sábado, 16 de abril de 2011

American Civil War - John Keegan



Um grande livro de história sobre um conflito militar intenso - com mais de 10.000 confrontos que se estenderam durante quatro longos anos entre 1861 e 1865 e provocaram mais mortos de 600 mil mortos - que marcou profundamente os EUA descrevendo não só as estratégias das forças em confronto, mas também o contexto político, económico e social e a vida dos soldados na frente de combate.

Uma guerra que resultou de uma divisão profunda entre o Norte e o Sul de que a escravatura era o ponto mais importante - mas não o único -, relativamente à qual John Keegan não esconde as suas simpatias pela posição da União e a sua admiração pelas qualidades de comandante do presidente Abraham Lincoln.

Uma guerra que Keegan considera que o Sul - dada a sua desvantagem em meios militares, demográfica e económica - nunca poderia ganhar e que se conseguiu opor-se durante tanto tempo há superioridade do Norte foi devido à conjugação de factores geográficos - topologia do terreno e os cursos de água - que tornavam dificil um ataque directo das forças do Norte a Richmond, capital dos Confederados que apenas viria a ser tomada no final da guerra com a superioridade de comando dos generais do Sul, entre os quais se destacou o general Robert E. Lee que Keegan considera ter sido um comandante operacional brilhante, pela forma como era capaz de  tomar decisões no campo de batalha, aproveitando os erros do adversário, e pela sua capacidade para rentabilizar os meios ao seu dispor, mas a quem faltava visão e capacidade estratégica e a incapacidade dos comandantes do Norte, em especial de McClellan sobre quem diz que "fearing failure, he did not try to win". O que conduziu a uma situação de impasse que apenas foi superada pela acção do general Ulysses S. Grant primeiro na campanha de Vicksburg e depois, a partir de Março de 1964, como comandante general das forças da União, cujas capacidades estratégicas e organizativas John Keegan elogia profusamnente, tal como não poupa elogios relativamente a Stonewall Jackson (outro general do Sul) a quem não hesita qualificar como um "génio militar".

Uma guerra que é muitas vezes apresentada como a primeira guerra moderna. E que ficou marcada pelas práticas de "guerra total" dirigida à destruição do potencial económico e do moral do adversário simbolizada pela conquista e subsequente incêndio de Atlanta pelo exército do general Sherman - imortalizado no filme E Tudo o Vento Levou - e pela sua famosa marcha em direcção ao mar e pela guerra de desgaste em que - virtude do progresso do armamento - regimentos e divisões inteiras eram dizimadas em poucas horas (nos três dias da batalha de Gettysburg o total de baixas - mortos, feridos e desaparecidos - dos dois exércitos terá atingido os 46 mil número que corresponde a mais de um quarto dos soldados que participaram nesta batalha).

Uma guerra que inspirou aquele que será um dos mais tristemente belos poemas sobre a guerra jamais escritos: "Come Up from the Fields, Father" de Walt Whitman.

Come up from the fields father, here's a letter from our Pete,
 And come to the front door mother, here's a letter from thy dear son.

Lo, 'tis autumn,
Lo, where the trees, deeper green, yellower and redder,
Cool and sweeten Ohio's villages with leaves fluttering in the moderate wind,
Where apples ripe in the orchards hang and grapes on the trellis'd vines,
(Smell you the smell of the grapes on the vines?
Smell you the buckwheat where the bees were lately buzzing?)


Above all, lo, the sky so calm, so transparent after the rain, and with wondrous clouds,
Below too, all calm, all vital and beautiful, and the farm prospers well.


Down in the fields all prospers well,
But now from the fields come father, come at the daughter's call.
And come to the entry mother, to the front door come right away.


Fast as she can she hurries, something ominous, her steps trembling,
She does not tarry to smooth her hair nor adjust her cap.
Open the envelope quickly,
O this is not our son's writing, yet his name is sign'd,
O a strange hand writes for our dear son, O stricken mother's soul!
All swims before her eyes, flashes with black, she catches the main words only,
Sentences broken, gunshot wound in the breast, cavalry skirmish, taken to hospital,
At present low, but will soon be better.


Ah now the single figure to me,
Amid all teeming and wealthy Ohio with all its cities and farms,
Sickly white in the face and dull in the head, very faint,
By the jamb of a door leans.


Grieve not so, dear mother, (the just-grown daughter speaks through  her sobs,
The little sisters huddle around speechless and dismay'd,)
See, dearest mother, the letter says Pete will soon be better.


Alas poor boy, he will never be better, (nor may-be needs to be better, that brave and simple soul,)
While they stand at home at the door he is dead already,
The only son is dead.
 But the mother needs to be better,
She with thin form presently drest in black,
By day her meals untouch'd, then at night fitfully sleeping, often waking,
In the midnight waking, weeping, longing with one deep longing,
O that she might withdraw unnoticed, silent from life escape and withdraw,
To follow, to seek, to be with her dear dead son.

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