Foi um debate vivo entre dois aliados naturais que obviamente desejam e esperam governar em coligação após as eleições de 5 de Junho.
Um debate no qual Paulo Portas, revelando uma maior experiência e habilidade políticas, conseguiu manter o equilíbrio entre uma posição cordata e de convergência com o PSD nos temas essenciais, mas no qual ao foi ao mesmo tempo firme na resposta ao apelo de Pedro Passos Colho ao voto útil e capaz de fazer sobressair as diferenças entre os dois partidos seja através das sucessivas referências a temas que lhe são tradicionalmente caros como sejam a autoridade, a segurança e a agricultura, mas também a política do medicamento e dos cuidados paliativos, seja, sobretudo, aproveitando a questão que algo ingenuamente Pedro Passos Coelho lhe colocou directamente, acusando o PSD de ter estado demasiado colado ao Governo do PS, chegando mesmo a afirmar que serviu de muleta ao PS, a que Pedro Passos Coelho respondeu dizendo que "o PSD não é muleta de ninguém" e muito menos do Eng. José Sócrates, recordando as responsabilidades que advêm de ser o amior partido da oposição. E não desperdiçando a oportunidade para considerar que o PP era um partido mais seguro e "estruturado".
Pelo contrário, condicionado pela forma como a pré-campanha eleitoral tem evoluído, Pedro Passos Coelho surgiu numa atitude muito mais defensiva procurando explicar a afirmação de que o programa do PSD vai além do acordo com a troika, afirmando-o como um programa mais audacioso que aposta no crescimento da economia, nas reformas estruturais e concentra a austeridade no aparelho de Estado. E, sobretudo, defender a proposta de redução da taxa social única como um elemento crítico para que a economia possa voltar a crescer, dizendo que a alternativa seria o corte de salários.
Mas, também aqui, Paulo Portas esteve bem na resposta, recusando a ideia do PS de descida gradual, explorando as contradições entre as sucessivas declarações do PSD sobre a matéria e afirmando que na carta que enviou à troika colocou uma reserva sobre esta medida precisamente por ter dúvidas relativamente ao respectivo financiamento. Como esteve igualmente bem quer quando à proposta do PSD de apenas admitir um funcionário público por cada cinco que saiam contrapôs a possibilidade de rescisões amigáveis com indemnizações atractivas, quer quando face às reticências do líder do PSD relativamente à conveniência de extinguir municípios defendeu que Portugal precisa de racionalizar concelhos e juntas de freguesia, quer, ainda, quando apresentou como alternativa à proposta do PSD de redução dos deputados para 181 (que prejudicaria os pequenos partidos) contrapôs a "solução" de redução para 115 eleitos proporcionalmente num círculo nacional.
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