sábado, 19 de setembro de 2009

Sobre o caso das escutas a Belém

A confirmar-se a existência de escutas na Presidência da República tal constituiria um caso da maior gravidade, mas mesmo a mera existência de suspeitas da Presidência da República de que estaria a ser objecto de "espionagem" pelo "gabinete do primeiro-ministro"constitui notícia de notório interesse público. Como se diz no email agora divulgado tudo pode até não passar de paranóia da Presidência da República, mas, mesmo sendo paranóia, não deixa de ser grave que o Presidente da República pense isto.

Assim, sinceramente, não vejo que exista algo a apontar ao Público no tratamento que deu a esta notícia. Recordo que o que o Público noticiou foi precisamente a existência de que a Presidência da República suspeitava que estava a ser vigiada e identificou com toda a clareza que a noticia tinha fonte em Belém. Ora, as notícias e declarações dos últimos dias confirmam que essas suspeitas, apenas acrescentando que a fonte da informação terá sido Fernando Lima e divulgando o teor do e-mail acima.

Para além da curiosidade qaunto à origem da documentação agora divulgada pelo Diário de Notícias é possível concluir que ou as suspeitas são sérias e fundadas e estamos perante um caso da maior gravidade política e institucional, ou se trata "apenas" de uma montagem para prejudicar José Sócrates e estamos perante um caso de "baixa" política da maior relevância. Pois no primeiro caso devemos, no mínimo, concluir que (com ou sem razão) o Presidente da República acredita que o gabinete do primeiro-ministro seja capaz de o colocar sob vigilância e no segundo caso que está disposto a recorrer a "golpes baixos" para prejudicar o PS. Em qualquer dos casos estamos perante um facto da maior importância e que obviamente o Público fez bem em noticiar a existência de tais suspeitas indicando que as mesmas tinham fonte em Belém.

Sendo que mesmo no caso das suspeitas serem fundadas os meios utilizados pela Presidência são, no mínimo, questionáveis.

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