O discurso de Francisco Louçã no encerramento da Convenção confirmou que o líder do BE é um excelente orador que sabe como construir e dizer um discurso.
Mas ilustra também a opção do BE de recusar liminarmente qualquer coligação com o PS, demitindo-se de tentar sequer disfarçar uma disponibilidade para fazer parte de uma eventual solução governativa à esquerda, apostando, ao invés, na sua afirmação como um partido do "descontentamento" e no apelo a uma aliança entre a esquerda radical e a "esquerda romântica" que tem tando de sedutor como de desligado da realidade e de impraticável. Uma estratégia que significa o assumir o risco de perda de votos nas próximas eleições à custa do voto útil do PS - uma boa notícia para o PS -, esperando daí recolher dividendos no futuro.
Um discurso recheado de frases de pura demagogia (e que nem sequer fazem sentido) como as "empolgantes" propostas de "auditoria à dívida pública e privada", de "resgate da dívida para proteger a economia" ou o apelo a um "governo que vença a troika", que demonstra a natureza do BE, como partido demagógico e populista de esquerda.
Um partido que mesmo quando aborda temas pertinentes como o papel do Estado na economia, a discutível nacionalização de monopólios naturais, o modelo das parceiras público-privadas, as deficiências na regulação do sector financeiro, o combate contra a corrupção ou a justiça do sistema fiscal não consegue evitar que as propostas concretas sucumbam às "tiradas de belo efeito".
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário