domingo, 4 de dezembro de 2011
domingo, 23 de outubro de 2011
sábado, 1 de outubro de 2011
domingo, 18 de setembro de 2011
Meia-noite em Paris - Woody Allen
Uma comédia romântica que é uma viagem de descoberta pela Paris actual e, sobretudo, pela Paris de Fitzgerald, Hemigway, Picasso e outros grandes artistas que por aí passaram nos anos 20 quando era o principal centro cultural e arístico do mundo (com uma pequena incursão na Paris da belle époque) que tem por tema principal o eterno sonho de regresso a um ilusório passado glorioso que muitas vezes nos impede de apreciar o presente.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Ler os Outros: António José Seguro - Vasco Pulido Valente
"Nunca, em quase 50 anos, conheci um político que se aproximasse tanto de não ser nada como António José Seguro."
domingo, 11 de setembro de 2011
Sinais perigosos
As declarações do comissário europeu alemão Gunther Oettinger de que os países endividados devem pôr a bandeira a meia haste é uma ideia que revela sobretudo a incapacidade da União Europeia em enfrentar a situação que enfrenta, que é muito perigosa para a unidade política da Europa. Declarações que se seomam à recente demissão do economista-chefe do BCE... e que obviamente só podem ter efeitos negativos sobre a "confiança dos mercados" contribuindo para agravar (ainda mais) a situação.
sábado, 3 de setembro de 2011
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Húmus - Raul Brandão
Um livro que é uma reflexão, a duas vozes, sobre a angústia existencial, Deus, a vida e a consciência:
""Se Deus existe, se tenho a certeza que Deus existe e se interessa pela minha dor, esta vida transitória é um único minuto com a eternidade à minha espera. Tudo me parece fácil. Que exige o meu Deus? Que me reduza a pó e despreze a aparência? Tudo é vão diante da eternidade que me espera. O meu Deus enche o mundo. Só o meu Deus existe, e todo o resto no universo é tão pequeno e tão fútil, que reclamo mais dor, mais sofrimento, mais fome.(,..) Sou capaz de andar de rastro com a boca no pó, sou capaz de sofrer todos os tormentos, com a certeza de ver Deus. (,,,) Até à morte hei-de crer no que creio. Sem crer não sou nada - sem crer não existo - sem crer não compreendo a vida. Crer é uma necessidade absoliuta, um sentimento primário, a própria vida, sua razão e seu fim. tenho necessidade de Deus como do ar que respiro. Sem Ele a vida é desconexa e atroz; pior, é monstruosoa. Creio porque creio. Se a vida se reduzisse só a isto, a vida seria abjecta. Dentro em mim tudo me fala numa lei, numa lógica, numa razão de ser, num sentido. Eu vejo Deus, eu sinto Deus.
Mas se Deus não existe - se Deus não existe que me fica no mundo? Sou nada no infinito. Fui tudo - e sou nada, Leva-me a força bruta. (...) Se Deus não existe tanto faz gritar como não gritar. Não tenho destino a cumprir: saio do nada para o nada
(...)
Tens de existir por força. Tens de existir pelo que sofremos e pelo que criamos. És a única luz nesta escuridão cerrada, a única razão como verdade ou como mentira. Existe aquilo que eu quero que exista, é verdade aquilo que eu quero que seja verdade, aquilo que eu e os meus mortos transformamos em verdade. A fé é a maior de todas as forças desabaladas, mais viva que todas as vidas. Compreendo a inutilidade de todos os esforços e faço pela mentira o esforço que fazia pela verdade. Tenho de te manter à custa do desespero."
Em que o autor num final sofrido, algo confuso de um livro talvez mais repetitivo envereda por uma visão panetista da vida e do universo:
"(...) Só há um momento em que o compreendemos. Mas nesse momento já não podemos voltar para trás. É quando, fazendo ainda parte dos vivos, fazemos já parte dos mortos. Não só a sensibilidade é universal - a inteligência é exterior e universal. O universo é uma vibração. A vida é uma vibração da vibração. (...) O sonho completo é o universo realizado. (...) Cada alma é desmedida e trágica e vem desde os confins da vida até ao infinito da vida. (...) Cada ser é um ser completo e doitrado, atinge a beleza e Deus. As florestas já mortas, a luz das estrelas desaparecidas no caos - tudo aqui está presente. O esforço dos mortos, o sonho dos mortos, o reflexo da ternura, a mão que amparou, a boca que sorriu, levadas pelo vento que soprou há dez mil anos, aqui estão vivos. (...) O gesto esboçado há milhares de anos, e perdido, consumido, conseque hoje realizar-se, o grito que a morte calou numa boca ignorada, faz eco no mundo. (...) Todos os sonhos são realidades (...) Só os sonhos são realidades nesta noite quieta e caiada. (...) A morte já não tem a mesma significação. (...) Para que é que eu existo e tu existes ? (...) isto não és tu! isto não sou eu! isto é a vida temerosa, de que tu não representas senão uma insignificante partícula. Tu não és nada, a vida é tudo."
Uma "conclusão" que dá um um outro sentido e significado à frase de abertura do livro "Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste" e a diversas outras passagens dos capítulos iniciais como "Tudo o que faço é um arremedo. Está ali outra coisa quando falo, quando me calo, quando me rio. E falo mais alto porque a ouço mexer" ou "É um erro supor que o homem ocupa um espaço limitado no universo: cada homem vai até ao interior da terra e até ao âmago do céu".
""Se Deus existe, se tenho a certeza que Deus existe e se interessa pela minha dor, esta vida transitória é um único minuto com a eternidade à minha espera. Tudo me parece fácil. Que exige o meu Deus? Que me reduza a pó e despreze a aparência? Tudo é vão diante da eternidade que me espera. O meu Deus enche o mundo. Só o meu Deus existe, e todo o resto no universo é tão pequeno e tão fútil, que reclamo mais dor, mais sofrimento, mais fome.(,..) Sou capaz de andar de rastro com a boca no pó, sou capaz de sofrer todos os tormentos, com a certeza de ver Deus. (,,,) Até à morte hei-de crer no que creio. Sem crer não sou nada - sem crer não existo - sem crer não compreendo a vida. Crer é uma necessidade absoliuta, um sentimento primário, a própria vida, sua razão e seu fim. tenho necessidade de Deus como do ar que respiro. Sem Ele a vida é desconexa e atroz; pior, é monstruosoa. Creio porque creio. Se a vida se reduzisse só a isto, a vida seria abjecta. Dentro em mim tudo me fala numa lei, numa lógica, numa razão de ser, num sentido. Eu vejo Deus, eu sinto Deus.
Mas se Deus não existe - se Deus não existe que me fica no mundo? Sou nada no infinito. Fui tudo - e sou nada, Leva-me a força bruta. (...) Se Deus não existe tanto faz gritar como não gritar. Não tenho destino a cumprir: saio do nada para o nada
(...)
Tens de existir por força. Tens de existir pelo que sofremos e pelo que criamos. És a única luz nesta escuridão cerrada, a única razão como verdade ou como mentira. Existe aquilo que eu quero que exista, é verdade aquilo que eu quero que seja verdade, aquilo que eu e os meus mortos transformamos em verdade. A fé é a maior de todas as forças desabaladas, mais viva que todas as vidas. Compreendo a inutilidade de todos os esforços e faço pela mentira o esforço que fazia pela verdade. Tenho de te manter à custa do desespero."
Em que o autor num final sofrido, algo confuso de um livro talvez mais repetitivo envereda por uma visão panetista da vida e do universo:
"(...) Só há um momento em que o compreendemos. Mas nesse momento já não podemos voltar para trás. É quando, fazendo ainda parte dos vivos, fazemos já parte dos mortos. Não só a sensibilidade é universal - a inteligência é exterior e universal. O universo é uma vibração. A vida é uma vibração da vibração. (...) O sonho completo é o universo realizado. (...) Cada alma é desmedida e trágica e vem desde os confins da vida até ao infinito da vida. (...) Cada ser é um ser completo e doitrado, atinge a beleza e Deus. As florestas já mortas, a luz das estrelas desaparecidas no caos - tudo aqui está presente. O esforço dos mortos, o sonho dos mortos, o reflexo da ternura, a mão que amparou, a boca que sorriu, levadas pelo vento que soprou há dez mil anos, aqui estão vivos. (...) O gesto esboçado há milhares de anos, e perdido, consumido, conseque hoje realizar-se, o grito que a morte calou numa boca ignorada, faz eco no mundo. (...) Todos os sonhos são realidades (...) Só os sonhos são realidades nesta noite quieta e caiada. (...) A morte já não tem a mesma significação. (...) Para que é que eu existo e tu existes ? (...) isto não és tu! isto não sou eu! isto é a vida temerosa, de que tu não representas senão uma insignificante partícula. Tu não és nada, a vida é tudo."
Uma "conclusão" que dá um um outro sentido e significado à frase de abertura do livro "Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste" e a diversas outras passagens dos capítulos iniciais como "Tudo o que faço é um arremedo. Está ali outra coisa quando falo, quando me calo, quando me rio. E falo mais alto porque a ouço mexer" ou "É um erro supor que o homem ocupa um espaço limitado no universo: cada homem vai até ao interior da terra e até ao âmago do céu".
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
A queda do regime de Kadhafi
Não obstante Kadhafi e os filhos não terem, ainda, sido capturados e não terem cessado os combates em Tripoli, e parecem não haver quaisquer dúvidas de que o regime ditatorial líbio está a viver as suas últimas horas, naquilo que constitui um sucesso das forças rebeldes e da estratégia da NATO, mas sobretudo uma vitória do povo líbio que conquistou a oportunidade de construir uma sociedade livre e democrática.
sábado, 20 de agosto de 2011
Ler os Outros: Para onde fogem ? - Rui Herbon
"(...) há nostálgicos e há espertalhões que defendem seja o que for desde que sirva para manter o seu negócio. O que não há, entre as elites, é desinformados. Sabia-se o que era a RDA e sabe-se o que são Cuba, China, Síria, Arábia Saudita ou Irão. E, em caso de dúvida, temos o senso comum. Em que direcção fugiam os alemães? Isso diz tudo. Corriam do leste para ocidente e não ao contrário, assim como agora há quem vá de sul para norte, também por razões de liberdade, de justiça, de guerra e fome. Se nas escolas se explicasse a fundo em que direcção os povos fugiram ao longo dos tempos, talvez houvesse menos mal-entendidos e mais prevenção perante certos profetas."
(post publicado no Jugular)
(post publicado no Jugular)
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
As conclusões da cimeira franco-alemã
Numa cimeira em que rejeitaram uma vez mais quer a proposta de emissão de eurobonds (solução que levantaria muitos problemas que parecem, pelo menos nas circusntâncias actuais, como dificilmente ultrapassáveis) quer a ideia (mais razoável) de reforço dos recursos à disposição do FEEF, o presidente francês e a chanceler alemã vieram retomar pela enésima vez propostas que já foram por diversas vezes sendo aventadas: i) a inclusão obrigatória (?) de regras orçamentais nas constituições dos países da zona euro, ii) a criação de um "governo económico europeu" e iii) a criação de uma taxa sobre as transacções financeiras, medidas que deverão ser tomadas até ao fim do Verão de 2012.
Apesar da ausência de detalhes sobre qualquer das propostas - não é claro nem o conteúdo das regras orçamentais a incluir nas constituições, nem a forma como os países serão "obrigados" a incluir tais regras, nem muito menos o que sucederá se (quando) como é previsível essas regras não sejam cumpridas, como também não são claras as competências do "governo económico europeu" nem o formato e destino das receitas que essa taxa irá gerar - que impedem uma avaliação do respectivo alcance, tratam-se de medidas que pouco (ou nada) contribuem para a solução da crise das dívidas soberanas, deixando aparentemente exclusivamente a cargo do BCE (que tem estado bastante activo a comprar títulos espanhóis e italianos) a função de evitar que a "crise das dívidas soberanas" alastre. Uma estratégia de esperar que os problemas se resolvam por si próprios que dificilmente será sustentável, particularmente num contexto em que se está a assistir a um abrandamento do crescimento económico na Europa que tenderá a dificultar o "reequilíbrio" das situações orçamentais e a colocar pressão adicional sobre os mercados e o sistema financeiro.
Neste contexto, apesar de negativa, a reacção dos mercados (ajudada por notícias positivas do outro lado do Atlântico e pelo sucesso do leilão de bilhetes do Tesouro em Espanha) pode considerar-se como relativamente benevolente. Resta saber até quando durará o interregno de alguma acalmia - depois da forte turbulência das duas semanas anteriores - dos mercados financeiros.
Apesar da ausência de detalhes sobre qualquer das propostas - não é claro nem o conteúdo das regras orçamentais a incluir nas constituições, nem a forma como os países serão "obrigados" a incluir tais regras, nem muito menos o que sucederá se (quando) como é previsível essas regras não sejam cumpridas, como também não são claras as competências do "governo económico europeu" nem o formato e destino das receitas que essa taxa irá gerar - que impedem uma avaliação do respectivo alcance, tratam-se de medidas que pouco (ou nada) contribuem para a solução da crise das dívidas soberanas, deixando aparentemente exclusivamente a cargo do BCE (que tem estado bastante activo a comprar títulos espanhóis e italianos) a função de evitar que a "crise das dívidas soberanas" alastre. Uma estratégia de esperar que os problemas se resolvam por si próprios que dificilmente será sustentável, particularmente num contexto em que se está a assistir a um abrandamento do crescimento económico na Europa que tenderá a dificultar o "reequilíbrio" das situações orçamentais e a colocar pressão adicional sobre os mercados e o sistema financeiro.
Neste contexto, apesar de negativa, a reacção dos mercados (ajudada por notícias positivas do outro lado do Atlântico e pelo sucesso do leilão de bilhetes do Tesouro em Espanha) pode considerar-se como relativamente benevolente. Resta saber até quando durará o interregno de alguma acalmia - depois da forte turbulência das duas semanas anteriores - dos mercados financeiros.
domingo, 14 de agosto de 2011
sábado, 13 de agosto de 2011
Mon coeur s'ouvre à ta voix - Sansão e Dalila
Mon coeur s'ouvre à la voix,
comme s'ouvrent les fleurs
Aux baiser de l'aurore!
Mais, ô mon bienaimé,
pour mieux sécher mes pleurs,
Que ta voix parle encore!
Dis-moi qu'à Dalila
tu reviens pour jamais,
Redis à ma tendresse
Les serments d'autrefois,
ces serments que j'aimais!
Ah! réponds à ma tendresse!
Verse-moi, verse-moi l'ivresse!
Ainsi qu'on voit des blés
les épis onduler
Sous la brise légère,
Ainsi frémit mon coeur,
prêt à se consoler,
A ta voix qui m'est chère!
La flèche est moins rapide
à porter le trépas,
Que ne l'est ton amante
à voler dans tes bras!
Ah! réponds à ma tendresse!
Verse-moi, verse-moi l'ivresse!
(ouvir aqui)
comme s'ouvrent les fleurs
Aux baiser de l'aurore!
Mais, ô mon bienaimé,
pour mieux sécher mes pleurs,
Que ta voix parle encore!
Dis-moi qu'à Dalila
tu reviens pour jamais,
Redis à ma tendresse
Les serments d'autrefois,
ces serments que j'aimais!
Ah! réponds à ma tendresse!
Verse-moi, verse-moi l'ivresse!
Ainsi qu'on voit des blés
les épis onduler
Sous la brise légère,
Ainsi frémit mon coeur,
prêt à se consoler,
A ta voix qui m'est chère!
La flèche est moins rapide
à porter le trépas,
Que ne l'est ton amante
à voler dans tes bras!
Ah! réponds à ma tendresse!
Verse-moi, verse-moi l'ivresse!
(ouvir aqui)
Ler os Outros: Sobre a violência no Reino Unido - José Manuel Fernandes e Paulo Varela Gomes
Muitas análises tem sido feitas sobre a violência da última semana no Reino Unido, mas realçava dois textos.
O primeiro de José Manuel Fernandes (publicado no Público de ontem) que nos recorda a fragilidade da "ordem social":
"(...) o contrato social que nos permite viver em comunidade radica no facto simples de a maioria das pessoas saber distinguri o que é correcto e o que é errado fazer. Vivemos em paz não porque há muitos polícias a vigiar-nos, mas porque desde pequenos somos ensinados a distinguir o bem do mal. Se não existir um sentido moral nas nossas regras de vida em comum não haverá ordem nas nossas cidades. Quando muito haverá repressão. (...)"
O segundo de Paulo Valrela Gomes que no Público de hoje escreve:
"Não compro nem por um segundo a teoria de que os motins em Inglaterra são causados pela actual crise financeira e económica do Ocidente. Motins deste género e com esta dimensão não constituem novidade nenhuma em Inglaterra e também já os vimos em França, nos EUA, em todas as épocas e situações, em todos os regimes: é a canalha ou escumalha (como preferirem). Roubam e incendeiam porque podem. Yes, they can.
Entrentanto há alguma relação entre os motins e a crise. (...) Em primeiro lugar, a canalha inglesa (...) pode ter sido estimulada pelas acções dos anarquistas na Grécia e noutros lugares e pelas dos estudantes na própria Inglatera. Bem entendido, estas acções não são do mesmo género e não têm as mesmas causas. São política, não são ladroagem. Os anarquistas, chamemos-lhes assim à falta de melhor termo, atacam a polícia, agências bancárias, organismos do Estado. (...) [Enquantto que no Reino Unido] quem sofreu os incêndios e os roubos não é rico e quem queimou e roubou não está contra os ricos, só quer trer mais umas sapatilhas ou um plasma. (...)
Em segundo lugar (...) A canalha prestou um grande serviço aos governos da crise. Quem eles verdadeiramente temem, os trabalhadores e a classe média, vão hesitar em sair ameaçadoramente à rua, porque não querem ser confundidos com a canalha.
Finbalmente, (...) Ninguém hoje confere voz e aponta um caminho aos trabalhadores e à classe média em derrocada. Os partidos de esquerda fazem pena: (...) balbuceiam umas patetices politicamente correctas (...) A esquerda de hoje não serve para nada e não tem nada a propor. A consequência deste facto é que estamos entregues aos anarquistas - que não podem ir muito longe - e aos actos da canalha (...)"
PS: Sobre o tema ver também estes três posts (aqui, aqui e aqui) de Priscila Rêgo no Douta Ignorância.
O primeiro de José Manuel Fernandes (publicado no Público de ontem) que nos recorda a fragilidade da "ordem social":
"(...) o contrato social que nos permite viver em comunidade radica no facto simples de a maioria das pessoas saber distinguri o que é correcto e o que é errado fazer. Vivemos em paz não porque há muitos polícias a vigiar-nos, mas porque desde pequenos somos ensinados a distinguir o bem do mal. Se não existir um sentido moral nas nossas regras de vida em comum não haverá ordem nas nossas cidades. Quando muito haverá repressão. (...)"
O segundo de Paulo Valrela Gomes que no Público de hoje escreve:
"Não compro nem por um segundo a teoria de que os motins em Inglaterra são causados pela actual crise financeira e económica do Ocidente. Motins deste género e com esta dimensão não constituem novidade nenhuma em Inglaterra e também já os vimos em França, nos EUA, em todas as épocas e situações, em todos os regimes: é a canalha ou escumalha (como preferirem). Roubam e incendeiam porque podem. Yes, they can.
Entrentanto há alguma relação entre os motins e a crise. (...) Em primeiro lugar, a canalha inglesa (...) pode ter sido estimulada pelas acções dos anarquistas na Grécia e noutros lugares e pelas dos estudantes na própria Inglatera. Bem entendido, estas acções não são do mesmo género e não têm as mesmas causas. São política, não são ladroagem. Os anarquistas, chamemos-lhes assim à falta de melhor termo, atacam a polícia, agências bancárias, organismos do Estado. (...) [Enquantto que no Reino Unido] quem sofreu os incêndios e os roubos não é rico e quem queimou e roubou não está contra os ricos, só quer trer mais umas sapatilhas ou um plasma. (...)
Em segundo lugar (...) A canalha prestou um grande serviço aos governos da crise. Quem eles verdadeiramente temem, os trabalhadores e a classe média, vão hesitar em sair ameaçadoramente à rua, porque não querem ser confundidos com a canalha.
Finbalmente, (...) Ninguém hoje confere voz e aponta um caminho aos trabalhadores e à classe média em derrocada. Os partidos de esquerda fazem pena: (...) balbuceiam umas patetices politicamente correctas (...) A esquerda de hoje não serve para nada e não tem nada a propor. A consequência deste facto é que estamos entregues aos anarquistas - que não podem ir muito longe - e aos actos da canalha (...)"
PS: Sobre o tema ver também estes três posts (aqui, aqui e aqui) de Priscila Rêgo no Douta Ignorância.
sábado, 6 de agosto de 2011
Ler os Outros: Pontos de Vista - Suzana Toscano
"(...) por esta altura, enchem-se os jornais de “notícias” com as declarações de rendimentos dos novos governantes, reproduzindo com alarde, até à canseira, o que cada um, nome por nome, tem nas contas, nas aplicações, propriedades, tudo num exercício de puro voyeurismo com que já nos vamos conformando. Mas, na verdade, não se trata de um inocente exercício de espreitadela pelas vidas alheias, o que não mereceria mais do que um gesto de impaciência pela futilidade. Trata-se, em bom rigor, do uso abusivo de uma informação que tem que ser prestada para um fim de interesse público de transparência, um fim de que tantos se reclamam em altos gritos mas do qual, afinal, não percebem absolutamente nada. Essa transparência, obtida à custa da renúncia à reserva da sua vida privada por parte dos que se dispõem a servir a causa pública, visa permitir que se confirme, ou não, que, no decurso dos mandatos, esses titulares não enriqueceram de forma desproporcionada ou inexplicável. Só isso, e nada mais, é que devia ser notícia, caso houvesse diferença digna de nota nesse contexto, tudo o mais é pura devassa que só distorce a boa intenção da lei. A devassa expõe, de uma forma leviana e gratuita, a vida privada dos que se dispõem a assumir cargos públicos e em nada contribui para a confiança dos cidadãos, uma vez que as notícias se esgotam no copy paste da declaração inicial, no anúncio aos sete ventos que fulano de tal, ministro, é rico ou é pobre, e que o outro ao lado é proprietário ou tem lá em casa um carro xpto, tornando a palavra transparência numa armadilha sem sentido. Nunca vi nenhum jornal fazer, no fim dos mandatos, o exercício contrário, que era demonstrar que a maior parte dos governantes não enriqueceram durante o exercício dos cargos, que é para isso que a lei existe, só assim tem sentido e só deste modo é que os que reclamam transparência a podem, honestamente, invocar, para obter informações que, de outro modo, não teriam o direito de exigir."
(Post publicado no Quarta República)
(Post publicado no Quarta República)
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Ler os Outros: O BPN e o complexo Julia Roberts - Camilo Lourenço
"Há pelo menos dois anos e meio que se sabia que a venda do BPN só seria possível se o Estado "pagasse" para o vender. Agora, concluída a operação, meio mundo age como se o BPN fosse "A Jóia da Corôa" da banca portuguesa. Ele é deputados do PCP, BE e PS, ele é os grupos derrotados na operação (...)
Agora os políticos: Maria de Belém diz que enquanto presidente da Comissão que investigou o BPN lhe "passou muita coisa estranha debaixo dos olhos" e criticou a falta de sanção dos "actos criminosos". Uma pergunta: Maria de Belém criticava as falhas do anterior Governo? É que o banco foi nacionalizado em Novembro de 2008 e até Março de 2011 Teixeira dos Santos nunca disse qual o custo para o contribuinte. E em vez de vender o BPN mais cedo, quando a conjuntura era mais favorável, empurrou com a barriga… até levar com o gravíssimo ultimatum da troika (que deu todo o poder negocial ao comprador). Maria de Belém deve estar com amnésia. O que é estranho em quem dirigiu a referida Comissão…"
(escerto de crónica publicada no Jornal de Negócios)
Agora os políticos: Maria de Belém diz que enquanto presidente da Comissão que investigou o BPN lhe "passou muita coisa estranha debaixo dos olhos" e criticou a falta de sanção dos "actos criminosos". Uma pergunta: Maria de Belém criticava as falhas do anterior Governo? É que o banco foi nacionalizado em Novembro de 2008 e até Março de 2011 Teixeira dos Santos nunca disse qual o custo para o contribuinte. E em vez de vender o BPN mais cedo, quando a conjuntura era mais favorável, empurrou com a barriga… até levar com o gravíssimo ultimatum da troika (que deu todo o poder negocial ao comprador). Maria de Belém deve estar com amnésia. O que é estranho em quem dirigiu a referida Comissão…"
(escerto de crónica publicada no Jornal de Negócios)
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Ler os Outros: Have gun, will travel - José Vitor Malheiros
"(...) este trabalho que o SIED faz para algumas empresas "estratégicas" está muito mal explicado e é a porta aberta para todos os abuso e favorecimentos. Quem decide que empresas podem beneficiar dele? Em que casos se faz e com que fins e instrumentos? Eu posso inscrever-me se quiser ganhar um concurso no Brasil? Em Agola? E se quiser ganhar um concurso em Portugal? O CFSIRP (a sigla é impronunciável por razões de segurança) também podia espreitar para aqui."
(excerto de crónica publicada ontem no Público)
(excerto de crónica publicada ontem no Público)
terça-feira, 2 de agosto de 2011
EUA divididos
Um dos factos mais salientes dos resultados da votação do acordo para o aumento do endividamento federal é o peso dos representantes dos dois partidos que votaram contra o acordo. Efectivamente o compromisso - obtido in extremis e que parece não agradar a ninguém - foi aprovado por 269 votos (174 Republicanos e 95 Democratas) contra 161 (66 Republicanos e 95 Democratas).
Ou seja, um terço dos Republicanos e metade dos Democratas votaram, por razões diferentes, contra um acordo em que se prevê uma redução de 2,1 milhões de milhões de dólares da despesa federal dos EUA mas em que apenas 917 mil milhões estão já identificados (em 2012 a redução será de apenas 21 mil milhões de dólares) enquanto que os restantes 1,2 milhões de milhões serão definidos por um comité.
Ou seja, um terço dos Republicanos e metade dos Democratas votaram, por razões diferentes, contra um acordo em que se prevê uma redução de 2,1 milhões de milhões de dólares da despesa federal dos EUA mas em que apenas 917 mil milhões estão já identificados (em 2012 a redução será de apenas 21 mil milhões de dólares) enquanto que os restantes 1,2 milhões de milhões serão definidos por um comité.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
A entrevista de Álvaro Santos Pereira à RTP
Apreciei a forma clara e directa como o Ministro da Economia explicou o aumento dos preços dos transportes públicos, recordando a situação financeira calamitosa das empresas públicas de transportes (anunciando que, em 2010, os encargos com juros foram de 590 milhões de euros e os prejuízos foram 940 milhões de euros) que resultou das políticas dos Governos ao longo dos últimos anos que foram - à custa do crédito barato - empurrando o problema para a futuro, como também apreciei a forma como defendeu a necessidade de reestruturação do sector para reduzir os custos. Fiquei, no entanto, com algumas dúvidas quanto às vantagens de "prometer" que vai tentar (?) que os aumentos dos transportes no próximo mês de Janeiro não sejam superiores à inflação.
domingo, 31 de julho de 2011
Ler os Outros: Explicações Para Um Massacre - Rui Ramos
"Para quem por acaso seguiu o noticiário desde o princípio, o massacre da Norueda foi uma ocasiºao para admirar as máquinas de explicar tudo em que assenta a nossa civilização mediática.
(...)
Teorias e debates, por mais deslocados, diluíram o horror, amenizaram a tragédia, distraíram-nos da realidade, fizeram-nos, paradoxalmente, sentir um pouco mais seguros. Que pode haver de mais reconfortante do que imaginar o assassino como o agente de uma rede politicamente motivada? Dá sentido ao que aconteceu e sugere a profilaxia adequada. É que a uma organização terrorista, podemos persegui-la; a uma ideologia vil, limitar a sua expressão - mas que fazer com um monstro isolado, capaz de atrocidades em grand escala? O que discutir, se os argumentos do assassino tiverem de ser entendidos não como o motivo dos seus atos mas como a linguagem ocasional do seu delírio e perversão? O que prevenir? Sem teorias da conspiração, po mundo é muito mais inquietante. Porque não há nada mais assustador do que a falta de sentido. Felizmente, temos as nossas máquinas de explicar tudo."
(excerto da crónica publicada no Expresso de ontem)
(...)
Teorias e debates, por mais deslocados, diluíram o horror, amenizaram a tragédia, distraíram-nos da realidade, fizeram-nos, paradoxalmente, sentir um pouco mais seguros. Que pode haver de mais reconfortante do que imaginar o assassino como o agente de uma rede politicamente motivada? Dá sentido ao que aconteceu e sugere a profilaxia adequada. É que a uma organização terrorista, podemos persegui-la; a uma ideologia vil, limitar a sua expressão - mas que fazer com um monstro isolado, capaz de atrocidades em grand escala? O que discutir, se os argumentos do assassino tiverem de ser entendidos não como o motivo dos seus atos mas como a linguagem ocasional do seu delírio e perversão? O que prevenir? Sem teorias da conspiração, po mundo é muito mais inquietante. Porque não há nada mais assustador do que a falta de sentido. Felizmente, temos as nossas máquinas de explicar tudo."
(excerto da crónica publicada no Expresso de ontem)
sábado, 30 de julho de 2011
Quem diz que Amor é falso ou enganoso - Camões
Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce, e é piedoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.
Se males faz Amor em mim se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.
Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce, e é piedoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.
Se males faz Amor em mim se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Curiosidade
De acordo com o DN Jorge Silva Carvalho, ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) assumiu que "enviou e-mails de sua casa, sobre matéria revelada pelo Expresso, sem confirmar se o destino foi a Ongoing, mas garante que não violou nem o dever de sigilo nem segredos de Estado", revelando que "sempre que o interesse nacional se impõe, as "secretas" podem passar informações a empresas privadas" e que "tudo foi feito dentro da lei, registado, documentado, com autorização superior".
Não me custa admitir que se, por hipótese, uma determinada empresa possa ser alvo de um atentado ou de um acto de sabotagem as "secretas" comuniquem essa informação, mas confesso que fiquei com uma enorme curiosidade em saber quais as situações de "interesse nacional" que no caso concreto terão estado em causa.
Não me custa admitir que se, por hipótese, uma determinada empresa possa ser alvo de um atentado ou de um acto de sabotagem as "secretas" comuniquem essa informação, mas confesso que fiquei com uma enorme curiosidade em saber quais as situações de "interesse nacional" que no caso concreto terão estado em causa.
terça-feira, 26 de julho de 2011
Ler os Outros: Os banqueiros querem que o Estado lhes pague - Tavares Moreira
"1. Achei muito curiosa (...) a posição publicamente manifestada por alguns banqueiros da nossa praça, reivindicando o pagamento das dívidas de que são credores perante o Estado e que este terá acumulado ao longo dos últimos anos.
(...) em 1º lugar pela forma como foi manifestada essa posição, a qual poderá levar algumas pessoas menos prevenidas a crer que o Estado terá utilizado o crédito bancário contra a vontade dos bancos, o que seria no mínimo surpreendente...não creio que tal tenha sucedido, os bancos financiaram o Estado porque quiseram, porque acharam na altura que seria bom negócio, ninguém lhes terá imposto tal crédito à força...
3. Em 2º lugar, porque não me recordo de uma posição destas dos bancos nos últimos anos, em especial nos últimos 6 em que eles foram especialmente pródigos em conceder crédito ao Estado, enchendo os seus balanços com “toneladas” de dívida pública, crédito a empresas públicas e a parcerias público-privadas...
4. Houve mesmo alguns que ainda não há muito tempo elogiaram publicamente a política de grandes obras públicas, dizendo que era benéfica para o desenvolvimento do País – e que, a ter continuidade, teria levado o Estado a endividar-se ainda mais pesadamente junto da banca...
5. Em 3º lugar, porque as dívidas do Estado perante estes bancos têm, como quaisquer outras, prazos de vencimento, que o Estado não poderá deixar de cumprir, sob pena de ser considerado em “default”...assim aos bancos basta-lhes aguardar pelo vencimento das dívidas do Estado, exigir o reembolso e fica satisfeita a sua vontade...
(...)
9.Em 6º e último lugar porque eles não ignoram que o Estado, ainda que quisesse pagar aos bancos tudo o que lhes deve nesta altura...não teria obviamente dinheiro para isso! Só se os mesmos bancos lhe emprestassem para ele lhes pagar de volta...
10.Muito curiosa mesmo esta posição dos banqueiros, depois de anos de silêncio...o que os terá movido a manifestar tal posição? Saberão que existe dinheiro escondido nalgum lado?"
(Post publicado aqui no Quarta República)
(...) em 1º lugar pela forma como foi manifestada essa posição, a qual poderá levar algumas pessoas menos prevenidas a crer que o Estado terá utilizado o crédito bancário contra a vontade dos bancos, o que seria no mínimo surpreendente...não creio que tal tenha sucedido, os bancos financiaram o Estado porque quiseram, porque acharam na altura que seria bom negócio, ninguém lhes terá imposto tal crédito à força...
3. Em 2º lugar, porque não me recordo de uma posição destas dos bancos nos últimos anos, em especial nos últimos 6 em que eles foram especialmente pródigos em conceder crédito ao Estado, enchendo os seus balanços com “toneladas” de dívida pública, crédito a empresas públicas e a parcerias público-privadas...
4. Houve mesmo alguns que ainda não há muito tempo elogiaram publicamente a política de grandes obras públicas, dizendo que era benéfica para o desenvolvimento do País – e que, a ter continuidade, teria levado o Estado a endividar-se ainda mais pesadamente junto da banca...
5. Em 3º lugar, porque as dívidas do Estado perante estes bancos têm, como quaisquer outras, prazos de vencimento, que o Estado não poderá deixar de cumprir, sob pena de ser considerado em “default”...assim aos bancos basta-lhes aguardar pelo vencimento das dívidas do Estado, exigir o reembolso e fica satisfeita a sua vontade...
(...)
9.Em 6º e último lugar porque eles não ignoram que o Estado, ainda que quisesse pagar aos bancos tudo o que lhes deve nesta altura...não teria obviamente dinheiro para isso! Só se os mesmos bancos lhe emprestassem para ele lhes pagar de volta...
10.Muito curiosa mesmo esta posição dos banqueiros, depois de anos de silêncio...o que os terá movido a manifestar tal posição? Saberão que existe dinheiro escondido nalgum lado?"
(Post publicado aqui no Quarta República)
segunda-feira, 25 de julho de 2011
A nova liderança do PS
Quase 70% dos votos garantiram a António José Seguro uma vitória nas eleições para escolher o sucessor de José Sócrates como Secretário-Geral do Partido Socialista. Vencido este dasfaio para o qual se preparou pacientemente durante vários anos o novo líder do PS, o novo líder o PS enfrenta agora a dificil tarefa de, condicionado pelos termos do compromisso com a troika que o PS subscreveu e pela herança de seis anos de Governos liderados por José Sócrates, manter o partido unido e afirmando-se como uma oposição construtiva que seja capaz de apresentar soluções alternativas às do Governo, e, simultaneamente, evitar uma deriva esquerdista e ao mesmo tempo evitar que PCP e BE monopolizem a contestação de esquerda.
sábado, 23 de julho de 2011
Rehab - Amy Winehouse
Uma alma atormentada e um grande talento que nos deixa algumas das mais tristemente belas canções da música pop.
Sondagem do Expresso
A sondagem hoje publicada no Jornal Expresso indicam que o PSD mantém uma clara liderança nas intenções de voto (40%) enqaunto que o PS se quda pelos 26,3% e CDS-PP, CDU e BE obtém 13,1%, 8% e 5,1%, respectivamente. Valores que indicam que apesar de alguma medidas dificeis e normalmente impopulares não afectaram de modo significativo a imagem dos partidos do Governo. E reflecte-se igualmente na imagem positiva quer dos respectivos líferes quer do Governo no seu conjunto.
Este estado de graça que resulta em grande parte do mérito dos partidos de Governo não terem durante a campanha eleitoral escamoteado as dificuldades, contribuindo desse modo para uma consciência do esforço colossal de ajustamento que vai ser necessário que na sondagem surge expressa no facto de 68,2% dos inquiridos considerar que vão surgir mais medidas de austeridade (contra apenas 22% que pensam que não).
Da sondagem realça ainda que 55,1% dos portugueses acredita que Portugal vai conseguir cumprir o memorando da troika contra apenas 19,2% que pensam o contrário (25,7% não sabe ou não responde). E o forte impacto da "campanha" de indignação nacional contra as agências de rating que se reflecte na elevada percentagem (61,6%) que considera que a queda de rating da República Portuguesa decretada pela Moody's foi injusta e nos 55,7% que consideram que o Estado devia cancelar os contratos com as agências de rating.
Este estado de graça que resulta em grande parte do mérito dos partidos de Governo não terem durante a campanha eleitoral escamoteado as dificuldades, contribuindo desse modo para uma consciência do esforço colossal de ajustamento que vai ser necessário que na sondagem surge expressa no facto de 68,2% dos inquiridos considerar que vão surgir mais medidas de austeridade (contra apenas 22% que pensam que não).
Da sondagem realça ainda que 55,1% dos portugueses acredita que Portugal vai conseguir cumprir o memorando da troika contra apenas 19,2% que pensam o contrário (25,7% não sabe ou não responde). E o forte impacto da "campanha" de indignação nacional contra as agências de rating que se reflecte na elevada percentagem (61,6%) que considera que a queda de rating da República Portuguesa decretada pela Moody's foi injusta e nos 55,7% que consideram que o Estado devia cancelar os contratos com as agências de rating.
Os atentados na Noruega
Apesar da tendência para atribuir os chocantes atentados de ontem na Noruega que provocaram, pelo menos 17 mortos e vários feridos com gravidade, a grupos islâmicos, embora natural quer por fazer recordar os atentados em Londres e Madrid quer pelo envolvimento da Noruega no Afeganistão, a verdade é que como alguns analistas salientam aqui apresentam características - nomeadamente quanto aos alvos escolhidos e à data e hora dos atentados - que não são característicos dos ataques jihadistas que normalmente visam indiscriminadamente o máximo número de vítimas, parecendo mais consistente com uma acção de grupos de extrema direita.
Tanto de meu estado me acho incerto - Camões
Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.
É tudo quanto sinto um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao Céu voando;
Numa hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.
Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.
É tudo quanto sinto um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao Céu voando;
Numa hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.
Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Ler os Outros: Sérgio de Almeida Correia
"Já não me parecia bem antes de saber os números. Agora que me dizem que da Comissão Parlamentar de Obras Públicas "quase metade dos deputados eram administradores de empresas privadas de obras públicas" e que "um terço dos deputados da anterior legislatura - 70 dos 230 - tinham também assento em empresas do Estado", quero saber quem são eles, quais os partidos a que pertencem e quais são as empresas em causa. Por razões de higiene pública. Nada mais."
(post publicado no Delito de Opinião)
(post publicado no Delito de Opinião)
terça-feira, 19 de julho de 2011
Ler os Outros: As dúvidas de Agosto - Luis Naves
"(...) A tese dominante, em comentários de jornais e televisões, é a de que a Europa enfrenta um dilema entre federalização da moeda única e colapso da zona euro. As abordagens intermédias que foram ensaiadas estão condenadas ao fracasso e isso aplica-se à mais recente ideia defendida pela França e Alemanha, a de se estabelecer um acordo com bancos europeus para que estes aceitem de forma voluntária suavizar o peso da dívida grega, aceitando algum prejuízo.
(...)
Curiosamente, nenhuma das duas opções dadas como inevitáveis parece possível. Nem a federalização nem o colapso do euro. A federalização da zona euro não passa de uma quimera. Nada disso consta nos tratados e refazer a arquitectura da UE simplesmente não é viável a curto prazo. Bastam 30 segundos de análise para perceber que países como França ou Alemanha não têm nos seus planos a obediência a um ministro das finanças europeu (eleito por 27, por 17?) que impeça uma determinada despesa aprovada pelos parlamentos. Bruxelas a explicar aos alemães como vão organizar o seu orçamento, alguém consegue imaginar o cenário? O princípio da subsidariedade completamente enterrado? E tudo feito sem consulta aos eleitores? E como se avança para uma hipótese destas sem cobrança de impostos?
[Uma nota: já começou a discussão das perspectivas financeiras entre 2014 e 2020. Adivinham-se discussões ferozes no próximo ano e os contribuintes líquidos não querem passar de 1% do PIB, nem sequer um cêntimo a mais].
O colapso da moeda única era um filme de terror. Complicações técnicas e legais, o fim do mercado único, milhões de desempregados. A saída de um ou dois países era já uma complicação intragável e um super-euro sem os cábulas também não parece viável, pois segundo os tratados é mais fácil sair da União Europeia do que sair do euro. (...)"
(excerto do post publicado no Albergue Espanhol)
(...)
Curiosamente, nenhuma das duas opções dadas como inevitáveis parece possível. Nem a federalização nem o colapso do euro. A federalização da zona euro não passa de uma quimera. Nada disso consta nos tratados e refazer a arquitectura da UE simplesmente não é viável a curto prazo. Bastam 30 segundos de análise para perceber que países como França ou Alemanha não têm nos seus planos a obediência a um ministro das finanças europeu (eleito por 27, por 17?) que impeça uma determinada despesa aprovada pelos parlamentos. Bruxelas a explicar aos alemães como vão organizar o seu orçamento, alguém consegue imaginar o cenário? O princípio da subsidariedade completamente enterrado? E tudo feito sem consulta aos eleitores? E como se avança para uma hipótese destas sem cobrança de impostos?
[Uma nota: já começou a discussão das perspectivas financeiras entre 2014 e 2020. Adivinham-se discussões ferozes no próximo ano e os contribuintes líquidos não querem passar de 1% do PIB, nem sequer um cêntimo a mais].
O colapso da moeda única era um filme de terror. Complicações técnicas e legais, o fim do mercado único, milhões de desempregados. A saída de um ou dois países era já uma complicação intragável e um super-euro sem os cábulas também não parece viável, pois segundo os tratados é mais fácil sair da União Europeia do que sair do euro. (...)"
(excerto do post publicado no Albergue Espanhol)
domingo, 17 de julho de 2011
Ler os Outros: Coisas que fazem apertar o nó da gravata - Rui Rocha
"Dizem-me que existem cerca de 400.000 agricultores em Portugal. De acordo com Assunção Cristas, o Ministério da Agricultura tem mais de 10.500 funcionários e de 1500 edifícios. Qualquer aluno do 12º ano, com uma boa calculadora na mão, será capaz de afirmar, sem grande angústia, que a relação é de 1 funcionário para 38 agricultores e de 1 edifício para 266 agricultores. Não deixam de ser números surpreendentes se tivermos em conta que em Portugal existem 1 médico para 256 habitantes e 1 polícia para 222 habitantes."
(post publicado no Delito de Opinião)
(post publicado no Delito de Opinião)
Museu Gulbenkian
Um "pequeno" museu que impressiona pelo ecletismo e pela qualidade das peças que reflecte o lema "only the best is good enough for me" que Calouste Gulbenkian seguia na escolha das obras da sua colecção que é realçada por um espaço caracterizado por uma arquitectura integrada num magnífico parque e onde ressaltam recantos acolhedoramente "abertos" para o exterior, nos quais a arte e a natureza se encontram contribuindo para criar um ambiente que propicia uma reconfortante sensação de tranquilidade e serenidade de espírito.
sábado, 16 de julho de 2011
sexta-feira, 15 de julho de 2011
We're not Portugal
"And here’s the good news -- it turns out we don’t have to do anything radical to solve this problem. Contrary to what some folks say, we’re not Greece, we’re not Portugal. It turns out that our problem is we cut taxes without paying for them over the last decade; we ended up instituting new programs like a prescription drug program for seniors that was not paid for; we fought two wars, we didn’t pay for them; we had a bad recession that required a Recovery Act and stimulus spending and helping states -- and all that accumulated and there’s interest on top of that. " (meu sublinhado)
(declarações do Presidente Obama)
(declarações do Presidente Obama)
Ler os Outros: Não há nada como uma boa teoria da conspiração - José Manuel Fernandes
"Andamos, desde 1995, a consumir por ano sensivelmente mais dez por cento do que produzimos? A culpa é da Moody's e das outras agências de rating. Entrámos para a moeda única e praticamente nunca conseguimos cumprir com os critérios de convergência? A culpa é dos «camones» que querem destruir o euro. Suportámos um primeiro-ministro que mentiu até ao fim sobre a dimensão dos problemas nacionais» A culpa é dos analistas das agências que dizem alto o que, por cá, todos sussurram. Na Europa ninguém se entende e cada um puxa para seu lado? A culpa é dos americanos, que por acaso também não se entendem e puxam cada um para seu lado.
Seria patético se não fosse trágico. (...)
O histerismo que se instalou na opinião pública por causa da classificação de «lixo» - uma classificação dada à dívida pública portuguesa, não à República portuguesa, convém notar . ajuda à passagem de uma mensagem que muitos já andam por aí a repetir: não vale a pena sacrificarmo-nos, não vale a pena colocarmos ordem nas contas, não vale a pena reestruturarmos a economia, pois tudo se resolverá no dia em que houver uma agência de rating europeia."
(excerto da crónica no Público de hoje)
Seria patético se não fosse trágico. (...)
O histerismo que se instalou na opinião pública por causa da classificação de «lixo» - uma classificação dada à dívida pública portuguesa, não à República portuguesa, convém notar . ajuda à passagem de uma mensagem que muitos já andam por aí a repetir: não vale a pena sacrificarmo-nos, não vale a pena colocarmos ordem nas contas, não vale a pena reestruturarmos a economia, pois tudo se resolverá no dia em que houver uma agência de rating europeia."
(excerto da crónica no Público de hoje)
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Ler os Outros: Os partidos são seres muito estranhos... - João Ricardo Vasconcelos
"António José Seguro, o homem que manteve sempre a distância em relação a José Sócrates, é considerado o candidato do aparelho. Aparelho este que há três meses, a gosto ou a contragosto, apoiou de forma unânime no congresso adivinhem quem? Sócrates (?!). Por sua vez. Francisco Assis, uma das principais caras dos últimos anos da era Sócrates e apoiado pelos círculos mais próximos do antigo líder, é considerado o candidato da mudança (?!).
Os partidos são seres misteriosos. E o PS serve aqui apenas de exemplo. Compreendê-los não está ao alcance do comum dos mortais. Eis o problema."
(post publicado no Activismo de Sofá)
Os partidos são seres misteriosos. E o PS serve aqui apenas de exemplo. Compreendê-los não está ao alcance do comum dos mortais. Eis o problema."
(post publicado no Activismo de Sofá)
quarta-feira, 13 de julho de 2011
A tomada de decisões nas democracias europeias em tempos de crise
Num discurso recente Lorenzo Smaghi, membro do Conselho do BCE, defende que uma união monetária implica um elevado grau de união política que resulta quer do facto de as decisões tomadas por alguns membros terem um um impacto muito directos, e por vezes dramático, nos outros, quer de alguns problemas especificos nacionais apenas poderem ser resolvidos numa perspectiva da zona euro.
Pelo que os governos e cidadãos de uma união monetária se devem preocupar não apenas com o que ocorre nos seus países, mas também com o que sucede nos outros países e que, portanto, deve existir um mecanismo de supervisão mútua da evolução económica e das políticas de modo a que todos cumpram as suas obrigações comuns, o que não tem ocorrido na prática.
Necessidade que contrasta com o facto de a vida política ser, ainda, essencialmente dominada pelos temas nacionais e não existir uma consciência da dimensão global do euro, donde resulta os decisores políticos tenderem a tomar decisões relacionadas com a zona euro com base numa perspectiva puramente nacional. O que é reforçado pela tendência da comunicação social para reflectir principalmente a perspectiva do seu próprio país e não ter em conta nem a diversidade de perspectivas nacionais no seio da União nem a perspectiva europeia, e difundir visões estereotipadas o que conduz muitas vezes a posições extremadas que tornam dificil alcançar compromissos ao nível europeu, já de si dificeis de obter em virtude da regra da unanimidade que pode (facilmente) conduzir a situações de bloqueio.
Neste contexto propõe: i) uma "diluição" da regra da unanimidade que atenue o carácter intergovernamental do processo de decisão; ii) reforçar as regras de governação que condicionam as decisões nacionais, reduzindo a margem de discricionariedade na aplicação do pacto de estabilidade e crescimento e da imposição nas legislações nacionais de limites legais à dívida e admitindo a hipótese de transferir o direito de emitir dívida para uma entidade supra-nacional e iii) criar mecanismos que assegurem de forma eficaz a aplicação dessas regras, através de um reforço dos poderes da Comissão Europeia.
Um conjunto de propostas que levanta diversas questões face aos princípios de responsabilização e de decisão democrática, mas que constitui um conjunto de propostas interessante para criar um processo de decisão a nível europeu mais eficiente e que possa constituir uma alternativa viável a uma via federal para a qual não parecem existir condições políticas.
Pelo que os governos e cidadãos de uma união monetária se devem preocupar não apenas com o que ocorre nos seus países, mas também com o que sucede nos outros países e que, portanto, deve existir um mecanismo de supervisão mútua da evolução económica e das políticas de modo a que todos cumpram as suas obrigações comuns, o que não tem ocorrido na prática.
Necessidade que contrasta com o facto de a vida política ser, ainda, essencialmente dominada pelos temas nacionais e não existir uma consciência da dimensão global do euro, donde resulta os decisores políticos tenderem a tomar decisões relacionadas com a zona euro com base numa perspectiva puramente nacional. O que é reforçado pela tendência da comunicação social para reflectir principalmente a perspectiva do seu próprio país e não ter em conta nem a diversidade de perspectivas nacionais no seio da União nem a perspectiva europeia, e difundir visões estereotipadas o que conduz muitas vezes a posições extremadas que tornam dificil alcançar compromissos ao nível europeu, já de si dificeis de obter em virtude da regra da unanimidade que pode (facilmente) conduzir a situações de bloqueio.
Neste contexto propõe: i) uma "diluição" da regra da unanimidade que atenue o carácter intergovernamental do processo de decisão; ii) reforçar as regras de governação que condicionam as decisões nacionais, reduzindo a margem de discricionariedade na aplicação do pacto de estabilidade e crescimento e da imposição nas legislações nacionais de limites legais à dívida e admitindo a hipótese de transferir o direito de emitir dívida para uma entidade supra-nacional e iii) criar mecanismos que assegurem de forma eficaz a aplicação dessas regras, através de um reforço dos poderes da Comissão Europeia.
Um conjunto de propostas que levanta diversas questões face aos princípios de responsabilização e de decisão democrática, mas que constitui um conjunto de propostas interessante para criar um processo de decisão a nível europeu mais eficiente e que possa constituir uma alternativa viável a uma via federal para a qual não parecem existir condições políticas.
Declaração do Eurogrupo
"Ministers discussed the main parameters of a new multi-annual adjustment programme for Greece, which will build on strong commitments to fiscal consolidation, ambitious growth-enhancing structural reforms and a substantial privatisation of state assets. Ministers welcomed the reinforcement of monitoring mechanisms of the programme of Greece, the nomination of the board of the privatisation agency, which comprises two observers representing euro area Member States and the European Commission, and agreed to provide extended technical assistance to Greece. They called upon the Greek government to sustain its on-going efforts to meet these commitments in full and on time." (meu sublinhado)
domingo, 10 de julho de 2011
O Congresso da Associação Nacional de Municipios Portugueses
O Congresso Extraodinário da Associação Nacional dos Municípios Portugueses constituiu um bom exemplo das dificuldades e resistências na implementação das medidas de racionalização/redução da despesa pública. Efectivamente foi interessante, embora não surpreendente, ver os autarcas não só considerarem que "fundir câmaras ou juntas não resolve os problemas" como inclusive virem considerar que "se deveriam dar mais meios financeiros às autarquias", como ainda, pugnar pelo avanço da regionlização.
Isto apesar de o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses referente ao ano de 2009 indicar que:
- o rácio de independência financeira tem viondo a reduzir-se substancialamente entre 2006 e 2009, tendo verificado-se um aumento do peso das transferências da administração central e do recurso ao crédito e uma redução das receitas próprias (sobretudo do IMT) que afectou mais os pequenos municípios, um agudizar das dificuldades de tesouraria em 2009 que se traduz num aumento do número de municípios em que o prazo médio de pagamentos excede os 90 dias,
- aumentos significativos quer dos compromissos do exercício por pagar quer os compromissos a pagar em exercícios futuros,
- ao longo do quadriénio 2006/2009 a despesa realizada foi sempre manifestamente superior ao valor da receita liquidada, representando esse excesso em média cerca de 20,1% da receita liquidada (+1.873 milhões de euros em 2006, +1.583 milhões de euros em 2007, +1.252 milhões de euros em 2008 e +1.942 milhões de euros em 2009).
- o passivo elegível dos municípios aumentou 35,0% entre 2006 e 2009;
- "os custos totais cresceram 1.4888,1 milhões de euros (+25,5%) totaliuzando, em 2009, 7.326,3 milhões de euros, + 425 milhões de euros que em 2008";
- "pese embora as restrições colocadas ao aumento de despesas com pessoal, certo é que os custos com pessoal foram os que apresentaram maior volume de crescimento global nos custos autárquicos, ao aumentarem 422,6 milhões de euros (+21,2%). A maior parte deste aumento ocorreu em 2009, com um acréscimo de custos de 262,8 milhões de euros (+12,2%)" e que
- "os custos com os fornecimentos e serviços externos cresceram, entre 2006 e 2009, 26,3% apresentando um acréscimo de gastos de +392,2 milhões de euros".
Números que reflectindo valores agregados serão certamente injustos para alguns municipios, mas que não confirmam a imagem de frugalidade financeira dos municípios.
Diga-se, ainda, que de acordo com o referido Anuário mais de metade (180) dos municipios tinham menos de 20 mil habitantes e que existiam 281 empresas municipais e intermunicipais, valores que sugerem também nessas áreas haverá ganhos e poupanças que poderiam ser obtidos através de uma reorganização administrativa do território.
Isto apesar de o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses referente ao ano de 2009 indicar que:
- o rácio de independência financeira tem viondo a reduzir-se substancialamente entre 2006 e 2009, tendo verificado-se um aumento do peso das transferências da administração central e do recurso ao crédito e uma redução das receitas próprias (sobretudo do IMT) que afectou mais os pequenos municípios, um agudizar das dificuldades de tesouraria em 2009 que se traduz num aumento do número de municípios em que o prazo médio de pagamentos excede os 90 dias,
- aumentos significativos quer dos compromissos do exercício por pagar quer os compromissos a pagar em exercícios futuros,
- ao longo do quadriénio 2006/2009 a despesa realizada foi sempre manifestamente superior ao valor da receita liquidada, representando esse excesso em média cerca de 20,1% da receita liquidada (+1.873 milhões de euros em 2006, +1.583 milhões de euros em 2007, +1.252 milhões de euros em 2008 e +1.942 milhões de euros em 2009).
- o passivo elegível dos municípios aumentou 35,0% entre 2006 e 2009;
- "os custos totais cresceram 1.4888,1 milhões de euros (+25,5%) totaliuzando, em 2009, 7.326,3 milhões de euros, + 425 milhões de euros que em 2008";
- "pese embora as restrições colocadas ao aumento de despesas com pessoal, certo é que os custos com pessoal foram os que apresentaram maior volume de crescimento global nos custos autárquicos, ao aumentarem 422,6 milhões de euros (+21,2%). A maior parte deste aumento ocorreu em 2009, com um acréscimo de custos de 262,8 milhões de euros (+12,2%)" e que
- "os custos com os fornecimentos e serviços externos cresceram, entre 2006 e 2009, 26,3% apresentando um acréscimo de gastos de +392,2 milhões de euros".
Números que reflectindo valores agregados serão certamente injustos para alguns municipios, mas que não confirmam a imagem de frugalidade financeira dos municípios.
Diga-se, ainda, que de acordo com o referido Anuário mais de metade (180) dos municipios tinham menos de 20 mil habitantes e que existiam 281 empresas municipais e intermunicipais, valores que sugerem também nessas áreas haverá ganhos e poupanças que poderiam ser obtidos através de uma reorganização administrativa do território.
sábado, 9 de julho de 2011
Ler os Outros: O Murro - Rui Ramos
"A baixa de notação financeira foi má. A nossa reacção foi pior. (...)
Quando Louçã e Jerónimo anunciam que haverá "reestruturação", dizem a "verdade". Quando a Moody's concorda com eles, mente a soldo do imperialismo americado. Isto faz sentido?
(...) foi inquietante ver aqueles que se indignavam quando o engenheiro Sócrates rugia contra a especulação internacional - prontos para lhe copiar os piores tiques à primeira oportunidade. Aparentemenete, houve quem se tivesse convencido que a crise era o engenheiro Sócrates e que removido este e declaradas duas ou três boas intenções, não seriam precisos esforços nem resultados para tudo passar a correr muito bem. Já perceberam que estavam enganados?
Espro que façamos o possível para não "falhar". Mas se tiver de ser, tenetmos ao menos manter alguma dignidade, alguma inteligência. É pedir de mais?"
(excertos da crónica publicada no edição de hoje do jornal Expresso)
Quando Louçã e Jerónimo anunciam que haverá "reestruturação", dizem a "verdade". Quando a Moody's concorda com eles, mente a soldo do imperialismo americado. Isto faz sentido?
(...) foi inquietante ver aqueles que se indignavam quando o engenheiro Sócrates rugia contra a especulação internacional - prontos para lhe copiar os piores tiques à primeira oportunidade. Aparentemenete, houve quem se tivesse convencido que a crise era o engenheiro Sócrates e que removido este e declaradas duas ou três boas intenções, não seriam precisos esforços nem resultados para tudo passar a correr muito bem. Já perceberam que estavam enganados?
Espro que façamos o possível para não "falhar". Mas se tiver de ser, tenetmos ao menos manter alguma dignidade, alguma inteligência. É pedir de mais?"
(excertos da crónica publicada no edição de hoje do jornal Expresso)
Saudade - Heróis do Mar
Ao redor desta fogueira
Enquanto as armas descansam
Ergo meus olhos aos céus
Pelas estrelas dos teus
Saudade
Amada
Senhora
Pomba de cristal
Amada
Senhora
Morro de paixão
Ao redor desta fogueira
Enquanto as armas descansam
Ergo meus olhos aos céus
Por se não verem nos teus
Saudade
Amada
Senhora
Lágrima do céu
Amada
Senhora
Morro de paixão
Ao redor desta fogueira
Enquanto as armas descansam
Peito rasgado de amor
Troa o rufar do tambor
Amor quão longe tu estás
Amor quão longe tu estás
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Ler os Outros: Falta uma Europa Actuante - ANL
"Independentemente de ter sido absolutamente inoportuno, de se poder questionar o contraponto entre o zelo actual destas agências e a atitude abúlica do passado, o seu aparente preconceito face ao euro e à Europa continental por oposição à brandura com que tratam os emitentes soberanos anglo-saxónicos dos dois lados do Atlântico, o facto é que o que a Moody’s veio dizer é inconveniente mas defensável. Mais, veio penalizar Portugal por, essencialmente, duas razões, ambas verdadeiras: o governo de Sócrates deixou a economia portuguesa e as suas finanças públicas numa situação insustentável e a solução europeia para as dívidas soberanas dos países periféricos é parcial, insuficiente e implicará necessariamente novas medidas."
(Excerto deste post publicado no Albergue Espanhol)
(Excerto deste post publicado no Albergue Espanhol)
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Assim não vamos lá !
Confesso que ainda estou aturdido com o tom patrioteiro das reacções à descida de rating pronunciada pela Moodys e sobretudo pela forma como afectou inclusive vários daqueles que ao longo dos últimos meses se tinham destacado por uma análise lúcida da realidade económica e financeira portuguesa.
Uma onda que José Castro Caldas ironica, mas certeiramente, baptizou como o movimento dos neo-indignados. Movimento a que Pedro Santos Guerreiro tenta dar um sentido e utilidade aconselhando Pedro Passos Coelho a deve usar esta união nacional contra as agências de rating para forçar a Comissão Europeia e a Alemanha a desafiarem o seu poderio.
Infelizmente o problema real não está nas agências de rating. Os nossos problemas reais estão num nível de dívida pública e externa demasiado elevado, na ausência de crescimento económico e nos níveis de alavacagem exagerados do nosso sistema financeiro, das empresas e das famílias. É na correcção desses factores e não numa "guerra" inútil contra as "agências" - que quais Dom Quixotes tomando moinhos de vento por gigantes vi e ouvi hoje atribuidos os poderes e motivações extraordinários - que devemos concentrar as nossas energias e a nossa imaginação numa tarefa que contrariamente ao que indica o titulo desta crónica do Pedro Santos Guerreiro está muito longe de estar feita, mas antes pelo contrário é uma tarefa para vários anos que está ainda nos primórdios da sua fase inicial. Uma tarefa que vai exigir determinação e serenidade para enfrentar os muitos escolhos e obstáculos que irão surgindo ao longo de um percurso que não é fácil e que apenas conseguiremos superar com o apoio das instituições e dos nossos parceiros europeus.
Um apoio que vai depender das condições políticas internas desses países, mas que apenas poderemos negociar em boas condições se formos capazes de demonstrar que o "merecemos". E isso consegue-se com determinação e clarividência e evitando o tipo de discurso que infelizmente inundou o espaço mediático e que na melhor das hipóteses será uma distração inútil e na pior uma fonte de perigosos populismos.
Uma onda que José Castro Caldas ironica, mas certeiramente, baptizou como o movimento dos neo-indignados. Movimento a que Pedro Santos Guerreiro tenta dar um sentido e utilidade aconselhando Pedro Passos Coelho a deve usar esta união nacional contra as agências de rating para forçar a Comissão Europeia e a Alemanha a desafiarem o seu poderio.
Infelizmente o problema real não está nas agências de rating. Os nossos problemas reais estão num nível de dívida pública e externa demasiado elevado, na ausência de crescimento económico e nos níveis de alavacagem exagerados do nosso sistema financeiro, das empresas e das famílias. É na correcção desses factores e não numa "guerra" inútil contra as "agências" - que quais Dom Quixotes tomando moinhos de vento por gigantes vi e ouvi hoje atribuidos os poderes e motivações extraordinários - que devemos concentrar as nossas energias e a nossa imaginação numa tarefa que contrariamente ao que indica o titulo desta crónica do Pedro Santos Guerreiro está muito longe de estar feita, mas antes pelo contrário é uma tarefa para vários anos que está ainda nos primórdios da sua fase inicial. Uma tarefa que vai exigir determinação e serenidade para enfrentar os muitos escolhos e obstáculos que irão surgindo ao longo de um percurso que não é fácil e que apenas conseguiremos superar com o apoio das instituições e dos nossos parceiros europeus.
Um apoio que vai depender das condições políticas internas desses países, mas que apenas poderemos negociar em boas condições se formos capazes de demonstrar que o "merecemos". E isso consegue-se com determinação e clarividência e evitando o tipo de discurso que infelizmente inundou o espaço mediático e que na melhor das hipóteses será uma distração inútil e na pior uma fonte de perigosos populismos.
Ler os Outros: A saga dos "ratings"
Um texto do Vítor Bento a não perder. Está tudo aqui:
"Mais uma decisão inesperada de uma agência de ‘rating'. Mais uma grande comoção nacional. Mais uma falta de serenidade analítica. E mais uma vez erra-se o alvo do problema.
A decisão da Moody's é inconveniente? É. Suscita uma sensação de injustiça, quando o Governo - e não só - se mostra totalmente empenhado em cumprir e ultrapassar os objectivos acordados com a ‘troika', tendo já mostrado esse empenho através de decisões difíceis? Sim. Mas centrar a discussão nestes aspectos e maldizer as agências de ‘rating' por estas consequências é atirar ao alvo errado.
As agências de ‘rating' regem-se por regras próprias e a sua missão é oferecer aos investidores uma classificação de risco dos devedores, para os orientar nas decisões de investimento. Ninguém é obrigado a seguir as suas classificações, mas é um facto que muitos investidores se orientam voluntariamente por elas e isso tem consequências para o acesso dos devedores ao mercado.
A reestruturação da dívida grega está a ser abertamente discutida, com o "estímulo" das autoridades europeias, e com a perspectiva de o seu resultado implicar perdas para os credores. Esta reestruturação, que acompanha o aumento da ajuda comunitária, está a ser activamente promovida pelas autoridades europeias, sinalizando que estas autoridades só se envolverão em mais ajudas, desde que os credores privados também participem e aceitem perder parte do valor investido. Neste quadro - que constitui, de facto, uma novidade - surpreende que as agências de ‘rating', tendo em conta a sua missão, alertem que aumentou o risco dos investimentos em devedores soberanos em situação problemática? Dificilmente...
(...)
A decisão é inconveniente, como já disse. Mas não adianta desperdiçar energia a discuti-la, porque tal não terá consequências. E muito menos deixarmo-nos desmoralizar. O que temos é que concentrar a energia em fazer o que é preciso ser feito - estabilizar as finanças e promover a competitividade e o crescimento - e cerrar os dentes até que os resultados comecem a manifestar-se. Pois só quando isso acontecer é que poderemos esperar que os juízos externos comecem a mudar.
(...)"
"Mais uma decisão inesperada de uma agência de ‘rating'. Mais uma grande comoção nacional. Mais uma falta de serenidade analítica. E mais uma vez erra-se o alvo do problema.
A decisão da Moody's é inconveniente? É. Suscita uma sensação de injustiça, quando o Governo - e não só - se mostra totalmente empenhado em cumprir e ultrapassar os objectivos acordados com a ‘troika', tendo já mostrado esse empenho através de decisões difíceis? Sim. Mas centrar a discussão nestes aspectos e maldizer as agências de ‘rating' por estas consequências é atirar ao alvo errado.
As agências de ‘rating' regem-se por regras próprias e a sua missão é oferecer aos investidores uma classificação de risco dos devedores, para os orientar nas decisões de investimento. Ninguém é obrigado a seguir as suas classificações, mas é um facto que muitos investidores se orientam voluntariamente por elas e isso tem consequências para o acesso dos devedores ao mercado.
A reestruturação da dívida grega está a ser abertamente discutida, com o "estímulo" das autoridades europeias, e com a perspectiva de o seu resultado implicar perdas para os credores. Esta reestruturação, que acompanha o aumento da ajuda comunitária, está a ser activamente promovida pelas autoridades europeias, sinalizando que estas autoridades só se envolverão em mais ajudas, desde que os credores privados também participem e aceitem perder parte do valor investido. Neste quadro - que constitui, de facto, uma novidade - surpreende que as agências de ‘rating', tendo em conta a sua missão, alertem que aumentou o risco dos investimentos em devedores soberanos em situação problemática? Dificilmente...
(...)
A decisão é inconveniente, como já disse. Mas não adianta desperdiçar energia a discuti-la, porque tal não terá consequências. E muito menos deixarmo-nos desmoralizar. O que temos é que concentrar a energia em fazer o que é preciso ser feito - estabilizar as finanças e promover a competitividade e o crescimento - e cerrar os dentes até que os resultados comecem a manifestar-se. Pois só quando isso acontecer é que poderemos esperar que os juízos externos comecem a mudar.
(...)"
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Ler os Outros: A Impaciência de Alguns - Nuno Gouveia
"O governo está em funções há duas semanas e os críticos já planam por todos os lados. E isto sem o Partido Socialista estar organizado, ainda à deriva à procura de um rumo. Se não me surpreende a falta de vergonha daqueles que durante anos apoiaram o governo PS que nos trouxe a esta situação dramática, o mesmo não posso dizer de muitos sectores da direita. Se era de esperar que a claque socrática demonstrasse uma inequívoca amnésia em relação a tudo que nos conduziu até ao pedido de ajuda externa, reparo que alguns à direita, lendo por aí uma certa blogosfera, nem sequer dão o benefício da dúvida ao governo da coligação PSD/CDS.
(,,,)
Este é um governo para os próximos quatro anos. A situação em que assumiu os destinos da nação é das piores da nossa história, e deve ter uma oportunidade para trabalhar e apresentar resultados."
(retirado do post publicado no Cachimbo de Magritte)
(,,,)
Este é um governo para os próximos quatro anos. A situação em que assumiu os destinos da nação é das piores da nossa história, e deve ter uma oportunidade para trabalhar e apresentar resultados."
(retirado do post publicado no Cachimbo de Magritte)
terça-feira, 5 de julho de 2011
Pior era impossível...
A seguir ao erro de casting da candiatura desastrada a Presidente da Assembleia da República que se saldou num vexame e à promessa de que iria ficar como deputado enquanto entendesse que a sua participação seria útil ao país (ver aqui). Fernando Nobre optouy por cometer um verdadeiro hara-kiri político e embaraçar uma última vez a liderança do PSD ao renunciar ao mandato de deputado por entender que será "mais útil aos portugueses, a Portugal e ao mundo na acção cívica e humanitária".
segunda-feira, 4 de julho de 2011
A limitação da soberania da Grécia
Como se esperava depois da passagem do novo pacote de austeridade no Parlamento grego, o Eurogrupo aprovou ontem o pagamento da tranche de 12 mil milhões de euros evitando assim uma situação de incumprimento. No comunicado é de realçar que os ministros além de realçar a necessidade de um forte comprometimento para a implementação de medidas de consolidação orçamental e de reformas estruturais acrescentam que estas "will be supplemented by large-scale technical assistance, provided by the Commission and Member States", o que como o presidente do Eurogrupo não terá hesitado em assumir numa entrevista citada pela Reuters indica uma limitação importante da soberania da Grécia que se destinará nomeadamente a assegurar o cumprimento de um plano de privatizações em larga escala.
domingo, 3 de julho de 2011
Babel - Alejandro Inarritu
Um filme em que se entrecruzam três histórias em quatro países de três continentes apresentadas de forma não linear, formalmente ligadas por uma arma, mas unidas pelo efeito trágico de decisões erradas mas não mal-intencionadas: o rapaz em Marrocos que decide testar o alcance de uma arma atirando contra um autocarro e ferindo gravemente uma turista americana que as autoridades americanas se precipitam a declarar como um acto terrorista, a ama que atravessa a fronteira para o México com duas crianças para poder ir assistir ao casamento do filho ou o seu sobrinho - bêbado e que sabe que a tia é uma imigrante ilegal nos EUA - que a abandona no deserto com as crianças planeando voltar mas colocando-a a ela e às crinaças em grave risco .
Um filme com uma fotografia belíssima - sobretudos das paisagens desoladas de Marrocos - mas que vale sobretudo pelo lado humano das histórias. Em que, regra geral, cada personagem (em particular os polícias que surgem nas três histórias) tenta cumprir o seu papel o melhor que sabe, onde por cada acto de egoísmo como o dos truristas que insistem em deixar a mulher com um ferimento grave e o marido para trás porque o autocarro tem o ar condicionado desligado, há um acto de generosidade e abnegação, mas em que a barreira da língua, os preconceitos ou a simples dificuldade de compreender e de aceitarmos os nossos defeitos, superarmos as nossas tragédias e controlarnos os nossos impulsos geram mal-entendidos e infelicidade. Mas onde sobressai também a humanidade das personagens.
sábado, 2 de julho de 2011
A ministra da Justiça
Das intervenções dos ministros durante o debate sobre o programa de Governo aquela que mais apreciei foi a da Ministra da Justiça que, revelando um profundo conhecimento do sector, para além da promessa de redução dadas situações de desperdício e duplicação de recursos da "máquina" do Ministério "de forma a libertar recursos para o sistema judiciário", defendeu novas regras processuais para reduzir as pendências e adiantou que a criminalização do enriquecimento ilícito e o crime urbanístico irão naturalmente constar da revisão do Código Penal e de Processo Penal.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
A apresentação do programa de Governo
Uma discussão parlamentar francamente morna sobre um programa de Governo que passou na Assembleia da República sem votação apesar dos muitos pontos de interesse como sejam a antecipação das privatizações da REN e EDP, as intenções dos novos ministros da Educação e da Justiça de redução do peso das "máquinas" dos respectivos ministérios, mas que ficou marcado pelo anuncio de um imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal. Uma medida que é dura, que vai ter efeitos recessivos, mas que também surge como inevitável uma das poucas opções que o Governo teria para assegurar o objectivo essencial de atingir os objectivos do défice para este ano.
Será a situação na Grécia sustentável ?
Anteontem e ontem o Governo grego conseguiu fazer aprovar no Parlamento as medidas de austeridade essenciais para o desbloqueamento da próxima tranche da assistência financeira à Grécia e para a aprovação de um segundo plano de assistência, afastando os receios de uma situação de incumprimento receado pelos mercados e conduzindo a fortes subidas das cotações das acções - com destaque para o sector bancário - e do euro.
A questão que se coloca é a sustentabilidade da situação política e social da Grécia onde uma sondagem recente indicava que 50% dos gregos defendia que o plano deveria ser renegociado, 23% defendia a rejeição do plano mesmo com o risco de bancarrota e apenas 21,7% achavam que o plano deveria ser implementado. É certo que 57% dos que defendiam a renegociação preferiam a aprovação do plano a uma situação de bancarrota, o suficiente para dar uma ligeira maioria em favor da aprovação do plano.
Mas estes números conjugados com o facto de o principal partido da oposição estar à frente nas sondagens, embora por uma pequena margem, e a fortre mobilização nas ruas contra os sucessivos pacotes de austeridade e o acentuar dos efeitos recessivos do novo plano gera fortes preocupações quanto à sustentabilidade da situação social e política na Grécia.
A questão que se coloca é a sustentabilidade da situação política e social da Grécia onde uma sondagem recente indicava que 50% dos gregos defendia que o plano deveria ser renegociado, 23% defendia a rejeição do plano mesmo com o risco de bancarrota e apenas 21,7% achavam que o plano deveria ser implementado. É certo que 57% dos que defendiam a renegociação preferiam a aprovação do plano a uma situação de bancarrota, o suficiente para dar uma ligeira maioria em favor da aprovação do plano.
Mas estes números conjugados com o facto de o principal partido da oposição estar à frente nas sondagens, embora por uma pequena margem, e a fortre mobilização nas ruas contra os sucessivos pacotes de austeridade e o acentuar dos efeitos recessivos do novo plano gera fortes preocupações quanto à sustentabilidade da situação social e política na Grécia.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
Um Governo com claro pendor técnico
A lista dos Secretários de Estado confirma não só que vamos ter um Governo com um claro pendor técnico, com uma clara aposta nos independentes. Uma aposta nos independentes que resulta quase exclusivamente das escolhas do PSD - que indicou 19 dos 20 independentes que integram o Governo - enquanto que o CDS-PP preferiu apostar em militantes indicando apenas um independente, curiosamente para a Secretaria de Estado da Agricultura.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Não são boas notícias
Segundo o Diário Económico "Na próxima quarta-feira, o INE vai revelar as contas nacionais trimestrais por sector institucional, o que permitirá verificar que o défice total das Administrações Públicas, em contabilidade nacional - a que interessa para Bruxelas -, está longe dos 5,9% definidos para o conjunto do ano. De acordo com informações recolhidas pelo Diário Económico, nos primeiros três meses do ano, o défice deve estar acima dos 7%, o que coloca pressão ao novo Governo. A nova equipa governativa encontra uma situação orçamental pior do que o esperado e tem, portanto, menos de um semestre para corrigir a dimensão do défice, o que deverá obrigar a mais medidas de austeridade."
A confirmarem-se os dados em si nada têm de muito surpreendente e apenas confirma a escassa margem de manobra e a dimensão da díficil tarefa que o novo Governo tem pela frente e não faltará quem e venha injustamente dizer que isto corresponde a mais um PEC logo após um Conselho Europeu e que nada mudou. Não creio que seja assim, desengane-se quem esperava milagres, mas pelo menos temos agora um Governo que parece disposto a encarar frontalmente os problemas económicos e financeiros do país.
A confirmarem-se os dados em si nada têm de muito surpreendente e apenas confirma a escassa margem de manobra e a dimensão da díficil tarefa que o novo Governo tem pela frente e não faltará quem e venha injustamente dizer que isto corresponde a mais um PEC logo após um Conselho Europeu e que nada mudou. Não creio que seja assim, desengane-se quem esperava milagres, mas pelo menos temos agora um Governo que parece disposto a encarar frontalmente os problemas económicos e financeiros do país.
sábado, 25 de junho de 2011
A polémica em torno dos Governadores Civis
No programa do PSD propunha-se "Extinguir os Governos" considerando tratarem-se de "estruturas completamente anquilosadas, sem sentido e sem justificação". Proposta que parece aliás merecer um largo consenso nacional pois ainda não vi ninguém defender de forma convincente a sua manutenção nos moldes de funcionamento actuais e, pelo contrário parece existir um acordo generalizado no sentido de que poderão, e deverão, ser facilmente substituídos.
É certo que essa extinção implica uma revisão constitucional e que haverá que assegurar que, como terá que ocorrer, as competências em matéria de representação administrativa do Governo, emissão de passaportes, coordenação da segurança e protecção civil e de organização dos processos eleitorais sejam atribuídas a outrras instituições que as possam exercer de forma mais eficaz e com menores custos.
Neste contexto a decisão do primeiro-ministro de não nomear novos governadores civis surge não só coerente com os compromissos eleitorais como lógica e sensata, pois parece-me que seria manifestamente preferível manter os actuais governadores nos respectivos cargos até que se verifique a anunciada extinção destes organismos.
É certo que essa extinção implica uma revisão constitucional e que haverá que assegurar que, como terá que ocorrer, as competências em matéria de representação administrativa do Governo, emissão de passaportes, coordenação da segurança e protecção civil e de organização dos processos eleitorais sejam atribuídas a outrras instituições que as possam exercer de forma mais eficaz e com menores custos.
Neste contexto a decisão do primeiro-ministro de não nomear novos governadores civis surge não só coerente com os compromissos eleitorais como lógica e sensata, pois parece-me que seria manifestamente preferível manter os actuais governadores nos respectivos cargos até que se verifique a anunciada extinção destes organismos.
Os primeiros meses de funcionamento do Aeroporto de Beja
De acordo com o jornal Expresso de hoje o aeroporto de Beja inaugurado no passado dia 14 de Abril com um custo de 33 milhões de euros só abre aos domingos de manhã e no último domingo o avião semanal de Londres apenas trouxe 7 passageiros e desde 22 de Maio apenas recebeu 117 passageiros. Números absolutamente desoladores que no entanto não desanimam o administrador da ANA responsável pelo aeroporto que avalia os dois primeiros meses de funcionamento do aeroporto com Muito Bom e considera o meio milhar de reservas para as 22 roitações do charter como um número assinalável.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Ler os Outros: Interesse Humano - Jorge Mourinha
"Tenho a impressão que a tomada de posse do novo governo foi um dos momentos mais significativos para compreender as actuais tendências da informação televisiva. (...) ele foi a Vespa de Pedro Mota Soares, a cor do vestido de Teresa Caeiro, o esposo e os pais de Assunção Cristas, os amigos de Preso Passo Coelho (...) Chamemos os bois pelos nomes: foi ridículo. E foi tão ridículo quanto significatibo, porque num momento em que a política deveria ser precisamente entendida como um acto da máxima seriredade, a cobertura preferiu focar-se no que se menos sério, mais leviano, mais fútil a ocasião tinha. Isto talvez não me devesse surpreender. Mas desanimou-me."
(excerto da crónica publicada ontem no jornal Público)
(excerto da crónica publicada ontem no jornal Público)
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Não vão ser tempos fáceis !
Como se já não bastasse a situação de recessão, a situação de algumas empresas que vai obrigar o Governo a dispersar-se a apagar fogos (ver, por exemplo, aqui e aqui) e os prazos extremamente exigentes impostos pelo acordo de assistência externa para aplicação de medidas de austeridade, as declarações dos representantes da UGT recusando medidas que vão para além das exigidas por esse acordo e, principalmente, da CGTP "colocando em cima da mesa a hipótese de novas greves e manifestações contra os problemas que Portugal enfrenta" ontem proferidas à saída do seu encontro com o novo executivo revelam que este Governo não só não vai beneficiar de qualquer período de "estado de graça" e poderá mesmo contar com uma forte contestação social.
Contestação que vai certamente contar com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda e, pelo menos, com a simpatia de sectores do PS. Neste contexto, será particularmente importante a coesão e união do Governo e da coligação de partidos que o apoia, mas também a atitude da futura liderança do PS relativamente à qual a recusa de José Seguro de uma revisão constitucional constitui um mau sinal .
Contestação que vai certamente contar com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda e, pelo menos, com a simpatia de sectores do PS. Neste contexto, será particularmente importante a coesão e união do Governo e da coligação de partidos que o apoia, mas também a atitude da futura liderança do PS relativamente à qual a recusa de José Seguro de uma revisão constitucional constitui um mau sinal .
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Ler os Outros: Revisitação - Rui Tavares
"(...) Primeiro, o independente faz falta. Depois o independente começa a não dar jeito. E, finalmente, abre-se a caça ao independente. (...)
Curiosamente, é quando Louçã reconece a custo o «erro da troika» que os esforços para purgar os mensageiros que primeiro o avisaram desse erro redobram. Mas quem conhece estas coisas não se surpreende. O chefe dá um sinal ambíguo, os acólitos tratarão do resto. Isto parece-se demasiado com a velha esquerda.(...)"
(excerto da crónica publicada no Público de hoje)
Curiosamente, é quando Louçã reconece a custo o «erro da troika» que os esforços para purgar os mensageiros que primeiro o avisaram desse erro redobram. Mas quem conhece estas coisas não se surpreende. O chefe dá um sinal ambíguo, os acólitos tratarão do resto. Isto parece-se demasiado com a velha esquerda.(...)"
(excerto da crónica publicada no Público de hoje)
A eleição de Assunção Esteves
Saúdo a eleição de Assunção Esteves para Presidente da Assembleia da República com uma votação expressiva não apenas pelo facto de ser a primeira mulher a ocupara o cargo mas sobretudo pelo bom discurso que fez em que demonstrou humildade e espírito de missão e do qual registei particularmente a afirmação de que "Os lugares verdadeiramente são definidos pelas pessoas e não as pessoas pelos lugares. Eu não venho aqui conformar nenhum lugar, mas espero pelo menos com o meu comportamento não lhe retirar nunca prestígio e tentar dignificá-lo com sentido de missão".
terça-feira, 21 de junho de 2011
A tomada de posse do XIX Governo
Sinceramente gostei bastante dos discursos quer do Presidente da República e quer do primeiro-ministro na cerimónia de tomada de posse do Governo.
Do discurso do Presidente da República realço sobretudo o apelo ao Governo para "saber dialogar e obter consensos partidários que vão para além da maioria que o sustenta" e ao "diálogo e a concertação com os agentes económicos e sociais" e à oposição para que tenha "uma atitude construtiva e responsável", e na chamada de atenção para a gravidade dos problemas económicos, financeiros e sociais que o país enfrentaem que retomando muitos dos pontos do seu discurso nas comemorações do 25 de Abril, realçando a importância de uma cultura baseada no exemplo que premeie o mérito e a competência e promova uma justa repartição dos sacrificios.
Enquanto do discurso do primeiro-ministro ressalta uma visão estratégica de "uma sociedade mais aberta e dinâmica do ponto de vista social, económico e político" e de "um país aberto ao mundo globalizado, à Europa, aos países de expressão portuguesa, às potências emergentes", com menos Estado e melhor Estado e a definição de forma bastante clara as tarefas prioritárias do novo Governo: i) estabilizar as finanças publicas, ii) apoiar os mais necessitados e iii) fazer crescer a economia e o emprego, com uma aposta na "desvalorização fiscal" (através da descida da TSU) e num "Programa Nacional de Poupança com o intuito de elevar a taxa de poupança para reduzir o endividamento das famílias e das empresas, e que inclui um esforço de atracção das poupanças dos portugueses que vivem no estrangeiro".
Do discurso do Presidente da República realço sobretudo o apelo ao Governo para "saber dialogar e obter consensos partidários que vão para além da maioria que o sustenta" e ao "diálogo e a concertação com os agentes económicos e sociais" e à oposição para que tenha "uma atitude construtiva e responsável", e na chamada de atenção para a gravidade dos problemas económicos, financeiros e sociais que o país enfrentaem que retomando muitos dos pontos do seu discurso nas comemorações do 25 de Abril, realçando a importância de uma cultura baseada no exemplo que premeie o mérito e a competência e promova uma justa repartição dos sacrificios.
Enquanto do discurso do primeiro-ministro ressalta uma visão estratégica de "uma sociedade mais aberta e dinâmica do ponto de vista social, económico e político" e de "um país aberto ao mundo globalizado, à Europa, aos países de expressão portuguesa, às potências emergentes", com menos Estado e melhor Estado e a definição de forma bastante clara as tarefas prioritárias do novo Governo: i) estabilizar as finanças publicas, ii) apoiar os mais necessitados e iii) fazer crescer a economia e o emprego, com uma aposta na "desvalorização fiscal" (através da descida da TSU) e num "Programa Nacional de Poupança com o intuito de elevar a taxa de poupança para reduzir o endividamento das famílias e das empresas, e que inclui um esforço de atracção das poupanças dos portugueses que vivem no estrangeiro".
Ler os Outros: Comprar tempo - Luciano
"(...) um incumprimento na Grécia (e/ou em Portugal e/ou noutros países) é mais do que isto. Através dele, a UE reconhece (sem reconhecer) que a solidariedade entre os países-membros tem limites bem apertados. Na realidade, tudo o que foi feito até agora, incluindo a possibilidade de incumprimento, não passa de um conjunto de acções que visa comprar tempo, procurando evitar o momento em que a UE teria de se assumir enquanto união orçamental (e, logo, política). Ou isso, ou admitir que a União Monetária não tem viabilidade, o que é o exacto contrário do anterior, ou seja, que os países que a constituem devem seguir caminho fora dela. Como estas alternativas estão, por enquanto, no reino do inimaginável, compra-se tempo na esperança da ocorrência de qualquer coisa (o quê?) que acabe com o imbróglio."
(Retirado daqui)
(Retirado daqui)
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Às vezes há duas sem três
Depois de falhar a eleição para Presidente da Assembleia da República Fernando Nobre, que depois de ficar a 10 votos da eleição na primeira tentativa obteve menos um voto na segunda registando em qualquer dos casos um resultado inferior ao número de deputados do PSD, reconheceu não ter as condições para uma terceira tentativa, libertando Pedro Passos Coelho do compromisso que este havia assumido e que lhe custou uma derrota que não sendo grave não deixa de constituir um início de legislatura pouco auspicioso que coloca o presidente do PSD na situação pouco confortável de fazer uma segunda escolha.
Entrevista de Francisco Assis
Numa entrevista em que revela uma procupação de adaptação do programa do PS às novas soluções considerando que "A defesa do Estado-Providência tem de adaptar-se às novas circunstâncias", Francisco Assis revela na entrevista ao jornal Público, publicada no passado sábado, comparativamente a António José Seguro, uma atitude de maior abertura ao diálogo com o Governo PSD/CDS-PP, inclusive no tema sensível da revisão constitucional relativamente ao qual afirma que "O PS não pode ter uma posição imobilista" e tal significa "significa procurar soluções mais inovadoras", sem cair em posições liberais. Sendo ainda de salientar a assunção clara dos compromissos constantes do memorando de entendimento com a União Europeia e o FMI e a reafirmação da necessidade de estabilidade política e de que a legislatura decorra normalmente.
domingo, 19 de junho de 2011
Francisco Louçã e Rui Tavares
sábado, 18 de junho de 2011
Ler os Outros: Um pic-nic no centro de Lisboa - Luis Menezes Leitão
"O que se está a passar presentemente no Centro de Lisboa é inaceitável e indigno de uma capital europeia. Efectivamente, não me parece minimamente adequado que o centro de uma cidade possa ser entregue a uma empresa privada para realização de pic-nics com evidente intuito publicitário. Mas é gravíssimo que tal implique o corte de um eixo viário fundamental na cidade de Lisboa, prejudicando os cidadãos que todos os dias têm que se deslocar para o emprego. Cabe perguntar como é que a Câmara de Lisboa pode autorizar esta iniciativa? (...)" (meu sublinhado)
(cotinua aqui)
(cotinua aqui)
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Sobre a formação do Governo
O primeiro aspecto a salientar é a brevidade e sigilo com que decorreu o processo de formação do XIX Governo Constitucional, do qual ressaltam, ainda, a juventude do elenco de ministros (idade média 47 anos sendo que todos têm menos de 60 anos) e o facto de integrar 4 ministros independentes de inegável qualidade técnica em ministérios que serão decisivos para alcançar os objectivos definidos no memorando de entendimento com a União Europeia e o FMI cujo cumprimento será essencial para que seja possível recuperar e relançar a economia portuguesa numa base sustentável.
Composição do Governo
De acordo com o Diário Económico os ministros do próximo Governo serão:
Finanças - Vítor Gaspar
Economia - Álvaro Santos Pereira
Negócios Estrangeiros - Paulo Portas
Justiça - Paula Teixeira da Cruz
Administração Interna - Miguel Macedo
Assuntos Parlamentares - Miguel Relvas
Educação e Ensino Superior - Nuno Crato
Segurança Social - Pedro Mota Soares
Agricultura, Ambiente e Território - Assunção Cristas
Saúde - Paulo Macedo
Defesa - Aguiar-Branco
Finanças - Vítor Gaspar
Economia - Álvaro Santos Pereira
Negócios Estrangeiros - Paulo Portas
Justiça - Paula Teixeira da Cruz
Administração Interna - Miguel Macedo
Assuntos Parlamentares - Miguel Relvas
Educação e Ensino Superior - Nuno Crato
Segurança Social - Pedro Mota Soares
Agricultura, Ambiente e Território - Assunção Cristas
Saúde - Paulo Macedo
Defesa - Aguiar-Branco
A entrevista de António José Seguro
Na entrevista ao Público, António José Seguro ao mesmo tempo que reconhece a importância da estabilidade governativa para superar a situação em que o país se encontra, admitindo mesmo acordos de incidência parlamentar com o Governo indica claramente a forma como entende que o PS deve fazer oposição ao distinguir as medidas do memorando de entendimento em que as "medidas são clarissimas e não se pode ir por outro caminho" e aquelas em que "o objectivo é ir buscar à Saúde 1000 milhões de euros ou diminuir a despesa na Educação em 50 milhões de euros" - e não será por acaso a referÊncia a estes sectores - que pode ser atingido de maneiras diferentes e ao, embora admitindo discutir propostas de revisão constitucional caso a caso, afirmar com firmeza que com ele "não haverá votos do PS para o PSD fazer a revisão constitucional que apresentou no Verão".
De notar, ainda, a afirmação de que tem o de dever de ter o PS rapidamente preparado e disponível para, a qualquer momento, apresentar uma alternativa governamental, apontando mesmo que espera concluir no primeiro semestre de 2012 o processo para "de uma maneira mais concentrada, desenvolver essa proposta política" e a de que não tem "intenções de deixar o Governo à solta".
De notar, ainda, a afirmação de que tem o de dever de ter o PS rapidamente preparado e disponível para, a qualquer momento, apresentar uma alternativa governamental, apontando mesmo que espera concluir no primeiro semestre de 2012 o processo para "de uma maneira mais concentrada, desenvolver essa proposta política" e a de que não tem "intenções de deixar o Governo à solta".
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Ler os Outros: A "democracia real" - Jorge Almeida Fernandes
"A palavra de ordem «democracia real, já!» contém uma perigosa ambiguidade. Implica uma crítica dos sistemas políticos que deixaram de funcionar eficazmente e reflecte um problema da representação política, sobretudo na Europa do Sul. Mas o carácter vago da reinvidicação não aponta nenhuma reforma precisa.
Limita-se a adjectivar - uma vez mais de forma ambígua - o termo democracia. Designa a vontade de participação dos cidadãos, um factor de renovação do sistema político ou uma utopia anarquista ? As reportagens sobre «acampados» indiciam mais uma porazça em catarse de frustrações do que um fórum de debate político.
Por uma curiosa ironia da história, os movimentos de «indignados» inspiraram-se nos jovens árabes de Tunes ou da Praça Tahrir.
Mas, como ironizou Felipe González, os jovens árabes querem votar como nós e nós proclamamos a inutilidade de votar. Os árabes batiam-se por derrubar autocratas e serviram-se da Internet e do Twitter para comunicarem. Os espanhóis usam naturalmente os mesmos meios, mas são tentados a tomá-los como um sucedâneo da representação política: o mito da democracia directa instantânea, genialmente traduzido na ideia de «parlamento digital». É quase automático o deslize para um populismo à moda do americano Ross perot, quando sonhou substituir o pesado (e dispendioso) processo de decisão do congrezzo pela deliberação instântanea dos cidadãos. Os «indignados» são um sintoma não dão uma resposta. (...)"
(excerto da excelente crónica de Jorge Almeida Fernandes publicada no Público de hoje)
Limita-se a adjectivar - uma vez mais de forma ambígua - o termo democracia. Designa a vontade de participação dos cidadãos, um factor de renovação do sistema político ou uma utopia anarquista ? As reportagens sobre «acampados» indiciam mais uma porazça em catarse de frustrações do que um fórum de debate político.
Por uma curiosa ironia da história, os movimentos de «indignados» inspiraram-se nos jovens árabes de Tunes ou da Praça Tahrir.
Mas, como ironizou Felipe González, os jovens árabes querem votar como nós e nós proclamamos a inutilidade de votar. Os árabes batiam-se por derrubar autocratas e serviram-se da Internet e do Twitter para comunicarem. Os espanhóis usam naturalmente os mesmos meios, mas são tentados a tomá-los como um sucedâneo da representação política: o mito da democracia directa instantânea, genialmente traduzido na ideia de «parlamento digital». É quase automático o deslize para um populismo à moda do americano Ross perot, quando sonhou substituir o pesado (e dispendioso) processo de decisão do congrezzo pela deliberação instântanea dos cidadãos. Os «indignados» são um sintoma não dão uma resposta. (...)"
(excerto da excelente crónica de Jorge Almeida Fernandes publicada no Público de hoje)
Futuros magistrados a apanhados a copiar
A decisão de atribuir dez a todos os "auditores de Justiça" apanhados a copiar num teste de "Investigação Criminal e Gestão do Inquérito (ICGI)" significa que, pelo mesmo para os "cábulas", neste caso o "crime" compensou. Independentemente das consequências, admitindo que seria impossível identificar com segurança quem tinha ou não participado na "brincadeira" por forma a excluí-los, a repetição do exame.
E, já agora, parecendo que se tratou de um caso de "copianço" generalizado não seria caso para questionar a diligência na actuação dos vigilantes ?
E, já agora, parecendo que se tratou de um caso de "copianço" generalizado não seria caso para questionar a diligência na actuação dos vigilantes ?
A insistência do PSD na escolha de Nobre
A ausência de acordo entre PSD e CDS-PP relativamente à eleição de Fernando Nobre para Presidente da Assembleia da República e a insistência de Pedro Passos Coelho neste nome revela que o primeiro-ministro é um homem de palavra - aceitando correr o risco de sofre uma primeira derrota política que a suceder não sendo particularmente grave não deixará de constituir um mau começo - mas também um sinal de que o CDS-PP de Paulo Portas não aceita um papel de parceiro menor no Governo e vai reinvidicar a sua participação activa em todas as decisões mais importantes que a cologação tiver que tomar.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Já há acordo PSD / CDS
O anúncio de que PSD e CDS alcançaram um acordo político para a formação de um Governo que deve ser conhecido nos próximos dias, embora esperado constitui sem dúvida uma boa notícia para a estabilidade e coesão da futura maioria que constitui um posto essencial para implementar as medidas duras e enfrentar a provável contestação que muitas delas irão enfrentar, como resulta claro quer das declarações de Francisco Louçã à saída da audiência com o Presidente da República quer da entrevista de António Costa em que refere que "Uma coisa é, aprovar e apoiar as medidas que estão acordadas pelo Estado português e outra coisa é aprovar e, apoiar as medidas propostas por um programa de um partido, para além do previsto no Acordo". Ora, dado o natural grau de indefinição das medidas que constam do memorando com a troika não será excessivamente dificil ao PS - se for essa a sua intenção - encontrar pretextos para se demarcar das medidas que o futuro Governo vier a tomar e juntar-se à contestação dos partidos à sua esquerda, "cavalgando" eventuais movimentos de contestação social.
terça-feira, 14 de junho de 2011
Deitados no Rossio pela "democracia verdadeira"
É tão fácil sobrevalorizar como subvalorizar os movimentos de jovens "acampados" nas praças ibéricas.
Um movimento que tem algo de mimético dos que - em condições incomparavelmente mais adversas nos países do norte de África e Médio Oriente lutam pela democracia que os movimentos ibéricos refutam -, mas que surge sobretudo como um movimento de jovens desiludidos com a democracia parlamentar atraídos por um anarquismo romântico que transparece em slogans como "Mais amor na política" que têm tanto de poético e utópico, sem liderança política, sem programa ou, sequer, quaisquer objectivos definidos.
Um movimento ultra minoritário e com fraca capacidade de mobilização (segundo a imprensa a acção no Rossio contou com apenas cerca seis dezenas de participantes) apesar da exposição mediática - em termos bastante favoráveis - que o tem sobrevalorizado, mas que não deixa apesar de tudo de constituir um sintoma de um mal-estar difuso e que apela ao sentimento generalizado de uma crise de representatividade da sociedade pelos partidos políticos.
Um sentimento perigoso e que não deve ser menosprezado pois afecta o âmago das fundações dos regimes parlamentares e que corre o risco de se acentuar com as dificuldades económicas e sociais que se irão acentuar nos próximos trimestres e que vai exigir um esforço particular do Governo na explicação das medidas e uma atitude responsável daquela que vier a ser a nova liderança do Partido Socialista.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Não tenho ambições nem desejos - Fernando Pessoa (que nasceu num dia 13 de Junho)
Não tenho ambições nem desejos.
ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sózinho.
...
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar...
...
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
...
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Pina - Wim Wenders
Um filme que é muito mais do que um documentário. É um olhar sobre uma grande personagem cuja obra Wim Wenders nos dá a conhecer cruzando imagens de palco com cenas exteriores, às vezes em espaço urbano outras vezes na natureza, em que os bailarinos da companhia de Pina Bausch e algumas imagens de arquivo, que são intercalados com as recordações daqueles que com ela trabalharam dos conselhos que ela lhes deu e que vão ilustrando as suas técnicas de trabalho, a sua dedicação e humanidade.
Um filme que nos fascina pela extraordinária expressividade das coreografias de Pina Bausch e pela personalidade singular de alguém que, utilizando o comentário de um dos seus bailarinos, foi uma "exploradora radical" da natureza humana (que no filme expressa na interrogação "What are we longing for? Where does all this yearning come from?") e que ela tão bem foi capaz de captar na sua fragilidade, na sua dor e sofrimento mas também na sua força de viver.
domingo, 12 de junho de 2011
Um aviso sério sobre a política de defesa europeia
O discurso do Secretário de Estado de Defesa dos EUA sobre o futuro da NATO em que questiona a própria viabilidade do futuro da aliança constitui um aviso muito sério à política de defesa europeia (os sublinhados são meus).
Neste discurso ressaltam as críticas às capacidades militares e à vontade política dos países europeus face ao conflito no Afeganistão relativamente ao qual refere "Despite more than 2 million troops in uniform – NOT counting the U.S. military – NATO has struggled, at times desperately, to sustain a deployment of 25- to 40,000 troops, not just in boots on the ground, but in crucial support assets such as helicopters, transport aircraft, maintenance, intelligence, surveillance and reconnaissance, and much more" (meu sublinhado), mas sobretudo uma avaliação durissima da actuação da Europa na Líbia, considerando em relação a esta operação que "it has become painfully clear that similar shortcomings – in capability and will –have the potential to jeopardize the alliance’s ability to conduct an integrated, effective and sustained air-sea campaign" (meu sublinhado) apesar de se tratar de uma operação com apoio político generalizado, não envolve tropas no solo e constituir uma zona de interesse estratégico para a Europa revelou "shortcomings caused by underfunding", destacando que apesar de "every alliance member voted for Libya mission, less than half have participated at all, and fewer than a third have been willing to participate in the strike mission. Frankly, many of those allies sitting on the sidelines do so not because they do not want to participate, but simply because they can’t. The military capabilities simply aren’t there". Advertindo que "The most advanced fighter aircraft are little use if allies do not have the means to identify, process, and strike targets as part of an integrated campaign. To run the air campaign, the NATO air operations center in Italy required a major augmentation of targeting specialists, mainly from the U.S., to do the job – a “just in time” infusion of personnel that may not always be available in future contingencies. We have the spectacle of an air operations center designed to handle more than 300 sorties a day struggling to launch about 150. Furthermore, the mightiest military alliance in history is only 11 weeks into an operation against a poorly armed regime in a sparsely populated country – yet many allies are beginning to run short of munitions, requiring the U.S., once more, to make up the difference".
Chamando a atenção para face à dificuldade em aumentar os orçamentos de defesa alterar as prioridades na alocação desses recursos elogiando os exemplos da Noruega, Dinamarca, Bélgica e Canadá mas deixando claro que se tratam de casos escepcionais no contexto da aliança ao afirmar que "The non-U.S. NATO members collectively spend more than $300 billion U.S. dollars on defense annually which, if allocated wisely and strategically, could buy a significant amount of usable military capability. Instead, the results are significantly less than the sum of the parts. This has both shortchanged current operations but also bodes ill for ensuring NATO has the key common alliance capabilities of the future." E advertindo que caso isso não seja feito a NATO enfrenta o sério risco de se tornar irrelevante num contexto em que as pressões orçamentais colocam limites ao orçamento de defesa dos EUA obrigando-o a (re)definir prioridades e alertando que "for most of the Cold War U.S. governments could justify defense investments and costly forward bases that made up roughly 50 percent of all NATO military spending. But some two decades after the collapse of the Berlin Wall, the U.S. share of NATO defense spending has now risen to more than 75 percent – at a time when politically painful budget and benefit cuts are being considered at home. The blunt reality is that there will be dwindling appetite and patience in the U.S. Congress – and in the American body politic writ large – to expend increasingly precious funds on behalf of nations that are apparently unwilling to devote the necessary resources or make the necessary changes to be serious and capable partners in their own defense. Nations apparently willing and eager for American taxpayers to assume the growing security burden left by reductions in European defense budgets".
Neste discurso ressaltam as críticas às capacidades militares e à vontade política dos países europeus face ao conflito no Afeganistão relativamente ao qual refere "Despite more than 2 million troops in uniform – NOT counting the U.S. military – NATO has struggled, at times desperately, to sustain a deployment of 25- to 40,000 troops, not just in boots on the ground, but in crucial support assets such as helicopters, transport aircraft, maintenance, intelligence, surveillance and reconnaissance, and much more" (meu sublinhado), mas sobretudo uma avaliação durissima da actuação da Europa na Líbia, considerando em relação a esta operação que "it has become painfully clear that similar shortcomings – in capability and will –have the potential to jeopardize the alliance’s ability to conduct an integrated, effective and sustained air-sea campaign" (meu sublinhado) apesar de se tratar de uma operação com apoio político generalizado, não envolve tropas no solo e constituir uma zona de interesse estratégico para a Europa revelou "shortcomings caused by underfunding", destacando que apesar de "every alliance member voted for Libya mission, less than half have participated at all, and fewer than a third have been willing to participate in the strike mission. Frankly, many of those allies sitting on the sidelines do so not because they do not want to participate, but simply because they can’t. The military capabilities simply aren’t there". Advertindo que "The most advanced fighter aircraft are little use if allies do not have the means to identify, process, and strike targets as part of an integrated campaign. To run the air campaign, the NATO air operations center in Italy required a major augmentation of targeting specialists, mainly from the U.S., to do the job – a “just in time” infusion of personnel that may not always be available in future contingencies. We have the spectacle of an air operations center designed to handle more than 300 sorties a day struggling to launch about 150. Furthermore, the mightiest military alliance in history is only 11 weeks into an operation against a poorly armed regime in a sparsely populated country – yet many allies are beginning to run short of munitions, requiring the U.S., once more, to make up the difference".
Chamando a atenção para face à dificuldade em aumentar os orçamentos de defesa alterar as prioridades na alocação desses recursos elogiando os exemplos da Noruega, Dinamarca, Bélgica e Canadá mas deixando claro que se tratam de casos escepcionais no contexto da aliança ao afirmar que "The non-U.S. NATO members collectively spend more than $300 billion U.S. dollars on defense annually which, if allocated wisely and strategically, could buy a significant amount of usable military capability. Instead, the results are significantly less than the sum of the parts. This has both shortchanged current operations but also bodes ill for ensuring NATO has the key common alliance capabilities of the future." E advertindo que caso isso não seja feito a NATO enfrenta o sério risco de se tornar irrelevante num contexto em que as pressões orçamentais colocam limites ao orçamento de defesa dos EUA obrigando-o a (re)definir prioridades e alertando que "for most of the Cold War U.S. governments could justify defense investments and costly forward bases that made up roughly 50 percent of all NATO military spending. But some two decades after the collapse of the Berlin Wall, the U.S. share of NATO defense spending has now risen to more than 75 percent – at a time when politically painful budget and benefit cuts are being considered at home. The blunt reality is that there will be dwindling appetite and patience in the U.S. Congress – and in the American body politic writ large – to expend increasingly precious funds on behalf of nations that are apparently unwilling to devote the necessary resources or make the necessary changes to be serious and capable partners in their own defense. Nations apparently willing and eager for American taxpayers to assume the growing security burden left by reductions in European defense budgets".
Ler os Outros: Sempre o mesmo - Pacheco Pereira
"(...) os resultados eleitorais em democracia permitem duas consequências - a legitimidade de governar e de o fazer com o programa com que se apresentou ao eleitorado -, mas não dão uma caução racional a esse programa. Ironicamente José Sócrates disse-o na sua intervenção de despedida, ele que nunca aplicou a si próprio tal distinção entre a força do voto e a razão programática. Em bom rigor, em democracia não há racionalidade no sentido filosófico a não ser como «razão política», no sentido da «razão» legitimada quer pelo voto quer pela assunção da diferença das paryes que são os partidos. Ou seja, é na sua essência plural e contraditória e não única (...)
Exactamente porque estamos em democracia, a política expressa ideologias, maneiras diferentes de ver o mundo, interesses sociais diversos, mesmo personalidades e estilos que podem convergir ou afastar-se, mas que nunca são um «partido único». Esta ideia é muito comum na concepção tecnocrática do exercício do poder que considera que as soluções técnicas são indiscutíveis e por isso devem ser aplicadas em qualquer circunstância, independentemente da vontade popular, acabando por considerar que a política e a democracia são apenas fontes de ruído que impedem o governo perfeito, um governo de «sábios», um governo de burocratas. (...)"
(excerto da crónica publicada no jornal Público de ontem)
Exactamente porque estamos em democracia, a política expressa ideologias, maneiras diferentes de ver o mundo, interesses sociais diversos, mesmo personalidades e estilos que podem convergir ou afastar-se, mas que nunca são um «partido único». Esta ideia é muito comum na concepção tecnocrática do exercício do poder que considera que as soluções técnicas são indiscutíveis e por isso devem ser aplicadas em qualquer circunstância, independentemente da vontade popular, acabando por considerar que a política e a democracia são apenas fontes de ruído que impedem o governo perfeito, um governo de «sábios», um governo de burocratas. (...)"
(excerto da crónica publicada no jornal Público de ontem)
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