A demissão de Fernando Lima desferiu um duro golpe, provavelmente fatal, sobre uma já abalada campanha do PSD que, numa atitude de aparente desespero, tem procurado focar as atenções numa possível futura aliança PS-Bloco (óbvia e prontamente desmentida pelo PS). Na actual situação Pacheco Pereira tem provavelmente razão quando diz que não seria pior para o PSD que o Presidente da República falasse já ao país. Nem que fosse para, sendo o caso, confirmar que tudo não passou de uma fabricação, pois tal talvez fosse a única forma de esvaziar um pouco um assunto que ameaça dominar completamente a agenda até ao fim da campanha.
Quanto ao PS não deixa de ser curiosa a forma como procurou habilmente "colar" o caso das escutas ao PSD enquanto simultaneamente se abstém de criticar a Presidência da República. É provavelmente uma estratégia eficaz. Pena seja que tudo aponte para que a ideia tenha surgido e sido concretizada em Belém e que, tanto quanto sei, não existam quaisquer indicios de envolvimento da direcção do PSD, mas talvez seja isso que o PS entende ser fazer uma campanha baseada no conteúdo e não em casos nem ataques pessoais.
Entretanto, a campanha do BE parece em claro crescendo aproveitando os dotes de tribuno de Francisco Louçã que inegavelmente está mais à vontade em comícios do que nos debates televisivos e visivelmente satisfeito com as atenções que PS/PSD e a comunicação social têm vindo a dispensar ao Bloco. Enquanto, Paulo Portas continua incansável nas acções de campanha de rua.
Finalmente, uma palavra para a campanha da CDU baseada na capacidade de mobilização que embora não tão vigorosa como noutras campanhas continua, juntamente com a sua influência na área sindical, a constituir principal força do PCP. Na sua aparição no programa dos Gatos Fedorentos, Jerónimo de Sousa não esteve mal tendo sido, no entanto, curioso notar a evidente satisfação que as atenções de uma monarca são capazes de despertar num dirigente comunista e a, talvez inconscientemente relacionada, confrangedora (não) resposta à provocação do Ricardo Araújo Pereira sobre a "democracia" norte-coreana que demonstrou que o PCP continua igual a si próprio na sua nostalgia sobre os tempos "áureos" da cortina de ferro.
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