terça-feira, 31 de maio de 2011

Sondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença - Eurosondagem

A sondagem da Eurosondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença efectuada no dia 30 de Maio apresenta os seguintes resultados:

PSD: 35,5% (+0,8%)
PS: 32,2% (+0,1%)
CDS-PP: 12,6% (-0,3%)
CDU: 7,6% (-0,1%)
BE: 6,3% (=)
Outros: 5,8% (-0,5%)

Relativamente à projecção anterior verifica-se um alargamento quer da vantagem do PSD para o PS para 3,3 pontos percentuais e, apesar da queda do CDS, quer da vantagem do PSD e CDS sobre os partidos de esquerda.

PS: O resultado projectado da intenção de voto resulta da seguinte média: Dia 26/05 - 10%, dia 27/05 - 20%, dia 28/05 - 30%, dia 30/05 - 40%.

Ler os Outros: A nódoa - José Vitor Malheiros

Numa crónica (publicada no Público de hoje) em que critica duramente o PS e o seu secretário-geral, José Vitor Malheiros refere que os socialistas continuam a apoiar José Sócrates apenas: "Antes de mais, porque acham que Sócrates é o único líder socialista que pode ganhar as eleições (aconteça o que acontecer ao país). Depois, porque receiam o conhecido carácter vingativo do chefe... que ainda tem os cordelinhos do partido na mão. Só depois de Sócrates cair aparecerão os seus oposicionistas. Aparecerão em bando, quando tiverem a certeza de que já não respira. As razões do apoio dos socialistas do PS a Sócrates são, assim as piores possíveis: ou o medo ou o sectarismo partidário. E a razão invocada no apelo ao voto é a única possível: o PSD é ainda pior do que nós."

As razões porque vou votar PSD

No próximo domingo dia 5 de Junho irei votar PSD.

Faço-o, em primeiro lugar, porque o PSD foi o partido que, ao longo dos últimos meses, tem revelado  uma maior consciência não só da dimensão - que o PS persiste em minorar - como, fundamentalmente, da natureza dos problemas económicos e financeiros que o nosso país enfrenta e que o conjunto dos partidos à esquerda (PS, CDU e BE) continuam a, em meu entender, não identificar correctamente.

Ora, a primeira condição essencial para que Portugal possa enfrentar com sucesso a situação em que se encontra é ter um Governo consciente não só da gravidade da situação do país, mas também, e fundamentalmente, da origem e das causas desses problemas. A solução não está em quem não conseguiu evitar a deterioração da situação económica e financeira do país nem em quem persiste, tantas vezes cega e teimosamente contra todas as evidências, em não reconhecer as causas endógenas nacionais que contribuiram para essa situação e, no caso do PS, as suas responsabilidades no processo que as alimentou.

E, em segundo lugar, porque o PSD é o único partido que se apresentou às eleições com um programa eleitoral que - embora me suscite algumas dúvidas quanto à exequibilidade de algumas medidas e à oportunidade ou bondade de outras - tem em conta a situação concreta do país. E que constitui um programa que globalmente se encontra bastante próximo daquilo que considero constituirem as soluções mais adequadas para o país.

O que faz com que, na minha opinião, o PSD seja claramente o partido em melhores condições para garantir o cumprimento das metas definidas no programa de ajustamento negociado com a União Europeia e o FMI. Cumprimento que constitui condição necessária para, pelo menos, evitar uma situação de bancarrota e corrigir os desequilíbrios que há demasiados anos afectam a economia portuguesa por forma a permitir que a actividade económica e o emprego possam voltar a crescer em bases sustentáveis.

Finalmente, porque, após 6 anos no poder, o PS surge claramente desgastado e, como a campanha tem revelado, sem ânimo reformista, e o PSD parece ser o único partido com condições para liderar uma coligação que proporcione um governo eficiente e politicamente forte, com capacidade para enfrentar as dificuldades e desafios com que irá certamente se deparar.

PS: Quando estava a escrever este post fui reler um semelhante que escrevi em Setembro de 2009 em que anunciei igualmente a minha intenção de votar no PSD. A conjuntura financeira pode não ter ajudado, mas os sinais de perigo eram já evidentes  e se errei foi ao escrever que não me parecia que uma vitória do PS constituisse um desastre para o país e que até me agradaria ver continuar alguns dos ministros do actual Governo (nomeadamente, Teixeira dos Santos, Luís Amado e Vieira da Silva). Infelizmente errei, mas por excesso de optimismo. Quase dois anos depois, a verdade é que o actual governo conduziu  mesmo o país ao desastre e dos três ministros que referi o único que não teve uma acção decepcionante foi Luís Amado.

Nabucco - Verdi



Acho que foi este o episódio a que Marcelo Rebelo de Sousa se referiu no programa de domingo.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sondagem para o Público e a TVI - Intercampus

A sondagem realizada pela Intercampus, nos dias 25 a 29 de Maio, para o Público e a TVI apresenta os seguintes resultados:

PSD : 37,0% (+1,2%)
PS : 32,3% (-1,8%)
CDS-PP : 12,7% (+1,4%)
CDU : 7,7% (=)
BE : 5,2% (-1,3%)
Outros : 5,2% (+0,7%)

Nesta que é a última sondagem da Intercampus para o Público e a TVI, o PSD surge com uma vantagem de 4,7 pontos percentuais (acima da margem de erro para um grau de confiança de 95%) enquanto que a percentagem obtida por PSD e CDS-PP (49,7%) aponta para que estes partidos possam vir a obter uma maioria absoluta confortável.

Sondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença - Eurosondagem

A sondagem da Eurosondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença efectuada no dia 29 de Maio apresenta os seguintes resultados:

PSD: 34,7% (+1,0%)
PS: 32,1% (+0,1%)
CDS-PP: 12,9% (-0,3%)
CDU: 7,7% (-0,4%)
BE: 6,3% (-0,4%)
Outros: 6,3% (=)

Relativamente à projecção anterior verifica-se um alargamento da vantagem do PSD que atinge os 2,6 pp.

PS: O resultado projectado da intenção de voto, é calculado mediante um exercício meramente matemático, presumindo que os 21,8% respondentes "Ns/Nr" se abstêm e resulta da seguinte média: Dia 25/05 - 10%, dia 26/05 - 20%, dia 27/05 - 30%, dia 29/05 - 40%, o que explica a estabilidade da projecção.

Ler os Outros: Querida, encolhi o pavilhão - Nuno Ferreira

Um post do Nuno Ferreira publicado no Aba de Heisenberg sobre o comício do PS em Coimbra, em que os aspectos mais interessantes são o modo como estes eventos são "encenados" e o modo acrítico como surgem retratados na comunicação social.

Ler os Outros: Fora do tempo e do espaço - Rui Tavares

"O telejornal passou para uma peça sobre o caso em que adolescente foi agredida por outras duas adolescentes, enquanto tudo era filmado por um jovem. A RTP mostrava o filme, se não quase todo, muito mais do que necessitaria mostrar para que estivessemos «informados». (...)
Uma das coisas que chocavam naquela história era como podia o rapaz ter filmado a agressão em vez de parar para pensar. Também chocava, num plano diferente, ver como o jornalista tinha decidido mostrar o vídeo em vez de parar para pensar."

(excerto da crónica publicada no Público de hoje)

Notas de campanha (III)

Bem sei que as campanhas eleitorais sempre foram um período mais propenso a casos e provocações do que à reflexão e ao debate sobre o futuro do país, mas antes uma forma de através de comícios, jantaradas e arruadas - que actualmente são sobretudo encenações para "aparecer" na comunicação social - mostrar a "força" dos partidos e, mais do que convencer, mobilizar votantes para o acto eleitoral. Um período mais propenso a provocações e casos do que à ponderação reflexão.

Não deixa, contudo, de ser algo estranho que nos últimos dias, apenas se tenha falado do Memorando a propósito da existência de duas versões distintas, cujo aspecto mais relevante parece ser o facto de o Governo não ter cumprido o dever de  informado os restantes partidos das diferenças que, em condições ainda não completamente esclarecidas (por exigência de quem ? porque se adoptaram opções que prevêm prazos mais curtos ?), terá sido necessário introduzir na versão final.  E que, num momento particularmente crítico para o nosso país o período de campanha eleitoral não esteja a constituir um momento para discutir a forma como cada partido - estou naturalmente a referir-me ao PSD, PS e CDS-PP, já que CDU e BE se auto excluíram deste processo - se  propõe implementar o programa de ajustamento constante do famoso Memorando.

Neste contexto geral de vacuidade as entrevistas de Pedro Mexia e Ricardo Costa a José Sócrates e de Pedro Passos Coelho (publicadas na Única de ontem) constituem uma leitura interessante que nos permite vislumbrar de outra forma o pensamento dos líderes dos dois principais partidos.

Na sua entrevista, o primeiro-ministro demissionário surge igual a si próprio, atacando o que considera ser o "aventureirismo ideológico do PSD", insisitindo em trazer para o debate eleitoral as propostas do PSD para a revisão constitucional que qualifica como constituindo uma "mudança absolutamente radical",  apresentando-se a si próprio como um defensor do modelo social europeu e como um político pragmático e disponível para o consenso. O mais interessante nesta entrevista é o facto de as únicas reformas a que se refere "da energia, da segurança social, da ciência, da educação, do Simplex, do plano tecnológico" constituirem iniciativas da primeira fase da legislatura de 2005-2009, que não haja qualquer referência a qualquer das medidas que o Governo tenha tomado na legislatura que agora finda e, muito menos, qualquer admissão de erro. Para Sócrates "fomos apanhados na crise da dívida soberana em 2010 e isso foi uma novidade para a Europea. Os mercados nunca tinham desconbficado da capacidade dos europeus pagarem dívida. Nem eu nem ninguém previu ou adivinhou uma situação destas", insistindo ainda uma vez mais que caso o PEC IV tivesse sido aprovado teria sido possível evitar o recurso à assistência do FMI e da UE. Reveladoramente a entrevista caracteriza-se pela quase ausência a qualquer ideia ou programa para o futuro excepto a necessidade de cumprir o programa de ajustamento e a identificação do "corporativismo" como "o principal problema das sociedades democráticas contemporâneas".

Na sua entrevista Pedro Passos Coelho um aspecto saliente é grande parte ser dedicada a justificar a actuação do partido nos últimos meses como: i) a falta de estabilidade das propostas, ii) a gafe de Diogo Leite Campos, iii) a exposição da sua vida familiar; iv) a escolha de Fernando Nobre ou v) a não inclusão de Pacheco Pereira nas listas de candidatos a deputados, a que, excepto no último caso, respondeu de forma adequada e tranquila, embora nem sempre particularmente convincente.
Do ponto de vista político achei particularmente importante a sua afirmação de que o futuro governo "deve, na sua composição, ser o mais aberto possível" e interessante a sua afirmação relativamente à do CDS sobre o qual refere que "andou demasiado tempo preocupado em marcar a sua diferença com o PS e, portanto, a bater nas políticas de Sócrates, e chega agora às eleições e troca essa diferenciação com o PS para apostar numa maior diferenciação em relação ao PSD", parecendo não perceber que isso foi uma reacção natural à recusa do PSD em aceitar uma coligação eleitoral e ao facto de a conjugação de algumas dificuldades de afirmação da liderança do PSD com a sua opção por um programa mais liberal ter propiciado ao CDS uma oportunidade que este tentou explorar.
No que respeita ao programa, o mais interessante consiste na assunção de uma filosofia económica mais liberal que expressa através da afirmação de que "quanto o PS fez um conjunto de privatizações a pensar na possibilidade de reduzir a dívida, o PSD defende as privatizações porque acha que o Estado não deve ser dono de empresas". Curiosamente esta é também eventualmente a parte menos conseguida da entrevista ao revelar alguma dificuldade em conciliar de forma suficientemente coerente esta posição e defesa de promoção da concorrência com a proposta de privatização de alguns "monopólios naturais", parecendo ter tido alguma dificuldade em concretizar qual a "mudança de regime económico", a propósito do que reintroduz o tema da revisão constitucional. É certo acaba por se perceber o sentido da afirmação quando um pouco depois refere que essa mudança "está muito facilitada proque aquilo que tenho vindo a dizer que é preciso fazer, em parte, está nesse documento", teria sido todavia interessante que tivesse enunciado de forma mais expressa as linhas essenciais dessa mudança.

domingo, 29 de maio de 2011

A Árvore da Vida (The Tree of Life) - Terrence Malick


Aparentemente uma história de uma família da década de 50 com três filhos recordada pelo filho mais velho (representado por Sean Penn) que sofre uma tragédia,  "A Árvore da Vida" é sobretudo um filme sobre o que é ser humano e sobre a tragédia do Homem perante os mistérios do universo e os dramas da vida e da morte, a forma como lidamos e superamos com a tragédia e o sofrimento, a forma como sentimos e nos relacionamos com os outros, o conflito interior entre o bem e o mal e a correlação entre o que somos e como vivemos e o que nos sucede ao longo da vida.

Um filme que aborda a perda de inocência, a descoberta de que a "vida não é justa", o experimentar da crueldade e a dúvida sobre o que uma "vida bem vivida" e se "vale a pena ser-se bom". Em que se contrasta a atitude da mãe para quem "Unless you love, your life will flash by" e do pai severo e obcecado com o "sucesso" que quer que os filhos sejam "fortes".

Um filme que é um poema espiritual, quase uma oração, em que o sentimento religioso está sempre presente - desde a frase inicial, não por acaso retirada do livro de Job - e em que apesar (ou talvez por causa) da adversidade nunca é questionada a presença de Deus.

Sobre as sondagens

Perante aquilo que Paulo Porta qualificou como "bebedeira" de sondagens, em que todos os dias são publicadas uma ou várias projecções eleitorais muitas vezes com sinais contraditórios, procurar ler "demasiado" nas variações de poucas décimas que são estatisticamente insignificantes (por exemplo, a projecção de ontem da Eurosondagem tem um erro máximo de 4,29% e teve por base 521 entrevistas validadas). Devo confessar, mesmo, que uma das coisas que me surpreende é a estabilidade dos resultados das várias projecções (sobretudo da Eurosondagem).

Evolução das projecções da Eurosondagem para a SIC, Expresso e RR



Evolução das projecções da Intercampus para o Público e a TVI



Olhando para a árvore e não para a floresta o que estas projecções indicam é que: i) o PSD lidera as intenções de voto, embora apenas com uma pequena margem sobre o PS e ii) não se detecta uma dinâmica clara de conquista (ou perda) de votos em qualquer dos 5 partidos.

Sondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença - Eurosondagem

A sondagem da Eurosondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença efectuada no dia 27 de Maio (e divulgada ontem) apresenta os seguintes resultados:

PSD: 33,7% (-0,2%)
PS: 32,4% (-0,1%)
CDS-PP: 13,2% (-0,2%)
CDU: 7,8% (-0,1%)
BE: 6,4% (+0,1%)
Outros: 6,5% (+0,2%)

sábado, 28 de maio de 2011

Cucurrucucu Paloma (Hable Con Ella) - Caetano Veloso

Ler os Outros: Pacheco Pereira

"Alguém me pode explicar como vai ser a vida depois de 5 de Junho se os resultados eleitorais mantiverem o PS na casa dos 30%, mostrando que não se deu em Portugal a gigantesca punição que na Irlanda e na Espanha tiveram os partidos de Governo ? Isso seria um péssimo sinal para a estabilidade pós-eleitoral. Um PS que consiga resistir razoavelmente à derrocada dos partidos de GOverno quererá regressar rapidamente ao poder e não dará descanso a quem lá estiver. E se Sócrates continuar a mandar, na luz ou na sombra, porque nao sabe faezr outra coisa, ainda mais instável será a situação, porque ele quererá ajustar contas.

E, por fim, alguém me pode explicar com vai ser aplicado o Memorando com os partidos como são e como estão, com o quadro de forças que provavelmente sairá destas eleições, com o pessoal político que vai querer ir para o Governo, com o agravamento drástico da pobreza e da instabilidade social e a enorme, vasta, poderosa máquina de inércia que é o sistema político português? É tudo tão dificil, tão dificil, que roça o inexequível.

A Grécia não está assim tão longe."

(excerto da crónia publicada no Públido de 28 de Maio)

A situação na Líbia

Nos últimos dias tem-se assistido a uma intensificação dos ataques aéreos dos aviões da NATO contra alvos líbios numa campanha militar que se tem vindo a prolongar e ao envio de meios militares adicionais, ao mesmo tempo que aumenta igualmente a pressão internacional para que Kadhafi abandone o poder numa tentativa de acelerar o processo de desagregação do regime do coronel líbio e, assim, resolver o impasse militar no terreno.

É no entanto impossível prever quanto tempo o regime poderá, ainda, resistir. A história revela que é muito dificil derrubar um regime unicamente através da superioridade aérea, pelo que, enquanto o regime líbio se mantiver coeso e puder continuar a contar com a lealdade das suas forças militares, a actual situação poderá prolongar-se por tempo indeterminado. Se assim for as únicas saídas para derrubar o regime líbio serão uma solução negociada ou uma intervenção militar no solo, seja directa - passo que as forças aliadas compreensivelmente hesitam em dar - seja através de um apoio técnico e material substancial aos rebeldes - solução também problemática dado não ser clara qual a aceitação dos rebeldes pelas populações nas áreas sob controlo de Tripoli.

Sendo importante recordar que, em qualquer caso, o abandono do poder por Kadhafi será apenas o primeiro passo de um processo longo até à normalização da Líbia.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sondagem para o Público e a TVI – Intercampus

A mais recente sondagem da Intercampus para o jornal Público e a TVI, realizada entre 21 e 26 de Maio, apresenta os seguintes resultados :

PSD : 35,8% (-3,8%)
PS : 34,1% (+0,9%)
CDS-PP : 11,3% (-0,8%)
CDU : 7,7% (+1,1%)
BE : 6,5% (+0,9%)
Outros : 4,5% (+1,5%)

Enquanto que o número de inquiridos que não sabem / não respondem / não votariam foi de 43,9% (+0,3%).

Relativamente aos resultados da sondagem anterior os pontos mais salientes são a descida do PSD, cuja vantagem para o PS diminui para 1,7 pp,  e do CDS e a subida dos partidos de esquerda que em conjunto obtêm 48,3% das intenções de voto contra 45,4% para PSD e CDS-PP.

Sondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença - Eurosondagem

A sondagem da Eurosondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença efectuada no dia 26 de Maio apresenta os seguintes resultados:

PSD: 33,9% (+0,2%)
PS: 32,3% (-0,2%)
CDS-PP: 13,4% (+0,5%)
CDU: 7,9% (-0,2%)
BE: 6,3% (-0,2%)
Outros: 6,2% (-0,3%)

Relativamente à sondagem do dia anterior verifica-se uma subida de PSD e CDS-PP e uma ligeira descida dos partidos de esquerda.

Notas de campanha (II)

Num país em que exige uma tendência para sugerir cortes que afectem os outros e lesto a pedir excepções para si próprios de que o caso das ex-SCUT é claramente exemplificativo com os diversos movimentos de contestação à introdução de portagens, nuns casos porque "antes não se pagava e viola as expectivas dos residentes / empresas", noutros porque "prejudica o turismo" ou noutros ainda porque "outras regiões tiveram vários anos sem pagar" é de saudar a coragem de Pedro Passos Coelho ao afirmar em Bragança que "não haverá nenhuma "moratória especial" para esta região" e sublinhar que o partido só tem uma posição: "todas as autoestradas devem ser portajadas", contrariando assim as pretensões das estruturas locais sociais-democratas.

Já nas suas entrevistas à Rádio Renascença e ao Expresso Pedro Passos Coelho esteve menos feliz ao deixar, na primeira, uma afirmação menos feliz em que veio admitir a reavaliação da lei do aborto e ainda que em termos vagos a eventualidade de um novo referendo sobre a matéria e, na segunda, ao acusar Pacheco Pereira de fazer campanha semanal contra o PS, contribuindo, deste modo, para alimentar o níuvel de ruído em torno da campanha.

Sondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença - Eurosondagem

A sondagem da Eurosondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença efectuada no dia 25 de Maio apresenta os seguintes resultados:

PSD: 33,6% (-0,1%)
PS: 32,5% (+0,5%)
CDS-PP: 12,8% (-0,4%)
CDU: 8,1% (=)
BE: 6,5% (-0,2%)
Outros: 6,5% (+0,2%)

Relativamente à sondagem anterior verifica-se uma pequena descida de PSD, CDS-PP e BE e uma ligeira subida do PS.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sondagens, Eleições e Opinião Pública - Pedro Magalhães


Num período em que, quase todos os dias (e ainda bem) são publicados os resultados de novas sondagens eleitorais, este é mais um exclente livro editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que numa linguagem simples e acessível, constitui uma excelente introdução nos segredos desse por vezes misterioso mundo das sondagens, apresentando, com a ajuda de exmplos, conceitos fundamentais como erro amostral enviesamento e discutindo as vantagens e desvantagens das várias opções na selecção da amostra utilizada, na formulação dos questionários e na forma como estes são recolhidos e tratados. contribuindo para como pretendido pelo autor para combater quer a tendência para atribuir às sondagens uma precisão e "infalibilidade" que é inalcançável quer a tendência inversa para as considerar como desprovidas de qualquer valor.

Sondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença - Eurosondagem

A sondagem da Eurosondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença efectuada no dia 24 de Maio apresenta os seguintes resultados:

PSD: 33,7% (+0,6%)
PS: 32,0% (-0,6%)
CDS-PP: 13,2% (-0,5%)
CDU: 8,1% (+0,5%)
BE: 6,7% (+0,1%)
Outros: 6,3% (-0,1%)

Sendo que 24,5% dos inquiridos não sabem ou não respondem.

É extremamente arriscado tentar retirar quaisquer ilações de pequenas variações de sondagens diárias que em geral não reflectem mais do que o erro amostral. Neste contexto julgo que o mais importante será tentar identificar se existem sinais de tendências ou de estabilização das intenções de voto e lendo esta sondagem em conjunto com as outras parece-me legítimo retirar as seguintes ilações: i) o PSD lidera as intenções de voto embora apenas com uma pequena margem sobre o PS, ii) as intenções de voto no PSD e CDS-PP apontam para uma forte possibilidade de estes partidos conseguirem em conjunto obter uma maioria absoluta de mandatos de deputados e iii) as dinâmicas de queda do PSD e do BE e subida do PS e CDS-PP parecem, pelo menos, ter perdido momentum.

Ler os outros: A madre das cousas - Vasco Graça Moura

"(...) deprimente e antipatriótico não é acusar José Sócrates e o seu Governo da bancarrota vergonhosa para que o país foi arrastado. Deprimente e pouco patriótico é, sim, fazer de conta que está tudo normalissimo e admitir que essa gente se comporte como se não tivesse nada a ver com o caso e até nos tivesse posto a prosperidade a andar por aí, à mão de semear (...)"

(excerto da crónica publicada na edição do DN de 25 de Maio)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Sondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença - Eurosondagem

A sondagem da Eurosondagem para a SIC, Expresso e Rádio Renascença efectuada no dia 23 de Maio apresenta os seguintes resultados:

PSD: 33,1% (-2,7%)
PS: 32,6% (+0,1%)
CDS-PP: 13,7% (+2,6%)
CDU: 7,6% (-0,1%)
BE: 6,6% (=)
Outros: 6,4%

Sendo que 25,1% dos inquiridos não sabem ou não respondem.

Comparativamente com a anterior realizada, entre 28 de Abril e 3 de Maio, O ponto mais saliente desta sondagem,  parece ser a "transferência" de votos de PSD para CDS que, em conjunto, obtêm 46,8% das intenções de voto o que - correspondendo à mesma percentagem obtida por PS+CDU+BE - seria suficiente para uma maioria absoluta de deputados dos partidos mais à direita, reduzindo a vantagem dos sociais democratas para apenas 0,5 pp.

Sondagem para a a RTP / Antena 1 / Diário de Notícias e Jornal de Notícias - CESOP Católica

A sondagem realizada pelo CESOP - Católica nos dias 21 e 22 de Maio apresenta os seguintes resultados:

PSD: 36% (+2%)
PS: 36% (=)
CDS-PP: 10% (=)
CDU: 9% (=)
BE: 6% (+1%)
Outros/Brancos/Nulos: 3% (-3%)

Sendo de destacar a recuperação do PSD, que surge empatado com o PS em intenções de voto, e do BE, enquanto que PS, CDS e CDU mantêm as percentagens obtidas na sondagem anterior. Em termos de esquerda/direita PSD+CDS-PP atingem em conjunto 46% das intenções de voto (contra 51% de PS+CDU+BE), que, no entanto, deverá ser suficiente para os colocar pelo menos próximo de uma maiorira absoluta.

Embora surja empatado com o PS, esta sondagem é globalmente positiva. Para além da subida nas intenções de voto para o PSD, verifica-se uma melhoria sensível da avaliação da imagem de Pedro Passos Coelho que, numa escala de 0 a 20, obtém uma avaliação média de 9,0 (+0,3) superando Paulo Portas (que subiu 0,3 pontos para 8,7) como líder partidário mais apreciado, enquanto que José Sócrates desce 0,1 pontos caindo para último lugar com apenas 7,4 pontos e Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã obtêm  7,7 (+0,4) e 7,5 (=), respectivamente. Sendo, ainda, Pedro Passos Coleho o líder partidário em que 22% dos inquiridos mais confia (José Sócrates obtem 20%).

Outros dois pontos desfavoráveis para o PS é o aumento de 2 pp da percentagem dos inquiridos que consideram que o desempenho do Governo tem sido muito mau (40%), e a redução dos que consideram que a actuação governativa tem sido má (-2 pp para 18%). 37% (-1%) classifica o desempenho do Governo como mau, 1% como muito bom e 4% não sabem ou não respondem. E, sobretudo, o aumento dos que consideram que algum partido da oposição faria melhor (+ 6 pp para 30%).

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sondagem para o Público e a TVI – Intercampus

A mais recente sondagem da Intercampus para o jornal Público e a TVI, realizada entre 18 e 22 de Maio, apresenta os seguintes resultados :

PSD :  39,6% (+3,9%)
PS : 33,2% (-0,9%)
CDS-PP : 12,1% (-0,7%)
CDU : 6,6% (-0,9%)
BE : 5,6% (-1,2%)
Outros : 3,0% (-0,2%)

Enquanto que o número de inquiridos que não sabem / não respondem / não votariam foi de 43,6% (+2,7%).

Relativamente aos resultados da sondagem anterior os pontos mais salientes são a forte subida do PSD que agora apresenta uma vantagem de 6,4 pp face ao PS e a descida de todos os outros partidos, sendo de salientar que em conjunto PSD e CDS obtêm 51,7% das intenções de voto o que lhes garantiria uma maioria confortável de deputados.

Estes resultados que reflectem já o resultado do debate constituem uma indicação de que a estratégia do PSD de aposta no voto útil à direita e de apostar na escolha entre Pedro Passos Coelho e José Sócrates estará a resultar, tendo conseguido interromper a dinâmica positiva do PS, enquanto que à esquerda é de notar o facto de apesar da descida quer da CDU quer, sobretudo, do BE o PS ter igualmente descido.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Notas de campanha

O início do período oficial de campanha eleitoral, que marca a entrada na recta final de um processo eleitoral que se iniciou com o chumbo do designado PEC IV, ficou marcado por uma esperada intensificação da truculência das declarações e por alguns episódios menores que afectaram as campanhas (e.g., o caso dos autocarros de imigrantes para encher os comícios do PS, a polémica em torno dos outdoors do PS, os ataques do presidente da Câmara das Caldas da Rainha a Paulo Portas ou o protesto dos feirantes que afectou a campanha do CDS) que fazem parte do ruído natural das campanhas eleitorais e que muito provavelmente continuarão a marcar uma campanha que promete ser renhida até final.

Nestes primeiros dias, foi perceptível um aumento da confiança das hostes sociais-democratas para o qual terá contribuído a injecção de adrenalina que constitui a vitória (ou pelo menos a sua derrota) de Pedro Passos Coelho no debate da passada 6.ª feira. O que, no entanto, não impediu que o PS continuasse a dar mostras de que mantém uma capacidade de mobilização que, nas circunstâncias actuais, não deixa de ser notável.

Um PS que, pelo que se tem visto, continua apostado em alimentar a divisão entre os defensores do Estado social e os defensores do liberalismo que lhe permita beneficiar da inclinação político-sociológica do país para a esquerda e na impreparação do líder do PSD, pontos em que irão certamente continuar a insistir até à exaustão. Aparentemente, depois do relativo insucesso do debate de 6.ª feira, o PS parece sobretudo pretender consolidar as posições, procurando captar o voto útil à esquerda com o objectivo de não perder por muitos (o que objectivamente já constituirá sempre um resultado notável), mantendo a esperança de que adversário cometa "erros" que possam dar a vitória ao PS.

Neste contexto, não deixa de ser assinalável que, em vez de apostar numa imagem de moderação que contrarie o rótulo liberal que o PS lhe tenta colar, e assim captar o voto dos indecisos moderados, Pedro Passos Coelho tenha, demonstrando uma coragem política, optado por introduzir na campanha os temas da redução de feriados e da acumulação das áreas da saúde e da segurança social sob um único ministro.

domingo, 22 de maio de 2011

É preciso ler "Animal Farm" para compreender o PS

Segundo notícia na SIC notícias "confrontado com acusações do PSD de que o PS desrespeitou o seu compromisso de não usar outdoors nesta campanha eleitoral" Vieria da Sila terá afirmado que "O PSD está mal informado, porque o PS não vai fazer uma campanha tradicional com base em outdoors. Acontece que, simbolicamente, foi colocado um outdoor por cada círculo eleitoral - e isso nada tem a ver com uma campanha generalizada com base em outdoors" (meu sublinhado).

O que me fez recordar Animal Farm (A Quinta dos Animais), de George Orwell, onde os mandamentos vão desaparecendo ou sendo subtilmente alterados e de que cito a seguinte passagem ilustrattiva: "ao reler os Sete Mandamentos em voz baixa, Sofia reparou que havia mais um que os animais tinham decorado erradamente. pensavam que o Quinto Mandamento era «Nenhum animal beberá álcool", mas tinham-se esquecido de duas palavras. Na verdade o Mandamento em questão rezava assim: «Nenhum animal beberá álcool em excesso»".

A estratégia do BE

Num post muito interessante publicado no blog Delito de Opinião José Pimentel refere que: "A postura do Bloco de Esquerda nos últimos meses é para mim de difícil compreensão. Estas eleições deveriam oferecer ao partido uma margem de progressão nunca antes obtida. Nunca poderia prever que o Bloco estivesse em risco de ficar abaixo do resultado obtido em 2009.", aventando três possíveis explicações: i) o "trauma" das presidenciais em que BE e PS apoiaram Manuel Alegre; ii) uma fobia inveterada em relação à governação e iii) embora Francisco Louçã tenha  percebido o potencial de uma aproximação ao centro, terá decidido não a fazer porque o seu núcleo duro não estaria disposto a afastar-se do radicalismo que defende apenas com objectivos eleitorais.

Pessoalmente, penso que a explicação é outra. A opção do BE não foi uma opção táctica tendo em vista o resultado nestas eleições, mas uma escolha estratégica que reflecte a ideologia em que assenta o BE. Quando o BE nos diz no seu programa eleitoral que "a recessão e a regressão social do país não decorreram apenas, nem principalmente, da crise económica internacional, mas da conjugação entre os seus efeitos, um modelo de desenvolvimento e uma estrutura produtiva em larga medida esgotados" e que "A política do défice, as justificações com a crise internacional e a almofada dos fundos comunitários foram desculpas para as elites dominantes adiarem o inadiável – uma nova estratégia nacional de desenvolvimento com justiça na economia" (ver aqui) não está a dizê-lo com fins eleitoralistas, mas porque acredita que assim é.

Os dirigentes do BE encaram a crise financeira internacional de 2008-2009 e a actual crise económica e financeira que atravessamos como uma confirmação das suas convicções relativamente ao fracasso inevitavel do capitalismo e do "neo-liberalismo", mas também da inviabilidade do "compromisso" social-democrata.

Para o BE estamos perante "a" crise económica e social de uma geração que pode levar a uma transformação política e social histórica que eles querem liderar construindo e liderando uma alternativa que confedere a esquerda (daí a aproximação ao PCP e as constantes referências a uma grande esquerda). Mais do que com o resultado eleitoral do próximo dia 5 de Junho o BE quer estar do lado "certo" da história, e afirmarem-se como a vanguarda dos "novos" movimentos sociais que emergem dos movimentos de jovens em Portugal e Espanha.

Para atingir estes objectivos o BE tinha obviamente que demarcar-se claramente das políticas "neo-liberais" consagradas no acordo com a troika, juntando-se ao PCP e aos sindicatos na mobilização social contra a sua implementação e em favor de uma política socialista de esquerda.

Obviamente esta estratégia envolve riscos consideráveis e tudo aponta para que o BE tenha "sobrestimado" o grau de "consciência política do povo" que conjugado com alguns erros tácticos (e.g. o timing de apresentação da moção de censura) os poderão penalizar eleitoralmente no 5 de Junho. O verdadeiro grau de sucesso (ou insucesso) desta estratégia, contudo, só poderá ser analisado daqui a alguns anos e dependerá muito da evolução do PS. O pior que poderia suceder ao BE seria uma viragem à esquerda do PS e o melhor seria um governo de bloco central e/ou uma divisão do PS.

Ler os outros : A insensata superstição das reformas estruturais - João Pinto e Castro

"Mudar muita coisa em pouco tempo tem dois tipos de problemas. O primeiro é que, sendo muito insuficiente o nosso conhecimento sobre o modo como as sociedades funcionam, corremos o risco de provocar inesperadas catástrofes em tudo contrárias ao resultado desejado. O segundo risco, na prática ainda mais relevante, consiste na generalização de confrontos de todos contra todos quando se abre uma guerra simultânea em múltiplas frentes contra adversários entrincheirados e poderosos.

As reformas estruturais falham, antes de mais, porque facilitam a tarefa aos interesses instalados. Quando se proclama com grandes fanfarras que vão ser postas em marcha, o que de facto se consegue é alertar todos os seus opositores para a urgência de se unirem e organizarem contra elas. A diversidade das abordagens adotadas explica por que é que, depois de alguns ensaios falhados, as reformas na saúde têm entre nós progredido mais que na educação ou na justiça.

A fúria reformista é, ao contrário do reformismo discreto e quotidiano, um traço típico dos países subdesenvolvidos, onde volta não volta alguém descobre a pólvora e promete a regeneração nacional ao virar da esquina. É por isso que não há reformas estruturais na Suíça ou nos EUA, mas sim na Argentina, na Turquia ou no Bangladesh. Uma reforma estrutural é uma revolução, e falha exactamente pelas mesmas razões: voluntarismo a mais e consistência a menos. O principal resultado prático é muita agitação e poucas transformações reais. As verdadeiras reformas não se fazem de uma assentada: vão-se fazendo persistentemente, no dia a dia, sem perder de vista o propósito ambicioso que está na sua origem. É isso, aliás, o que a palavra reformismo quer dizer.


Em Portugal fazem-se reformas estruturais a mais, não a menos. A Constituição está sempre em obras, e não há maneira de lhes vermos o fim. Mal acaba uma revisão constitucional, anuncia-se logo a próxima. Daí para baixo, é todo o edifício jurídico que vive em contínua convulsão, com os resultados conhecidos. Deitar abaixo e fazer de novo pode ser um modo de vida interessante, mas não é certamente o mais eficaz. Os países não mudam assim.


Diz-se que nas ciências sociais é impossível realizar experiências programadas, mas os portugueses poderão, em breve, desmentir tal alegação, oferecendo-se como cobaias para testar uma avalanche de reformas estruturais cujo estudo fará as delícias da comunidade científica nas décadas vindouras. Se correr mal, paciência."
 
(Ver aqui)
 
PS: O negrito é meu.

sábado, 21 de maio de 2011

How it feels to fly - Alicia Keys




Have you ever felt so strong
That you need to feel weak
Long days, long nights, and you just can't sleep
Have you ever been so sure
That you get cold feet
Got you feel on nerve, you can feel your heartbeat

I never known this feeling, never
Now I hope it stays and lasts forever
I am riding, I don't wanna come down
But my wings don't feel me now
If I can touch the sky
I risk to fall just to know how it feels to fly

Have you ever felt so lost
But didn't know until you were found
Looking everywhere what you finally see know
In the room full of people
Feel like no one is around
Get your head in the clouds
And your feet all off the ground

I imagine
I don't want to come down
But my wings don't feel me now
If I can touch the sky
I'd risk to fall just to know how it feels to fly

I imagine
I don't want to come down
But wings don't hear me out
If I can touch the sky
I risk to fall just to know how it feels to fly

Quem ganhou o debate entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho ?

De acordo com uma sondagem para a RTP, 46,4% dos inquiridos consideraram que foi Pedro Passos Coelho quem esteve melhor, enquanto que para 33,9% foi José Sócrates quem venceu  e 12,7% consideraram que houve um empate.

Para a maioria dos entrevistados foi Pedro Passos Coelho quem apresentou as melhores propostas para relançar a economia (50,5% vs 25,3%), melhorar a vida dos portugueses (47,8% vs 23,1%) e na área da saúde (44,6% vs 32,2%).

Ler os outros: Henrique Raposo

No seu comentário ao debate de ontem publicado no Expresso Henrique Raposo escreve "Passos Coelho partiu da realidade, partiu do documento da troika. Sócrates falou como se esse documento não existisse. Ninguém vence um debate quando recusa assim a realidade. Isto não é o «Chuva de Estrelas». Isto é um país, caramba!"

Debates eleitorais (VI): José Sócrates e Pedro Passos Coelho

Num debate em que o líder do PS procurou aplicar a velha máxima de que a melhor defesa é o ataque e assim conduzir o debate, evitando os temas em que notoriamente se sentia menos à vontade e insistindo naqueles como o Estado social em que poderia tirar vantagem, Sócrates abriu o debate com insistindo no demasiado gastas desculpas da crise internacional e das dívidas soberanas - para justificar os fracassos económicos - e da crise política - para justificar o recurso à assistência externa, para logo introduzir o tema da saúde invocando o projecto constitucional do PSD para "acusar" Pedro Passos Coelho de pretender introduzir o co-pagamento no sistema nacional de saúde e, mais tarde, de querer liberalizar o trabalho temporário, procurando apresentar o líder do PSD como impreparado e radical.

Apesar de remetido a uma postura mais defensiva, Pedro Passos Coelho resistiu muito bem apontando - tranquilizando os eleitores qaunto ao conteúdo do seu programa -, revelando-se, em geral, bastante seguro e bem preparado, não se deixando enervar pelas constantes interrupções do actual primeiro-ministro, e mantendo um tom duro - mas sem se exceder - na responsabilização do Governo pela actual situação de crise e justificando o chumbo do PEC IV por este ser um plano e com o facto de o Governo ter sido incapaz de cumprir os objectivos dos PEC's anteriores, perante um primeiro-ministro que por vezes deixou transparecer algum incómodo e revelou uma incapacidade de responder às críticas à sua governação.

É quase sempre bastante dificil apontar um vencedor num debate, mas se houve um vencedor no debate de hoje este foi o presidente do PSD.

Sondagem para o Correio da Manhã - Aximage

Outra sondagem divulgada foi a realizada pela Aximage para o Correio da Manhã entre os dias 14 e 18 de Maio e que apresenta para os seguintes resultados:

PSD: 31,1% (-0,4%)
PS: 29,5% (+1,2%)
CDS-PP: 12,9% (+1,7%)
CDU: 7,3% (-2,0%)
BE: 5,2% (-2,2%)

PS: Com redistribuição dos indecisos os resultados seriam os seguintes (ver aqui)

PSD: 33,9% (=)
PS: 32,2% (+1,7)
CDS-PP: 14,1% (+2,0)
CDU: 8,0% (-2,0)
BE: 5,7% (-2,6)

Sondagem para o Público e a TVI – Intercampus

A mais recente sondagem da Intercampus para o jornal Público e a TVI, realizada entre 14 e 19 de Maio, apresenta os seguintes resultados :

PSD : 35,7% (-0,4%)
PS : 34,1% (-1,3%)
CDS-PP : 12,8% (+0,2%)
CDU : 7,5% (+0,0%)
BE : 6,8% (+0,6%)
Outros : 3,2% (+1,0%)

Enquanto que o número de inquiridos que não sabem / não respondem / não votariam foi de 40,9%.

Relativamente aos resultados da sondagem anterior os pontos mais salientes serão o aumento da vantagem do PSD sobre o PS para 1,6 pp, em resultado da queda do PS, sendo de notar também o que parece ser uma recuperação do BE.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ler os outros: Passa-se o seguinte - Miguel Esteves Cardoso

Na sua crónica no Público de hoje Miguel Esteves Cardoso apresenta-nos um retrato algo caricatural mas bastante pertinente da forma como muitos portugueses, em geral, parecem encarar as finanças públicas:

"Numa coisa seremos sempre ricos: na quantidade de dinheiro que achamos que é mal gasta. Nunca nos passa pela cabeça que esse dinheiro não exista. (...)
Essa fé no nosso monte de massa exprime-se pela seguinte fórmula de crítica política, popular ou profissional: «Em vez de gastar dinheiro com [inserir despesas públicas que se acham desnecessárias, seja o TGV ou o SNS, tanto faz], Portugal deveria era investir [inserir despesas públicas que se preferem, como o bem-estar do povo ou a educação]".
O objectivo não é poupar ou ganhar dinheiro - é redistribuir o dinheiro que já temos, sabemos ká como, de uma maneira mais justa, inteligente e favorável à causa de cada um. Assim, sabendo empregá-lo, contornamos o facto desse dinheiro não existir.
E  vamos-nos distraindo e defendendo, pensando que o problema é não sabermos gastar o melhor o dinheiro que não só não temos mas somos, cada vez mais, obrigados a comprar por um preço que não somos capazes de pagar" (meu negrito).

Notas de Paris (IV): Manet, inventeur du modern - Orsay


Uma exposição concorrida que reúne um vasto conjunto de obras de Edouard Manet, incluindo aquelas que serão as obras mais importantes deste autor do século XIX.

Oragnizada tematicamente, a exposição revela as diversas fases e influências que marcaram a obra de Manet, procurando salientar os seus pontos mais originais, entre os quais surge, com algum destaque, na exposição: os quadros com temas católicos entre os quais ressalta "Le Christ mort et les anges" onde além de dois anjos (demasiado) femininos sobressai, na parte inferior do quadro, a presença de uma serpente (em fuga ?) eterno símbolo do pecado original.

Uma parte significativa da exposição é dedicada ao seu período espanhol onde encontramos algumas das suas obras mais significativas como "Le Fifre" (acima) e "L'homme mort" e às suas obras onde retrata cenas do quotidiano burguês onde são notórias as influências de Renoir (por exemplo no quadro "Les bords de Sein à Argenteuil"), Degas ou Monet (por exemplo em "La Rue Mosnier aux Drapeaux"), fechando a exposição com um conjunto de quadros sobre temas políticos com destaque para um quadro representando a morte do imperador Maximiliano que nos recorda o célebre quadro de Goya .

A sensação com que se sai da exposição é de um pintor com uma obra eclética, mas que nunca rompeu com a pintura clássica e cuja obra não revela a originalidade no domínio da luz de Renoir ou Monet, nem a ousadia de Van Gogh ou, mais tarde, por exemplo, de Matisse. Um pintor com uma obra vasta e interessante, mas que será exagerado intitular de "inventor" do moderno.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Notas de Paris (III)

Os franceses, ou pelo menos a sua comunicacão social, continuam obcecados com o caso DSK, dissecando até à naúsea todos os detalhes do processo que conduziu à demissão do presidente do FMI, apenas interrrompido por outros três grandes temas da actualidade: o anúncio (pelo pai do Presidente na imprensa alemã mas ainda não confirmado oficialmente) de que Carla Bruni estará grávida, a estreia de um filme sobre Sarkozi e as declaracões polémicas de Lars von Trier que chocou os franceses ao afirmar que era nazi e que simpatizava um pouco com Hitler.

Sinais de decadência da França ? Não, a economia está a recuperar a um ritmo razoável: o crescimento económico nos últimos trimestres têm superado as estimativas, o desemprego tem vindo a recuar ligeiramente e existe uma clara sensacão de que a crise de 2008-2009 já ficou para trás. Diria mesmo que, face aos riscos para a recuperacão económica que vem do outro lado do Atlântico, das tensões no Norte de África e Médio Oriente, aos problemas da dívida dos países periféricos e do aumento da inflacão nos países emergentes, existe um mesmo excesso de despreocupacào e um optimismo (talvez) injustificado que é, de resto, partilhado pela maior parte dos meus colegas europeus.

Notas de Paris (II): Rembrandt et la figure de Christ - Louvre


Um conjunto de quadros e gravuras de Rembrandt e dos seus discípulos, mas também de outros autores com destaque para várias gravuras holandesas dos séculos XV e XVI, reunidos numa exposicão que nos transmite a imagem de Cristo segundo Rembrandt. Imagem que o pintor "construiu" com base nos tracos fisionómicos dos judeus holandeses e que nos aproxima de um Jesus autêntico que surge representado em cenários que nos reconduzem ao mundo das primeiras comunidades cristãs. Em que se sente a busca de Rembrandt do Cristo histórico movido por um desejo de regresso às raízes da cristandade e de proximidade a Cristo que constituem duas marcas características do protestantismo.

E que se traduzem num afastamento da tradicional pose majestática em favor da naturalidade, de tal modo que mesmo nos quadros em que Jesus surge iluminado (como sucede, por exemplo, num de Jesus com os os peregrinos de Emmaus) a luz parece natural. Um Cristo cuja humanidade é evidente num quadro que representa Jesus na cruz onde transparece o sofrimento físico no Seu rosto e que na exposicão contrasta com um também magnífico outro quadro de Jesus na cruz, de Jacob Backer, que nos apresenta um Jesus belo de proporcões clássicas.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Centros de decisão nacionais

Tenho, regra geral, umja posição muito descontraida relativamente às preocupações relativamente à preservacão dos chamados centros de decisão em "mãos nacionais". Acredito que os activos devem ser geridos por quem estiver em melhores condicões de os rentabilizar e preocupa-me mais a promiscuidade entre decisores políticos e económicos do que a nacionalidade dos detentores do capital das empresas.

Feito este intróito, temos assistido a crescentes notícias (ver aqui e aqui) que indicam que no seu esforço de recapitalizacão, os bancos nacionais poderão ser "forçados" a vender as participacões que detêm em várias empresas nacionais importantes ou (e.g., no caso do BCP), passarem eles próprios a ser controlados por accionistas estrangeiros.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Notas de Paris - L'affaire DSK

É impressionante a atencão que a comunicacão social francesa tem dado ao caso da detencão de Dominique Strauss-Kahn em Nova Iorque, que a imprensa e a televisão muitas vezes trata por DSK.

A sensacão geral parece ser de incredulidade e estupefacão perante as graves acusacões de que é alvo o ainda presidente do FMI, sobretudo, pelo facto de a juíza americana ter negado a saída sob caucão daquele que era apontado como o candidato do partido socialista francês às presidenciais e segundo muito, provavelmente, o próximo Presidente francês.

Neste contexto, tem sido referido que estes acontecimento podem acentuar a perda de influência da Europa no FMI, cujo presidente poderá pela primeira vez não ser um europeu, mas eventualmente um candidato dos países emergentes.

Sondagem para o Público e a TVI – Intercampus

A mais recente sondagem da Intercampus para o jornal Público e a TVI, realizada entre 11 e 15 de Maio, apresenta os seguintes resultados :

PSD : 36,1% (+2,2%)
PS : 35,4% (-1,4%)
CDS-PP : 12,6% (-0,8%)
CDU : 7,5% (+0,1%)
BE : 6,2% (+0,2%)
Outros : 2,2% (-0,2%)

Enquanto que o número de inquiridos que não sabem / não respondem / não votariam foi de 41,4%.

Relativamente aos resultados da sondagem anterior o aspecto mais saleinte é a subida do PSD e a queda quer do PS quer do CDS-PP que permitem ao PSD recuperar a lideranca com uma ligeira vantagem de apenas 0,7%. Outro ponto que merece destaque é a ligeira recuperacao dos partidos mais à esquerda.

Estes resultados parecem indicar uma relativa estabilizacão do eleitorado parecendo, pelo menos interrompida a tendência de queda do PSD e BE e de subida do PS e CDS. O que pode indicar que a margem adicional para a progressão do PS através do efeito de voto útil para a concentracão do voto de esquerda neste partido enquanto que à direita sugere que os apelos de Pedro Passos Coelho poderão estar a produzir algum efeito.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Haja limites

Como é possível que no Relatório do Orçamento do Estado para 2011 o Governo apresentou um cenário macroeconómico para 2011 (ver página 38) no qual - contrariando todas as previsões das organizações internacionais e do Banco de Portugal - previa um crescimento do PIB de 0,2%, no dia em que os dados do INE registam uma quebra de 0,7% no PIB nos primeiros três meses do ano relativamente ao trimestre anterior e relativamente ao primeiro trimestre de 2010 o primeiro ministro venha afirmar que o decréscimo do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre do ano, segundo dados do INE, está «em linha com as previsões do Governo" ?

domingo, 15 de maio de 2011

Um país impreparado

Portugal enfrenta hoje dois problemas. Em primeiro lugar, um problema de consolidação das finanças públicas que se traduz numa trajectória insustentável da dívida pública que tem vindo a crescer de forma assustadora e deverá ultrapassar os 100% do PIB já este ano e atingir os 107% do PIB no final de 2012. Em segundo lugar, um problema de competitividade económica que se traduz num défice externo corrente elevadíssimo que se reflecte num crescente endividamento face ao exterior e num desemprego demasiado elevado.

Perante este cenário, seria de esperar que o debate da pré-campanha se concentrasse: i) em saber no que nos conduziu a uma situação de ruptura financeira da qual a única saída é uma forte austeridade que se traduz numa profunda recessão económica, ao aumento do desemprego e sejamos absolutamente claros num  aumento das desigualdades sociais e ii) em debater as soluções para a presente solução.

Ora, o primeiro tema tem surgido apenas intermitentemente e de forma atabalhoada, sendo inexplicável como depois dos dados divulgados na sexta-feira sobre a situação económica que confirmam que Portugal já está em recessão económica desde o último trimestre de 2010, em contraciclo com o que se passa na Europa (à excepção da Grécia), o primeiro-ministro tenha a ousadia de afirmar que "Portugal distingue-se porque, no momento em que o país estava a dar combate a crise, houve quem somasse uma crise política à crise económica internacional, causando problemas ao país", sem que isso cause legítima indignação nacional perante a enormidade da afirmação.

O segundo tem estado praticamente ausente do debate. Aparentemente o país ou pensa que o país não tem solução e, portanto, o melhor será nem pensar muito no assunto ou confia, erradamente, que a solução dos problemas do país está contida no célebre memorando com a troika. Só isto justifica que, até agora, que eu tenha notado pouco ou nada se tenha debatido sobre a forma como vão ser cumpridas as metas que estão estabelecidas naquele acordo. É que não chega dizer que se vai "racionalizar" ou "reduzir as gorduras" do Estado convinha que dissessem em que áreas e como. É que lendo o memorando uma coisa que surpreende é que a generalidade das coisas que lá estão já tinha sido discutida, ou pelo menos aventada, não uma mas diversas vezes. Não foi por ausência de capacidade de diagnóstico dos problemas que chegamos aqui, mas sim por inércia e ausência de capacidade técnica e política para conceber e implementar as mudanças necessárias.

Uma inércia que se tem revelado particularmente no debate sobre a competitividade. Aparentemente todos os partidos concordam com o facto, aliás inegável, de que Portugal tem um problema de competitividade e que é preciso tomar medidas que resolvam esses problemas. Infelizmente, se lermos os programas eleitorais dos diversos partidos (um bom exemplo são as páginas 54 a 56 do programa eleitoral do PS) recheado de generalidades e frases bonitas em que pululam os verbos orientar, valorizar, promover e apoiar, mas qué é completamente inadequado para sequer contribuir de forma significativa para a resolução do problema.

O debate sobre a redução da taxa social única tem sido particularmente elucidativo da nossa incapacidade para encontrar soluções. Aparentemente, PSD, PS e CDS-PP concordam que a medida seria uma "boa ideia" não fosse o pequeno pormenor de, surpresa, ter custos financeiros (e eleitorais) e  em vez de discutir se os sacrifícios valeriam ou não a pena, depressa o debate "descambou" para uma tentativa de encontrar uma receita para fazer omoletes sem partir ovos.

sábado, 14 de maio de 2011

Vesperas op. 37 - Rachmaninov (A minha alma enaltece o Senhor)

Ler os outros: Assunto sério - Rui Ramos

Na sua crónica no jornal Expresso de hoje Rui Ramos chama a atenção para que "O acordo com o FMI e a UE não é um programa de governo: é um elenco de metas, nem sempre minucioso sobre os meios para lá chegar, como se tem visto com a polémica da taxa social única. Quem julga que o próximo governo não fará qualquer diferença, engana-se profundamente".

Acrescentando mais adiante que "Há anos que o voto em Portugal não era um acto de tanta responsabilidade. O país precisa de resolver se, com um governo estável e coerente, ainda quer fazer um esforço ou se prefere, prolongando a irresolução política em que temos vivido, resignar-se a esperar pela enxurrada que há de levar as últimas ilusões. A 5 de Junho, vamos descobrir o que somos e o que queremos ser. Há assunto mais sério ?".

Debates eleitorais (V): Pedro Passos Coelho e Paulo Portas

Foi um debate vivo entre dois aliados naturais que obviamente desejam e esperam governar em coligação após as eleições de 5 de Junho.

Um debate no qual Paulo Portas, revelando uma maior experiência e habilidade políticas, conseguiu manter o equilíbrio entre uma posição cordata e de convergência com o PSD nos temas essenciais, mas no qual ao foi ao mesmo tempo firme na resposta ao apelo de Pedro Passos Colho ao voto útil e capaz de fazer sobressair as diferenças entre os dois partidos seja através das sucessivas referências a temas que lhe são tradicionalmente caros como sejam a autoridade, a segurança e a agricultura, mas também a política do medicamento e dos cuidados paliativos, seja, sobretudo, aproveitando a questão que algo ingenuamente Pedro Passos Coelho lhe colocou directamente, acusando o PSD de ter estado demasiado colado ao Governo do PS, chegando mesmo a afirmar que serviu de muleta ao PS, a que Pedro Passos Coelho respondeu dizendo que "o PSD não é muleta de ninguém" e muito menos do Eng. José Sócrates,  recordando as responsabilidades que advêm de ser o amior partido da oposição. E não desperdiçando a oportunidade para considerar que o PP era um partido mais seguro e "estruturado".

Pelo contrário, condicionado pela forma como a pré-campanha eleitoral tem evoluído, Pedro Passos Coelho surgiu numa atitude muito mais defensiva procurando explicar a afirmação de que o programa do PSD vai além do acordo com a troika, afirmando-o como um programa mais audacioso que aposta no crescimento da economia, nas reformas estruturais e concentra a austeridade no aparelho de Estado. E, sobretudo, defender a proposta de redução da taxa social única como um elemento crítico para que a economia possa voltar a crescer, dizendo que a alternativa seria o corte de salários.

Mas, também aqui, Paulo Portas esteve bem na resposta, recusando a ideia do PS de descida gradual, explorando as contradições entre as sucessivas declarações do PSD sobre a matéria e afirmando que na carta que enviou à troika colocou uma reserva sobre esta medida precisamente por ter dúvidas relativamente ao respectivo financiamento. Como esteve igualmente bem quer quando à proposta do PSD de apenas admitir um funcionário público por cada cinco que saiam contrapôs a possibilidade de rescisões amigáveis com indemnizações atractivas, quer quando face às reticências do líder do PSD relativamente à conveniência de extinguir municípios defendeu que Portugal precisa de racionalizar concelhos e juntas de freguesia, quer, ainda, quando apresentou como alternativa à proposta do PSD de redução dos deputados para 181 (que prejudicaria os pequenos partidos) contrapôs a "solução" de redução para 115 eleitos proporcionalmente num círculo nacional.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sondagem para a TVI e o Público - Intercampus

A sondagem realizada pela Intercampus, nos dias 7 a 12 de Maio, para o Público e a TVI apresenta os seguintes resultados:

PS: 36,8% (+1,7%)
PSD: 33,9% (-2.3%)
CDS-PP: 13,4% (+2,5%)
CDU: 7,4% (-0,3%)
BE: 6,0% (-0,5%)
Outros: 2,4% (-1,2%)

De acordo com esta sondagem indica uma continuação da tendência para a descida do PSD e a subida do PS que ultrapassa os sociais-democratas nas intenções de voto com uma vantagem de 2,9 pp. A maior subida face a sondagem anterior é no entanto a do CDS-PP, enquanto que à esquerda quer CDU quer BE caem nas intenções de voto. Juntos PSD e CDS-PP obtêm 47,3%, enquanto que PS+CDU+BE registam 50,2%.

A percentagem dos entrevistados que indicou a opção “não sabe/não responde” ou disse que não votaria em nenhum partido desceu 1,7 pp (de 45,3% para 43,6%).

PS: Esta sondagem indica que o PS está a ganhar o voto útil à esquerda enquanto que à direita pelo contrário o PSD parece estar a perder cada vez mais votos para o CDS-PP.

Ler os outros: Maria João Marques no Insurgente

"Leio no DN «Segundo a maioria de juízes, os actos sexuais dados como provados no julgamento de primeira instância não foram suficientemente violentos. Agarrar a cabeça (ou os cabelos) de uma mulher, obrigando-a a fazer sexo oral e empurrá-la contra um sofá para realizar a cópula não constituíram actos susceptíveis de ser enquadrados como violentos» e, não sendo dia das mentiras, nem sei que fazer com a perplexidade.

(...)

O facto é que sentenças absurdas são inúmeras, sobretudo em casos que envolvam menores ou mulheres violadas. Foi o que reduziu a pena a um violador de um rapaz de treze anos porque este teve uma erecção durante a violação. Foi o juiz que mandou para a Rússia com uma mãe alcoólica uma criança que nem russo falava ou entendia, tudo porque a senhora que sempre cuidou da criança o irritava. São os vários casos em que apesar de todas as evidências de violações ou abusos sexuais os molestadores e violadores são objectivamente favorecidos nos tribunais. E é agora uma mulher grávida que foi violada mas em que é indiferente o seu consentimento na relação sexual, uma vez que o violador se calhar até nem lhe provocou nenhuma nódoa negra.

Eu não sei que raio de formação têm os juízes, mas nenhuma reforma da Justiça produzirá Justiça enquanto se mantiver gente como esta a proferir sentenças."

Ver texto completo aqui.

Debates eleitorais (IV): Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa

Um debate em que os dois candidatos respeitaram escrupulosamente o seu pacto de não-agressão, esbatendo as diferenças entre os dois partidos ao ponto de aparentemente apenas se distinguirem quanto à visão da Europa – em que a posição “patriótica” do PCP se afasta da posição “europeísta” do BE, assumindo ambos com principais bandeiras os direitos dos trabalhadores e a defesa dos mais desprotegidos e convergindo nos temas fundamentais na actual situação política e económica partilhando a posição de recusa da austeridade “imposta” pelo programa de ajustamento e – com ligeiras nuances – de ideia de renegociação da dívida.

Neste contexto ambos aproveitaram o “tempo de antena” para dirigir as suas mensagens aos respectivos eleitorados, convencer os indecisos e – de forma mais evidente no discurso de Francisco Louça – captar os eleitores descontentes do PS, acentuando as suas críticas à actuação do Governo e às medidas propostas pelas duas troikas – UE/FMI/BCE e PS/PSD/CDS.
Outro ponto em que ambos convergiram foi na oposição à proposta de redução da TSU, tema introduzido, logo no início do debate, por Francisco Louça que aproveitou a oportunidade para “prolongar” o seu debate da véspera acusando o PS de não querer dizer quais os impostos que irá subir para compensar a descida das contribuições sociais a cargo da entidade patronal.
Um ponto que, pessoalmente, achei particularmente interessante foi aquele em que o líder do BE explanou a sua visão política estratégica de construção de uma “grande esquerda” que reúna o BE, a ala esquerda do PS e o PCP num futuro governo de que a convergência entre PCP e BE poderá ser um embrião.

Ler os outros: A campanha do ruído – Helena Garrido

Num editorial no Jornal de Negócios Helena Garrido escreveu:

(…) o partido que mais tem marcado o tom ruidoso e opaco deste início de campanha eleitoral é o PS. Sem outras propostas que não sejam mais do mesmo (como a aposta nas renováveis - que nos está a sair caríssima -, que, quem sabe um dia, serão viáveis), os socialistas ocupam o resto do tempo a perseguir as propostas dos outros, com marcação cerrada do PSD.
(…)
O caso da Taxa Social Única é um bom exemplo de desinformação.
Comecemos pelos factos.
Os dois documentos assinados que concretizam o acordo entre o PS, PSD e CDS/PP e a União Europeia e o FMI consagram como objectivo a redução do custo do trabalho e o aumento da competitividade. O Memorando de Entendimento diz logo na primeira página, relativa à política orçamental para 2012, que o Orçamento do Estado do próximo ano «incluirá um reajustamento neutral do sistema fiscal», tendo em vista esse objectivo. E estabelece o próximo mês de Outubro como data para a apresentação da proposta.
Mais pormenorizado, o Memorando para as Políticas Económicas e Financeiras consagra que o aumento da competitividade vai envolver «uma redução significativa das contribuições para a Segurança Social suportada pelo empregador». As medidas para anular a redução da receita, afirma-se no documento, «podem incluir alterações na estrutura e nas taxas do IVA, cortes adicionais e permanentes nas despesas e subidas de outros impostos que não tenham efeitos adversos na competitividade».
E foi exactamente o que se acabou de ler que foi assinado pelos três partidos. Todos concordaram em baixar as contribuições para a segurança social, compensando a quebra de receitas com aumento de impostos ou redução de despesas. E todos se comprometeram a fazer isso já com efeitos em 2012. Para se ser ainda mais claro: no próximo ano, as contribuições para a segurança social pagas pelos empregadores serão mais baixas e isso terá de ser compensado com mais impostos ou menos gastos.
Como a subida de impostos, com especial relevo para o IVA, tem efeitos mais rápidos e seguros do que os cortes de despesa pública, devemos todos estar preparados para um aumento da carga fiscal.
O PSD tem sido mais claro do que o PS. Clarificou ontem que vai reestruturar o IVA, significando que alguns produtos de taxa reduzida ou intermédia vão passar para a taxa máxima. Evitou dizer a verdade dura e crua: a carga fiscal vai aumentar. Quem nada diz é o PS.
No mundo ideal, PS e PSD estariam já a preparar os portugueses para os tempos extremamente difíceis que vão viver, para que todos se começassem a prevenir. Em vez disso, ouvimos apenas ruído. Que só não é desinformação total porque o PSD se aproxima do que vai ser a realidade. Faltam menos de quatro semanas para a campanha eleitoral acabar. A realidade cairá em cima de nós sem dó nem piedade, em Junho.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Debates eleitorais (III): José Sócrates e Francisco Louçã

Um debate vivo dominado pelos temas da descida da taxa social única e da reestruturação da dívida e que teve duas partes.

Numa primeira parte do debate, José  Sócrates pareceu claramente surpreendido, e até incomodado, com a referência de Louçã ao compromisso assumido pelo Governo no acordo com a troika relativamente a uma "grande redução" da taxa social única (TSU) que forçou José Sócrates a ir sucessivamente "afinando" a sua posição até reconhecer a possibilidade de um ajustamento gradual e a defender-se dizendo que uma "grande redução" poderá ser um ponto percentual. Nesta parte, Louçã marcou ainda pontos quando destacou as medidas de austeridade (congelamento das pensões, redução dos salários dos funcionários públicos, corets das prestações sociais) tomadas pelo Governo socialista e o aumento do desemprego, e, em especial, quando recordou os cortes nas deduções de IRS que Sócrates aquando tinha dito constituirem um ataque à classe média e quando assinalou que de acordo com as projecções do FMI, Portugal deverá ser o único país da Europa em recessão no próximo anos, a que José Sócrates não conseguiu responder de forma convincente.

Já na discussão sobre a reestruturação da dívida foi Francisco Louçã quem, algo surpreendentemente, revelou dificuldades em defender esta hipótese que José Sócrates recusou terminantemente referindo que a mesma conduziria a falências, desemprego e miséria e, citando a moção estratégica que Louçã apresentou na recente Convenção do BE de que leu a frase de que "O problema de Portugal é a sua burguesia", defendeu que a reestruturação é um eufemismo para "não pagar", traçando a imagem do BE como um partido "radical" e "irresponsável", cujo programa fundamental assenta nas nacionalizações e em não pagar a dívida, acusando-o de, através da moção de censura e da votação contra o PEC IV, ajudar a direita.

PS: Texto reconstruído a partir de notas após o desaparecimento do texto original.

Sondagem Marktest para a TSF e Diário Económico

De acordo com a sondagem da Marktest realizada nos dias 9 e 10 de Maio para a TSF e o Diário Económico as projecções de voto são:

PSD: 39,7% (+4,4)
PS: 33,4% (-2,7)
CDS-PP: 9,0% (+0,9)
CDU: 6,5% (-1,6)
BE: 4,8% (-1,2)

De acordo com estes resultados o PSD não só regista uma subida muito significativa que o coloca muito perto dos 40% como recupera a liderança com uma vantagem superior a 6 pontos percentuais face ao PS que recua 2,7 pp. Enquanto nos restantes partidos os aspectos mais salientes são a confirmação das tendências de subida do CDS-PP e de queda do BE.

A subida das internções de voto quer do PSD quer do CDS-PP coloca estes partidos com intenções globais de voto de 48,7% conferindo-lhes uma vantagem de 4 pontos percentuais face ao somatório de PS+CDU+BE que seria suficiente para obter uma maioria absoluta dos dois partidos de direita.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Piotr Anderszewski - Gulbenkian - 8 de Maio

Um programa entre o barroco e o romantismo com Bach, Schumann e 3 mazurkas de Chopin, no qual sobressaiu o virtuosismo da execução da suite inglesa n.º 6 de Bach (de que deixo em baixo um trecho interpretado por Glenn Gould) com que fechou o programa granjearam merecidos aplausos que o pianista retribuiu com 4 encores em que tocou peças de Schumann.

A máquina de comunicação artesanal do PSD

Na sua entrevista ao jornal Público de hoje, Eduardo Catroga refere que "José Sócrates, honra lhe seja feita, é um grande actor, um mentiroso compulsivo, que vive num mundo virtual em que só ele tem razão. Tem uma máquina de propaganda montada há seis anos, poderosa. E o PSD tem uma máquina artesanal no campo da comunicação".

Demonstrando esta afirmação, no contexto da entrevista - aliás, no geral, bastante interessante - interrogado sobre se seria suficiente o rearranjo dos escalões do IVA para compensar a perda de receita da TSU, o Professor Eduardo Catroga, contrastando com as declarações proferidas ontem por Pedro Passos Coelho reputando como "absolutamente falso" que o PSD quisesse acabar com a taxa intermédia do IVA, ao dizer que "O ideal era fazer one shot [de uma só vez], mas as restrições actuais não o permitem. Vamos discutir isso tecnicamente, mas há um potencial: a taxa intermédia do IVA (...) A taxa intermédia serve para quê ? Há aqui um grande potencial de aumento de receita".

O que constitui um forte "tiro no pé" e que, inclusivé, pode lamentavelmente contribuir para desacreditar politicamente uma ideia tecnicamente válida e que pode efectivamente contribuir para uma recuperação da competitividade da economia portuguesa num contexto em que dispomos de poucos instrumentos com esse potencial.

Debates eleitorais (II): Pedro Passos Coelho e Jerónimo de Sousa

Um debate calmo em que os dois candidatos, conscientes de que disputam públicos-alvo completamente distintos, evitaram o confronto directo optando, mais Pedro Passos Coelho do que Jerónimo de Sousa, por assentar as suas baterias sobre o PS. Um debate no qual o líder do PCP esteve igual a si mesmo: marcando pontos junto do seu eleitorado quando se referiu às dificuldades do povo português ou quando apontou a  convergência de programas dos partidos do arco da governação, e em especial entre o PS e o PSD, mantendo-se fiel à posição tradicional do seu partido na oposição a quaisquer privatizações e nas críticas à banca e aos grandes grupos económicos, mas em que pareceu inseguro e pouco consistente nos temas económicos e inconsequente na sua proposta de reestruturação da dívida, que nãpo foi capaz de sustentar consistentemente.

Por seu lado, Pedro Passos Coelho aproveitou, bem, o início do debate para fazer uma declaração contra o que classificou de "terrorismo político" do partido socialista, revelando em vários momentos do debate a preocupação de contrariar as acusações absurdas de que depende destrutir o Estado social e referindo a necessidade de garantir a sustentabilidade financeria e evitar uma reestruturação. Igualmente importante, julgo que Pedro Passos Coelho conseguiu transmitir a imagem de um candidato bastante bem preparado, sobretudo nos temas económicos, revelando vontade de expor e explicar as suas posições e uma capacidade para responder às questões que iam surgindo do debate, sempre num estilo sereno e pedagógico que sinceramente apreciei, respondendo de forma correcta e capaz às questões sobre a evolução das sondagens e o eventual convite a Eduardo Catroga para a pasta das Finanças.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Cenários pós eleitorais

Mais do que uma aposta declarada na dramatização, a posição do líder do PSD de recusar uma coligação eleitoral com o PS afigura-se-me não só compreensível como coerente. Pedro Passos Coelho tem sistematicamente afirmado que não ambiciona o poder pelo poder e revelado que apenas aceita participar num Governo que tenha condições para implementar o programa que considera necessário para mudar o país.

Perante esta posição do PSD, por muito que preferisse reservar prudentemente a sua posição, Paulo Portas não tinha condições políticas para tomar outra posição que não fosse a de uma recusa clara de um cenário de coligação com o PS - o que fez habilmente justificando a sua posição.

O que, mantendo-se estas posições, afasta qualquer hipótese de solução de "bloco central" ou de "grande coligação", e significa que no caso de PSD e CDS-PP conseguirem obter uma maioria absoluta teremos um Governo PSD+CDS-PP, com o PS a juntar-se aos restantes partidos de esquerda na oposição.

A grande questão que estas posições colocam prendem-se no entanto com o que sucederá no cenário eventual em que PSD+CDS não consigam obter a desejada maioria absoluta. Estará Pedro Passos Coelho a pensar em apresentar ao Presidente da República  um Governo minoritário ou, no caso de ser o PS o vencedor, recusar uma coligação com o PS ? Hipóteses que certamente desagradariam quer ao Presidente da República quer à troika.

Debate entre José Sócrates e Paulo Portas

Um debate vivo, e sem grandes novidades, em que Paulo Portas insistiu na responsabilidade do Governo do PS na situação actual, apontando o aumento do endividamente e do desemprego ocorrido nos últimos anos, e nas contradições do actual primeiro-ministro relativamente ao pedido de assistência externa, a que este respondeu recordando os efeitos da crise internacional, culpando a crise política provocada pelo chumbo do PEC IV, cujas medidas o CDS agora aceitou no acordo com a troika, e aproveitando o facto de o CDS ainda não ter apresentado o seu programa eleitoral para fazer um pequeno número obviamente preparado que não terá surtido o efeito desejado.

Do ponto de vista político o principal destaque, apesar de não ser propriamente uma novidade e muito menos uma surpresa, será a recusa categórica do líder do CDS em participar numa aliança pós-eleitoral com o PS.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sondagem para o Público / TVI - Intercampus

A sondagem realizada pela Intercampus, nos dias 4 a 8 de Maio, para o Público e a TVI apresenta os seguintes resultados:

PSD: 36,2% (-0,8%)
PS: 35,1% (+0,3%)
CDS-PP: 10,9% (+0,4%)
CDU: 7,7% (-0,2%)
BE: 6,5% (-0,5%)
Outros: 3,6% (+0,8%)

De acordo com esta sondagem indica uma continuação da tendência para um estreitar da diferença entre  PSD e PS para uns meros 1,1%, resultado quer de um ligeiro aumento das intenções de voto no PS quer, sobretudo da descida das intenções de voto no PSD que a subida do CDS não chega para compensar e que portanto se traduz numa menor percentagem global dos partidos de direita que em conjunto obtém apenas 47,1% face a 49,3% para PS+CDU+BE.

Quase metade dos entrevistados 45,3% (-0,9%) indicou a opção “não sabe/não responde” ou disse que não votaria em nenhum partido.

Ler os outros: Wolfgang Munchau no Financial Times

"The political reason this crisis goes from bad to worse is an unresolved collective action problem. Both sides are at fault. The tight-fisted, economically illiterate northern parliamentarian is as much to blame as the southern prime minister who cares only about his own backyard. The Greek government played it relatively straight but Portugal’s crisis management has been, and remains, appalling.

José Sócrates, prime minister, has chosen to delay applying for a financial rescue package until the last minute. His announcement last week was a tragi-comic highlight of the crisis. With the country on the brink of financial extinction, he gloated on national television that he had secured a better deal than Ireland and Greece. In addition, he claimed the agreement would not cause much pain. When the details emerged a few days later, we could see that none of this was true. The package contains savage spending cuts, freezes in public sector wages and pensions, tax rises and a forecast of two years’ deep recession.

You cannot run a monetary union with the likes of Mr Sócrates, or with finance ministers who spread rumours about a break-up. Europe’s political elites are afraid to tell a truth that economic historians have known forever: that a monetary union without a political union is simply not viable. This is not a debt crisis. This is a political crisis. The eurozone will soon face the choice between an unimaginable step forward to political union or an equally unimaginable step back. We know Mr Schäuble has contemplated, and rejected, the latter. We also know that he prefers the former. It is time to say so."

Via Cachimbo de Magritte.

A convenção da esquerda da retórica

O discurso de Francisco Louçã no encerramento da Convenção confirmou que o líder do BE é um excelente orador que sabe como construir e dizer um discurso.

Mas ilustra também a opção do BE de recusar liminarmente qualquer coligação com o PS, demitindo-se de tentar sequer disfarçar uma disponibilidade para fazer parte de uma eventual solução governativa à esquerda, apostando, ao invés, na sua afirmação como um partido do "descontentamento" e no apelo a uma aliança entre a esquerda radical e a "esquerda romântica" que tem tando de sedutor como de desligado da realidade e de impraticável. Uma estratégia que significa o assumir o risco de perda de votos nas próximas eleições à custa do voto útil do PS - uma boa notícia para o PS -, esperando daí recolher dividendos no futuro.

Um discurso recheado de frases de pura demagogia (e que nem sequer fazem sentido) como as "empolgantes" propostas de "auditoria à dívida pública e privada", de "resgate da dívida para proteger a economia" ou o apelo a um "governo que vença a troika", que demonstra a natureza do BE, como partido demagógico e populista de esquerda.

Um partido que mesmo quando aborda temas pertinentes como o papel do Estado na economia, a discutível nacionalização de monopólios naturais, o modelo das parceiras público-privadas, as deficiências na regulação do sector financeiro, o combate contra a corrupção ou a justiça do sistema fiscal não consegue evitar que as propostas concretas sucumbam às "tiradas de belo efeito".

domingo, 8 de maio de 2011

L'Age des Tenebres (A Era da Inocência) - Denys Arcand


Um filme do realizador canadiano que faz parte da triologia que integra o Declinio do Império Americano e de Invasões Barbaras, que é um filme sobre a (ausência) de sentido da vida moderna.

O filme desenrola-se interiamente em torno da personagem principal Jean-Marc LeBlanc (o anti-herói do filme representado de forma convincente e tocante por Marc Labrèche), pequeno funcionário público instalado num estádio pelo qual vão passando pessoas com casos para os quais nunca há solução e que constituem uma crítica feroz ao kafkiano sistema administrativo, judiciário e social do Canadá - como a de um homem que perdeu as duas pernas num atropelamento, mas que mesmo assim terá que pagar metade do poste danificado no acidente -, dominado pelo politicamente correcto - parodiado na cena em que uma funcionária explica que a "negro" tinha passado a ser uma "não-palavra" -, a que não escapam os exageros do feminismo, do sindicalismos, das regras anti-tabágicas e as tendências securitárias.

"Preso" neste emprego misérável, numa vida "confortável" nos subírbios e num casamento com uma vendedora imobiliária workacholic bem "sucedida" em que não existe comunicação, com duas filhas adolescentes alienadas - viciadas nos telemóveis e ipods que nunca largam - com a mãe gravemente doente no hospital - pretexto para algumas cenas que nos recordam o filme Invasões Barbaras -, o nosso anti-herói encontra o seu escape deste mundo deprimente nos sonhos - a dormir e acordado - vivendo num mundo de fantasia em que vai surgindo como alguém - um escritor, actor ou político - bem sucedido, famoso e rodeado de belas mulheres, em cuja relação imaginada mais do que o sexo assume importância o poder e a capacidade de atrair a atenção.

Um mundo de fantasia do qual apenas se vai afastanado após dois choques. Primeiro. a saida de casa da mulher - que apesar da sua insatisfação com o casamento o deixa numa situação paradoxal de desconforto -  após o que conhece uma mulher ainda mais alienada da realidade do que ele que julga ser Beatrice de Sabóia com quem durante algum tempo vive "une folie à deux" como personagens de um mundo medieval. E, segundo, a morte da mãe e o seu retiro para uma casa à beira mar onde viviam os seus pais onde se despede das suas mulheres-fantasia e se dedica a uma vida simples junto dos vizinhos, com os quais pesca e cultiva o campo. Com o qual o realizador nos sugere a espécie de regressão ao passado, de retiro espiritual como a (única ?) forma de mantermos a sanidade mental num mundo neurótico de seres condenados à infelicidade e a uma existência sem sentido em que se esbatem e afogam a sua humanidade.

sábado, 7 de maio de 2011

Ler os outros: No se puede vivir sin amar ? - Ana Cristina Leonardo

"Apesar do casamento real, o romantismo já conheceu dias melhores. E não será preciso recorrer ao Romeu e Julieta ou ao desgraçado do Werther para perceber que já (quase) ninguém morre de amores. No facebook, esse barómetro contemporâneo do comportamento das massas (como antigamente se dizia), as pessoas deixaram de estar apaixonadas por (apesar da quantidade de casamentos desfeitos pelas facadinhas online) para passarem a estar… numa relação com."

Continua aqui.

Sonata n.º 4 - Beethoven



Aqui numa excelente interpretação de Daniel Barenboim.

As eleições no Reino Unido

Como se antecipava a proposta de alteração do sistema eleitoral do Reino Unido visando a adopção do "voto alternativo" foi derrotada no referendo de 5.ª feira por uns expressivos 67,9% de votos contra. O que constitui uma clara derrota para os liberais-democratas que também registaram maus resultados nas eleições locais, colocando a actual liderança do partido, que forma Governo com o Partido Conservador, em dificuldades.

No entanto, o facto mais relevante terá sido a subida da votação do Partido Nacional Escocês nas eleições para o Parlamento da Escócia que lhe permitiu obter uma vitória com a maioria absoluta dos mandatos e que de acordo com os analistas poderá abrir o caminho para um referendo sobre a independência da Escócia.

Sondagem para o Público / TVI - Intercampus

A sondagem realizada pela Intercampus, nos dias 3 a 5 de Maio, para o Público e a TVI apresenta os seguintes resultados:

PSD: 37,0%
PS: 34,8%
CDS-PP: 10,5%
CDU: 7,9%
BE: 7,0%
Outros: 2,8%

Esta sondagem que tem a curiosidade de ter sido a primeira (parcialmente) realizada após a comunicação do primeiro-ministro sobre o acordo com a Comissão Europeia, FMI e BCE que indica uma ligeira vantagem (2,2%) do PSD  face ao PS e confirma as indicações anteriores que apontam para o CDS-PP como terceiro partido mais votado. Juntos PSD e CDS-PP obtém 47,5% das intenções de voto, contra 49,7% do PS+CDU+BE, o que de acordo com a notícia seria suficiente para uma maioria parlamentar de "direita".

De salientar que quase metade dos entrevistados (46,2%) indicou a opção “não sabe/não responde” ou disse que não votaria em nenhum partido.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Momento de Humor: Conferência de imprensa de Sócrates - Gato Fedorento

Esta semana recordei várias vezes este sketch:

Sondagem para a RTP / DN / JN / Antena 1 - CESOP - Univ. Católica

A sondagem da Universidade Católica para a RTP, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Antena 1 aponta para os seguintes resultados:

PS: 36% (+ 3%)
PSD: 34% (-5%)
CDS: 10% (+3%)
CDU: 9% (+1%)
BE: 5% (-1%)

De acordo com estes resultados PSD+CDS teriam apenas 44% enquanto PS+CDU+BE obteriam 50% o que coloca PSD e CDS muito longe de umaabaixo do necessário para uma maioria absoluta.

PS: Corrigido após ler este post no Margens de Erro.

Sondagem para o Correio da Manhã - Aximage

Outra sondagem divulgada foi a realizada pela Aximage entre os dias 29 de Abril e 2 de Maio de Maio e que apresenta para os seguintes resultados:

PSD: 31,5% (-3,3%)
PS: 28,3% (-0,1%)
CDS-PP: 11,2% (+0,4%)
CDU: 9,3% (+0,8%)
BE: 7,7% (+1,2%)

Comparativamente aos resultados da Eurosondagem, apesar de quer PS quer PSD apresentarem percentagens inferiores, curiosamente a vantagem do PSD face ao PS (3,2%) é quase idêntica, bem como a percentagem indicada para o CDS-PP, indicando contudo uma votação mais elevada na CDU e do BE que é suficiente para uma vantagem significativa de PS+CDU+BE (45,3%) face a PSD+CDS (42,7%), o que apontaria para a "inevitabilidade" de uma solução de entendimento entre PS e PSD.

Nesta sondagem o número de indecisos é de 7,1%, existindo ainda 4,9% dos inquiridos que votariam noutro partido, branco ou nulo.

PS: Entre parentesis a diferença face à sondagem anterior (ver aqui).

PS2: Com redistribuição de indecisos (ver aqui) os resultados serão:
PSD: 33,9% (-2,9)
PS: 30,5% (+0,4)
CDS-PP: 12,1% (+0,7)
CDU: 10,0% (+1,0)
BE: 8,3% (+1,4)
OBN: 5,3% (-0,5)

Sondagem para o Expresso, SIC e RR - Eurosondagem

Realizada entre os dis 28 de Abril e 3 de Maio esta sondagem aponta para os seguintes resultados:

PSD: 35,8% (-0,5%)
PS: 32,5% (-0,2%)
CDS-PP: 11,1% (-0,2%)
CDU: 7,7% (-0,1%)
BE: 6,6% (-0,3%)

Indicando que neste momento a vantagem do PSD face ao PS se situaria nos 3,3%, o que representa uma pequana descida face ao resultado anterior, verificando-se um empate técnico entre PSD+CDS (46,9%) e os partidos à sua "esquerda" (46,8%), o que, no entanto, seria provavelmente suficiente para permitir uma maioria absoluta de PSD+CDS-PP, embora por uma margem muito escassa.

Curioso notar o facto de todos os partidos terem descido e de a soma das suas percentagens ser de 93,7% o que indica uma percentagem elevada de intenções nos outros partidos, brancos ou nulos. Sendo ainda de salientar que 21,9% do total de inquiridos não responderam ou não sabem em quem irão votar (ver aqui).

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ler os outros: Um relatório sobre as eleições de 5 de Junho - Pedro Magalhães

Pedro Magalhães publicou no The Monkey Cage uma excelente análise em que procura explicar a tendência recente dos resultados das sondagens nos últimos meses, e em especial a resistência das intenções de voto no PS apesar da evolução muito negativa da situação económica e financeira do país que, inclusivé, determinou a inevitabilidade de apelo ao auxílio externo, no qual contrapõe às explicações fundadas na iraacionalidade dos eleitores e no alegado controle e manipulação dos meios de comunicação pelo Governo outras explicações: i) a falta de clareza sobre as responsabilidades sobre a situação, com os eleitores a terem dificuldades em distinguir a influência dos diversos factores (e.g., crise económica e financeira internacional, contágio da crise da Grécia, desregulação dos mercados financeiros, actuação "injusta" das agências de rating ou a crise política provocada pela votação do designado PEC IV); e ii) a vantagem do PS entre os eleitores que manifestam uma  preferência dos eleitores partidária e segunda o posicionamento do PS mais próximo das preferências do votante mediano, surgindo assim o PS como um partido centrista, enquanto que o PSD é visto pelo eleitorado como um partido de direita, o que diversas iniciativas da actual liderança - nomeadamente a discussão sobre a revisão constitucional - e algumas propostas associadas a "círculos do PSD" em matéria de prestações sociais, privatzizações, serviços de saúde e educação têm contribuído para agravar.