sábado, 12 de setembro de 2009

Debate José Socrates - Manuela Ferreira Leite

Era o debate mais aguardado e importante porque claramente um dos dois será o primeiro-ministro do próximo Governo. Consciente deste facto Sócrates, como sempre bem preparado, optou por uma atitude claramente de ataque e talvez por isso, curiosamente, o debate centrou-se mais no que Manuela Ferreira Leite disse ou fez e no programa do PSD enquanto, àparte a questão do TGV, as propostas do PS para a próxima legislatura estiveram quase ausentes do debate.
Neste debate, José Sócrates procurou três coisas: i) afastar Manuela Ferreira Leite do centro político, utilizando questões como a segurança social, saúde e educação; ii) desgastar a imagem de credibilidade de Manuela Ferreira Leite, elencando alguns temas em que ela terá alterado a sua posição e tentando, mesmo, colar-lhe uma imgem de "oportunismo político" e iii) à semelhança do que tinha feito no debate com Francisco Louçã trazer para o debate uma questão - no caso as SCUT's - sensível para determinadas franjas do eleitorado e que coloque o adversário numa posição incómoda.
O primeiro objectivo pareceu-me francamente pouco conseguido, pela forma convincente e categórica como Manuela Ferreira Leite desmentiu categoricamente não ter as intenções que José Sócrates lhe atribuiu.
Quanto ao segundo onbjectivo, José Sócrates aproveitou inteligentemente a inclusão de Jardim como cabeça de lista fazendo Manuela Ferreira Leite, situação relativamente à qual ela respondeu utilizando um argumento (o facto de que o cargo de Presidente do Governo Regional não é electivo) no qual deu a sensacção de que nem ela própria acredita, e as alterações de posição de Manuela Ferreira Leite quanto ao TGV, ponto em que me pareceu que ela se defendeu melhor insistindo na alteração de circunstâncias, tal como também se defendeu bem no que se refere ao IMI e ao Pagamento Especial por Conta.
No que se refere às SCUT's Sócrates procurou transmitir implicitamente a ideia de que Manuela Ferreira Leite defende a criação de portagens nas SCUT's, o que esta não desmentiu, tendo chamado a atenção para a dimensão dos encargos assumidos com as SCUT's cuja dimensão perguntou a José Sócrates se conhecia, sem que este tivesse igualmente respondido tal como também não respondeu convincentemente quando Manuela Ferreira Leite o questionou quanto a não assumir o impacto das alterações da Segurança Social sobre o montante das pensões de reforma.
No global a estratégia de Sócrates permitiu-lhe dominar os temas do debate, mas a verdade é que, contrariamente ao que havia sucedido no debate com Francisco Louçã, Manuela Ferreira Leite defendeu-se geralmente bem (a principal excepção sendo o caso relativamente ,marginal da inclusão de João Jardim nas listas do PSD) e foi capaz de ir marcando alguns pontos quer afirmando as suas diferenças em termos de projecto, quer reafirmando a sua posição quanto ao Estado Social, quer ainda frisando as repsonsabilidades das políticas dos Governos PS na situação actual.
Duas notas marcaram a parte final do debate, a resposta de Sócrates a uma questão de Clara de Sousa quanto à recondução da Ministra da Educação em que admitiu implicitamente que Lurdes Rodrigues não seria Ministra da Educação num futuro Governo de Sócrates e a recusa categórica de Manuela Ferreira Leite da possibilidade de um Governo PS-PSD e a afirmação da sua disponibilidade para chefiar um Governo sem maioria absoluta na Assembleia da República.

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