quinta-feira, 28 de abril de 2011

Road to Nowhere - Sem destino


É um filme estranho que não encaixa facilmente em nenhum género ou categoria, com cenas lentas e longos silêncios sublinhados pela poesia agreste do tema que dá túitulo ao filme e que se conjugam para criar uma atmosfera onirifica em que é dificil distinguir a ilusão da realidade, o presente do passado e o filme do realizador do filme dentro do filme que a personagem Mitch Haven está a realizar sobre a misteriosa história de Velma Duran e o seu amante Rafe Taschen. Um filme de que se gosta ou que se detesta... ou talvez nem uma coisa nem outra, mas ao qual não é fácil ficar indiferente.

As cenas iniciais do filme, onde sobressaem as espectaculares imagens da dramática queda de uma avioneta num lago,  parecem antecipar um filme negro centrado numa história da tragédia - verdadeira ou encenada - de Velma e Rafe. Puro engano, depressa percebemos que Hellman / Haven não estão interessados em contar a verdadeira história do desaparecimento do casal e "perdem-se" na contemplação da magnética e trágica Velma / Laurel que Haven descobre num filme e escolhe para protagonista do seu filme, acabando por representar  o seu próprio papel, transformando o filme num jogo de bonecas russas em que verdade e ilusão se entrelaçam e fundem, com Velma (personagem) e Laurel (personagem e protagonista) a ocuparem todo o ecrã com o(s) realizador(es) a transmitirem-nos o seu fascínio pelo seu mistério - sem nunca o revelar - dando-nos a conhecer uma mulher auto-contida, através da qual podemos sentir como é por vezes dificil representar o nosso próprio papel.

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