segunda-feira, 4 de abril de 2011
A estratégia do PS e a (falta de ?) estratégia do PSD
A estratégia do PS para as próximas eleições é simples e transparente e pode ser descrita em poucos passos:
i) A culpa da crise política é da oposição (e em particular do PSD) que se move exclusivamente por interesses partidários de ambição por poder (contrariamente ao PS/Governo que apenas se preocupa com o interesse nacional);
ii) Imputar todas as más notícias à "crise política", e defender que desencadear uma crise política neste momento foi uma irresponsabilidade que colocou o país na iminência de ter de pedir ajuda externa com todos os sacrifícios que isso implicaria (e que o PS/Governo teria conseguido evitar caso o PEC IV tivesse sido aprovado);
iii) Acusar o PSD (e em particular o seu líder) de: a) não estar ter experiência nem equipa para governar o país, explorando todas as contradições e b) ter uma agenda neo-liberal explicita ou "inconfessável", apostando que o "eleitorado de esquerda" preferirá o "mal que já conhece" (o PEC IV) a um "mal desconhecido" (as medidas do PSD). Indo, à medida que a campanha for avançando, apostando cada vez mais apostar na "cartada" do voto útil de esquerda contra as políticas de direita e neo-liberais;
iv) Evitar ao máximo qualquer debate sobre a acção governativa dos últimos 6 anos (cujos delírios o Prof. Luciano Amaral Dias recorda aqui) , imputando à "crise internacional" e/ou à oposição - que impediu todas as reformas estrturais - os "falhanços" da acção governativa.
Para aplicar esta estratégia, o PS aposta na indiscutível capacidade mediática de José Sócrates (quer nas intervenções para a abertura dos telejornais quer nos debates televisivos), bem secundado pelo núcleo duro do PS/Governo, com destaque para os ministros Silva Pereira e o líder parlamantar Francisco Assis, que vão estabelecer o discurso que depois irá ser repetido pelo aparelho do PS, apostando na velha máxima goebbeliana segundo a qual a principal diferença entre a verdade e a mentira é que esta tem que ser repetida mais vezes e na sua capacidade para ditar a agenda e o ritmo da campanha.
E a verdade é que dificilmente as coisas poderiam estar a correr melhor para o PS e o Governo.
Sem dúvida por mérito próprio, mas também por demérito do principal partido da oposição, a verdade é que o PS tem vindo a conseguir aplicar de forma muito eficaz esta estratégia, impondo a sua narrativa. De tal forma que parece-me já muito dificil inverter o sentimento dominante de que o PSD tinha ânsia de poder e sobretudo que (aqui injustamente) de que foi irresponsável ou, pelo menos, inconsciente na forma como "provocou" a queda do Governo, tornando-se o "principal responsável" pela subida das taxas de juro, descidas de rating e pela iminente / inevitável necessidade de recurso ao auxílio externo.
O que significa que, se quiser aspirar a uma maioria absoluta - sozinho ou em coligação com o CDS-PP - o PSD terá que forçosamente convencer os portugueses de que tem melhores condições para governar Portugal.
Ora para tal, mais importante do que as linhas de orientação e o programa eleitoral (que ninguém ou quase ninguém lê), o PSD precisa de estabelecer um discurso claro com três ou (no máximo) quatro ideias de força sobre o seu projecto para o país, mas, sobretudo, de demonstrar que possui pessoas com competência e capacidade para integrar um futuro Governo. O que na actual conjuntura significa, sobretudo, que é urgente que o PSD seja capaz de encontrar alguém que seja capaz de apresentar e explicar de forma clara e acessível ao eleitor comum qual a situação do país e quais as soluções do PSD para a área económica e financeira.
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