sábado, 26 de setembro de 2009

Irão, Afeganistão e Palestina

Numa altura em que:
- a situação no Afeganistão tem vindo a complicar-se quer no aspecto militar (com os comandantes a mostrarem-se preocupados com a evolução da situação no terreno e a indicar a necessidade de um reforço substancial das forças ao seu dispor) quer no aspecto político (com a complicada situação gerada pelas fraudes nas eleições presidenciais);
- os contactos entre o Governo de Israel e os palestinianos promovidos pela Presidência Obama revelam dificuldades em superar o impasse quanto às condições para se iniciarem negociações; e
- continuam os sinais preocupantes de instabilidade no Paquistão.

A revelação de que o Irão estaria a construir há vários anos uma segunda unidade de enriquecimento de urânio num indicio claro da vontade do Irão em obter armas nucleares constitui um desafio à estratégia de diálogo e negociação defendida pelo Presidente Obama.

Com efeito numa região em que India, Paquistão e Israel possuem arsenais nucleares, a liderança iraniana parece encarar a obtenção, pelo menos, das condições para dispor de armas nucleares como uma condição para exercer influência regional e parece sentir a oposição ao seu programa nuclear (que na verdade se iniciou com "fins pacíficos" ainda no tempo do xá e com o apoio dos EUA) como injustificada. Por outro lado, além da posição de Israel, caso o Irão adquira um arsenal nuclear é de recear que outros países da região (nomeadamente a Arábia Saudita e eventualmente Egipto e Turquia) se sintam pressionadas a também obter bombas atómicas. Neste cenário, claro que a melhor solução seria "convencer" os Irão a aceitar um rigoroso controlo do seu programa por forma a assegurar que o mesmo visa apenas usos pacíficos.

A questão é que, infelizmente, não parece que o "diálogo" e "boa vontade" sejam suficientes para obter esse objectivo. Para poderem ser bem sucedidas essa negociações terão de ser apoiadas em factores de dissuasão credíveis (sejam militares sejam de sanções económicas) e/ou na disponibilidade para fazer concessões ao regime iraniano seja em termos de reconhecimento político (o que justifica a serenidade com que a administração Obama acompanhou todo o processo em torno das eleições presidenciais iranianas) seja em termos de influência regional (nomeadamente no vizinho Iraque).

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