Perdido nos debates acalorados sobre o errático percurso político de Fernando Nobre, a hora de envio e o significado dos sms‘s enviados aos deputados do PSD ou a diferença entre um telefonema e um encontro pessoal, só para dar alguns exemplos dos temas candentes que têm dominado a agenda mediática, o debate político tem vindo a afastar-se das questões essenciais que estão em jogo nas eleições do próximo dia 5 de Junho, as quais parecem cada vez mais esquecidas.
A nossa democracia enfrenta a sua mais grave crise económica, financeira e social. Uma crise que determinou a necessidade de assistência financeira externa para evitar, in extremis, uma situação de bancarrota do Estado e do sistema financeiro, colocando o país numa situação em que serão a União Europeia e o FMI a ditarem os aspectos essenciais das suas políticas económicas durante, pelo menos, os próximos três anos num contexto recessivo que – esperando sinceramente estar enganado – ameaça ser significativamente mais grave, quer para a actividade económica quer para o emprego, do que aquilo que indicam as pouco animadoras projecções já divulgadas.
Neste momento crítico, Portugal precisa, talvez mais do que nunca, que das próximas eleições emerja um quadro parlamentar que permita a constituição de um governo estável, credível e competente que não só seja capaz de implementar as medidas de ajustamento indispensáveis, como ao mesmo tempo de estabelecer prioridades, fazer a diferença através de uma gestão eficiente dos (escassos) recursos disponíveis e concretizar as importantes reformas estruturais do sector público – administrativo e empresarial – que se tornaram absolutamente inadiáveis.
Reformas que não são contraditórias, antes pelo contrário, com a defesa da coesão social, pois não só constituem um pressuposto necessário – mas infelizmente não suficiente – para que a economia possa voltar a crescer a um ritmo razoável que permita reduzir o desemprego, como a sustentabilidade financeira do Estado – que depende da vitalidade económica – é um elemento essencial para que se possam preservar o essencial dos pilares do designado Estado social nas áreas da educação, saúde e segurança social. É que se, como afirmou há algum tempo o ministro Teixeira dos Santos, “A melhor forma de acabar com o Estado Social, é levá-lo à falência !” a única maneira de salvar o Estado Social é garantindo a sua sustentabilidade financeira.
PS: Post publicado no Delito de Opinião na sequência do amável convite que me foi endereçado pelo Pedro Correia, que naturalmente agradeço.
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