Hoje ficámos a saber, pelas palavras do Sr. Presidente da República (PR), que:
a) o PR nunca fez qualquer referência a "escutas" ou outra palavra com significado semelhante;
b) o PR não vê qualquer "crime" em que um membro do staff da casa civil do Presidente, tenha sentimentos de desconfiança, ou de outra natureza, em relação a atitudes de outras pessoas e os divulgue através dos jornais (?) e que as "alterações" na casa civil do PR ficaram a dever-se não ao teor das informações divulgadas mas sim por ter ficado no ar a dúvida de que o assessor em caus teria invocado estar a "falar em nome do PR";
c) existem "vulnerabilidades" que podem pôr em causa a protecção da "informação confidencial contida nos computadores da Presidência da República".
Mas, o principal facto político é o PR ter afirmado que:
a) foi surpreendido com declarações de destacadas personalidades do partido do Governo exigindo-lhe que viesse falar sobre a participação de membros da sua casa civil na elaboração do programa do PSD e considerou que essas declarações eram graves e constituiam um ultimato ao PR;
b) em seu entender essas declarações visaram: i) "puxar o Presidente para a luta político-partidária" e ii) "Desviar as atenções do debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos";
c) que o PR considera que existiram "graves manipulações" e que "foram ultrapassados os limites do tolerável e da decência".
Depois destas declarações, obviamente que permanecerão dúvidas (que provavelmente nunca serão completamente sanadas) quanto ao real papel do PR na divulgação da notícias do jornal Público em Agosto e diferentes interpretações relativamente às razões pelas quais o PR decidiu na altura não se pronunciar (o que analisando retrospectivamente teria provavelmente permitido despoletar o assunto e talvez tivesse contribuido para uma campanha diferente), bem como quanto às razões (e fontes) da notícia do DN a uma semana das eleições (facto cujo impacto no resultado eleitoral nunca poderemos avaliar com certeza), mas uma coisa resulta claramente das declarações do PR: ao trazer o tema da colaboração de assessores do PR na elaboração do programa do PSD o PS (ou pelo menos alguns dos seus dirigentes), talvez inconscientemente, contribuiram para que se atingisse um ponto de ruptura numa relação institucional que já estava bastante degradada.
E, infelizmente, às dificuldades e incertezas que decorrem dos resultados eleitorais de domingo há que juntar aquelas que decorrem do estado deplorável do relacionamento institucional entre o PR e o partido mais votado.
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