quarta-feira, 6 de abril de 2011
Diário de pré-campanha
Perante o ritmo frenético com constantes entrevistas, declarações e contra-declarações dos diversos actores políticos, desconfio que quando chegarmos à campanha eleitoral propriamente dita já os eleitores estarão eventualmente mais "esclarecidos" mas quase certamente fatigados de uma pré-campanha demasiado longa que está (já) a ser marcada por um grau de conflitualidade demasiado elevado.
Ora, este grau de crispação além de acrescentar um ruído ínútil e não contribuir para um esclarecimento sereno das questões tenderá a dificultar os eventuais acordos pós-eleitorais necessários para a formação de uma maioria ampla e estável que garanta a estabilidade governativa.
Neste contexto, é interessante verificar a precoupação do primeiro-ministro demissionário em manifestar-se disponível para compromissos pós-eleitorais com os demais partidos, garantindo que tudo fará para que Portugal venha a ter um Governo maioritário... sem deixar de aproveitar para se queixar da ausência de disponibilidade dos seus potenciais interlocutores.
Entretanto, continuam a multiplicar-se os sinais de que dificilmente Portugal conseguirá evitar o pedido de auxílio antes do dia das eleições e hoje foi a vez do presidente do BES vir afirmar que "Portugal não tem alternativa senão solicitar já um empréstimo intercalar de curto prazo, que permita financiar a economia até à tomada de posse do próximo governo", parecendo cada vez menor a margem de manobra de José Sócrates para conseguir negar a inevitabilidade do pedido de auxílio... e amanhã teremos um novo teste aos mercados com o primeiro dos cinco leilões de bilhetes do tesouro que o IGCP irá (tentar) realizar até à data das eleições.
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