha profissional em que a principal preocupação parece ter sido não cometer erros e explorar bem os (muitos) erros dos principais adversários. Do ponto de vista positivo o bom trabalho para suavizar a imagem de Sócrates que teve um bom comportamento nos debates nomeadamente contra Francisco Louçã e Manuela Ferreira Leite. Menos positivo o "trabalho sujo" deixado às segundas figuras de desgastar a imagem dos líderes da concorrência (especialmente Manuela Ferreirta Leite) que em certas alturas forçaram demasiado a nota contribuindo para a crispação que se sentiu durante a campanha e talvez, também, a excessiva personalização da campanha em torno de José Sócrates. Importante na campanha foi o apoio dos históricos Mário Soares e, sobretudo, Manuel Alegre.
PSD - A ideia de construir a campanha com base na "Política de Verdade" que identificasse e enfrentasse com seriedade os problemas e as soluções de que o país evitando a promessa fácil poderia ter algum potencial mas a verdade é que a execução foi péssima. Em primeiro lugar porque o PSD não quis ou não foi capaz de centrar a agenda da campanha nos problemas estruturais do país, nomeadamente a questão de como aumentar a produtividade única forma de resolver o desemprego, o desequilíbrio externo e facilitar o equilíbrio orçamental, deixando que o tema do TGV (no qual tinha razão) se arrastasse durante demasiado tema. Mas, sobretudo, por ter criado um equivoco ao apostar no slogan da "asfixia democrática" que acabou por suplantar o inicial e que nunca soube definir capazmente. Tanto quanto pude perceber a asfixia democrática era uma expressão que englobava desde os casos de "pressão" sobre a comunicação social, alguns episódios de insensatez política como o "caso Charrua" e ao mesmo tempo, e esse era talvez o objectivo principal, uma certo conttrolo do aparelho de Estado utilizado como fonte de influência política e económica. Esta aposta revelou-se fatal na medida em que como é uso dizer-se "quem tem telhados de vidro não deve atirar pedras" e o PSD tinha demasiados telhados de vidro. E desde a questão da Madeira, no inicio da campanha, a inclusão de António Preto nas listas até às "revelações" sobre o "caso das escutas" tudo o que podia ter corrido mal correu mesmo mal.
Bloco de Esquerda - Pareceu-me ter dificuldades em encontrar o equilíbrio entre a conquista do voto de descontentamento e a afirmação como partido capaz de participar em soluções governativas. Foi ainda afectado por pela primeira vez ter tido de sofrer os efeitos do desgaste resultantes das críticas dos outros partidos que compreenderam a necessidade de conter o crescimento do Bloco e expuseram algumas fragilidades do seu programa. Além disso, sofreu os efeitos de uma fraca prestação de Francisco Louçã nos debates televisivos principalmente no debate crucial perante Sócrates.
CDS - Se houvesse um prémio para a melhor campanha mais conseguida este deveria ir para o CDS. Elegeu um conjunto de temas chave (Segurança, Impostos, Rendimento Social / Pensões e Agricultura) e aproveitou a capacidade de Paulo Portas para passar essas mensagens, beneficiando de um PSD inteiramente focado no combate ao PS e apostado em ganhar o voto do centro.
CDU - Uma campanha com poucas novidades, excepto talvez a enfase nas micro, pequenas e médias empresas, suportada no voluntarismo e mobilização dos militantes do PCP e apoiada num líder empático e que no contexto da campanha se destacou não raras vezes pela serenidade e bom senso.
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